Um “Protesto Anti-Touradas” vai ser realizado na freguesia de Abiúl, concelho de Pombal, em Portugal, no sábado e no domingo, às horas a que se iniciam duas corridas de touros na mais praça do país.
Em documento enviado à redação da 97 fm, Ana Rosa, da Comissão Organizadora do Protesto, diz que “as touradas de Abiúl são um grande acontecimento nesta zona, convidando grande parte da população local e não só, a assistir a tal evento. Ao crescermos neste ambiente, fomo-nos apercebendo, antes de mais, de que as touradas são uma prática medieval, cruel e insensata, visto que os animais são usados como meros objectos de um sádico entretenimento que lhes causa dor, pânico e sofrimento”. Por outro lado, “apercebemo-nos, também, de que a maioria do público de touradas assiste a esta prática com alguma indiferença, sem se questionar nem refletir sobre ela”.
Ao ter conhecimento de que, este ano, serão realizadas corridas de touros num local tão próximo, a referida Comissão decidiu “que era altura de dar a conhecer o lado negativo das touradas, de modo a sensibilizar os aficionados”. Porém, ao contrário do que se possa pensar, “não é um protesto ofensivo em que aficionados estarão de um lado e anti-touradas do outro. Precisamente pelo contrário, queremos apenas justificar a nossa presença, conversando com os presentes”.
Segundo os autores do documento, “pôr fim às touradas representará um avanço civilizacional em que o ser humano reconhece o animal, respeita-o e deixa de olhá-lo enquanto objecto servil ou de diversão. E é precisamente esse o nosso propósito”. Esperam, por isso, que, pouco a pouco, “as pessoas compreendam que as corridas de touros são uma prática bárbara, amoral e anti-ética que desrespeita o valor da vida”.
Considerando que apenas uma minoria da população portuguesa é a favor de touradas, (segundo um estudo realizado em 2007 pelo Centro de Investigação e Estudos de Sociologia do ISCTE), a Comissão acredita que “chegando directamente a essas pessoas e conquistando o seu apoio, conseguiremos ficar mais próximos da erradicação desta prática”.
Contudo, os “protestantes” assumem-se realistas e sabedores de que vão lidar com “fortes aficionados, que se aprisionam no falacioso fundamento da ‘tradição’”. No entanto, apesar disso, “estamos abertos a ouvir e a discutir as diferentes posições, relativamente a touradas e é para isso, aliás, que estaremos em Abiúl”, muito embora não esperem que, de um momento para o outro, todos sejam anti-touradas.
“Queremos expor os nossos argumentos e, a partir daí, cada um seja chamado à razão e tire as suas conclusões”, prossegue o documento, cujos autores sabem tratar-se de “um processo árduo e moroso” mas apostados na criação de “uma sociedade dita justa e civilizada, que deverá ouvir o valor ético inerente à sua racionalidade e pôr fim a esta prática”.
Fonte: 97 FM