Lucas Demarco estava conduzindo cinco turistas pelo Complexo do Rio Caldeiras, na Chapada dos Veadeiros, quando ouviu um som diferente. Seguindo o ruído, o guia turístico avistou um filhote de cachorro-vinagre sendo levado pelas águas do rio.
“Eu não pensei duas vezes, fui lá e peguei ele de dentro do rio. Em uma parte seca do outro lado do rio, eu ouvi sons de outros possíveis filhotes e o da mãe. Então soltei ele e pensei…’a mãe deve fazer o resgate’, então vou ficar aqui um pouquinho observando”, conta Lucas.
Após soltar o filhote próximo ao local onde ouviu outros cachorros-vinagre, a fêmea adulta se aproximou para tentar resgatá-lo.
“Dá pra ver no vídeo que ela tá bem acuada, eu até dou uma aproximadinha assim, um passo pra frente e ela vai na tentativa de pegar ele só que, quando ela percebe a minha presença, ela solta ele. Mas ela não desiste, ela vê que eu fiquei quieto e que talvez não ofereça ameaça, vai de novo, dá uma abocanhada nele e leva”, relembra o guia.
A espécie
De acordo com informações da ONG Onçafari, o cachorro-vinagre ocorre desde o Panamá até o sul do Brasil. Está presente nos biomas Amazônia, Mata Atlântica, Cerrado e Pantanal, porém, recentemente, foi registrado na Caatinga, fora da área de ocorrência histórica da espécie.
Vivem em bandos de 2 a 12 indivíduos. Possuem uma coloração castanho-avermelhada, e seus filhotes nascem acinzentados. Têm corpo comprido, orelhas arredondadas e pernas curtas, com membranas entre seus dedos, facilitando a locomoção na água.
Carnívoros, os cachorros-vinagre caçam, na maior parte das vezes, tatus e grandes roedores, como pacas e cutias. Também se alimentam de ratos, coelhos, gambás, quatis, lagartos teiú, cobras e aves terrestres. Ao caçar em bandos, conseguem matar presas maiores, como capivaras, emas, veados e catetos.
A espécie se reproduz o ano todo, com macho e fêmea se separando do grupo nesse período. A gestação varia de dois a três meses, podendo nascer entre um e seis filhotes. O macho auxilia a fêmea durante toda a fase de cuidado parental.
É considerada como Quase Ameaçada (NT) de acordo com a IUCN. Porém, no Brasil, a espécie é considerada Vulnerável (VU) pela lista nacional do ICMBio.
Fonte: g1