Gwyneth Paltrow já não era vegetariana há um tempo. Notícias recente mostram-na comendo ou confessando comer carne branca e fazendo propaganda de produtos baseados em peixes mortos. O que aconteceu foi que ela voltou a comer também carne vermelha.
Pouco depois de seu ex-marido Chris Martin, vocalista do Coldplay, ter voltado a comer carne de animais que ele “poderia matar”, a atriz Gwyneth Paltrow revelou à mídia mais uma vez que, ao contrário do que muitos pensam, já faz um tempo que ela não é vegetariana. Segundo o site Gossip Center noticiou, ela postou no último dia 3, no seu site Goop, um guia com os melhores caminhões-lanchonetes de Los Angeles, incluindo nele fotos de diversos pratos ricos em carnes de diversos animais, queijo e outros componentes de origem animal. E colocou a cereja no bolo divulgando uma foto dela mesma comendo um hambúrguer “bad ass” (“da pesada”, em português).
Com mais essa revelação de que não recusa nem mesmo a carne em sua alimentação, ela desmoralizou as entidades e pessoas que “divulgam” o veganismo (e o vegetarianismo) exibindo listas de “vegetarianos e veganos famosos”. Provou que não é uma boa ideia dizer que “Fulana famosa é vegana, logo você deveria se inspirar nela e se tornar vegana também”.
Paltrow tem um histórico de relação duas-caras com os animais não humanos. Desde pelo menos 2008, oscila muito entre dois polos: o de cumplicidade para com a exploração animal, com o uso de casacos de pele e o preparo de pratos como carne de frango, e o de ações beneficentes “pelos animais” e pelo vegetarianismo. Mas as ações dela “em prol dos animais” foram o suficiente para conquistar o ingênuo apoio de entidades “animalistas” de conduta e ideologia questionáveis, como a PETA e a bem-estarista RSPCA (Sociedade Real pela Prevenção da Crueldade contra Animais, sediada na Grã-Bretanha).
Ou seja, o “respeito aos animais” expressado por ela era tão fraco, contraditório e parcial que sempre foi improvável que ela considerasse o veganismo, a postura de se opor à exploração animal. Mas parte da mídia anglófona a considerava “vegana” e “engajada” – considerando-se que há uma enorme confusão, em países de língua inglesa, entre veganismo e vegetarianismo estrito, ao ponto que uma pessoa que adere à dieta vegetariana estrita por saúde é descrita pela imprensa como “adepta da filosofia de vida do veganismo”.
As revelações da verdade sobre a alimentação de Gwyneth Paltrow é um enorme revés para quem insiste em tentar fazerem pessoas aderirem ao veganismo e ao respeito pelos animais por inspiração em gente famosa e só agora descobriu que ela não é vegetariana. Revela que as tão propagadas listas de “vegetarianos e veganos famosos” são muito instáveis, ganhando e também perdendo integrantes praticamente a cada semana e, por isso, não são um bom recurso de divulgação do veganismo. Mostra também que famosos aderem ao vegetarianismo, estrito ou não, por razões diversas – saúde, emagrecimento, limpeza de consciência, influência de pessoas próximas etc. -, sendo só em alguns casos por ética de respeito aos animais não humanos.
E também convida muitos veganos a repensarem e amadurecerem sua militância, para que abandonem o apelo ao seguimento de exemplos célebres e passem a divulgar a legítima razão de se aderir ao veganismo – a ética abolicionista, a libertação animal, a atitude de mudar do mero estilo de vida de não agressão para o ativismo pela abolição da escravidão animal.
Fonte: Veganagente