Por Giovanna Chinellato (da Redação)
Cameron Selogie, dono do restaurante no Arizona que está vendendo hambúrguer de leão durante a Copa do Mundo (leia notícia aqui na ANDA), quis provar que, apesar de estar fritando espécies ameaçadas, ele realmente “ama os animais”. Logo, enviou uma contribuição de US$ 2,50, para cada hambúrguer de leão vendido ao AZ Rescue, a uma ONG local que salva cães e gatos do corredor da morte.
Na segunda, a AZ Rescue mandou o dinheiro de volta.
“Você não pode matar um felino e doar para outro”, disse Jennifer Berry, presidente da organização. “Salvamos e cuidamos de cães e gatos marcados para morrer. Não estamos interessados em receber o dinheiro sangrento da venda de carne de leão.”
De acordo com matéria da Animals Change, quando foi divulgada a venda dos hambúrgueres exóticos, Selogie defendeu o prato, dizendo que carne de leão não representa perigo algum para os animais selvagens e que vem de uma fazenda no Meio Oeste. Entretanto, nenhuma das duas coisas era verdade: servir carnes exóticas cria uma demanda que dá mercado para os caçadores. E a carne em si veio de um açougue em Illinois em que o dono compra a carne como subproduto de um homem que compra e vende animais pelas suas peles. O açougueiro diz que não faz ideia de onde vieram os animais de seu fornecedor. Entretanto, isso não o impediu de tirar proveito da situação. Em 2003 ele foi sentenciado a seis meses na prisão por vender carne de tigres e leopardos sob proteção federal.
Semana passada, mais de 1.100 membros da Change.org mandaram emails para Selogie, pedindo que ele parasse de servir carne de leão. Na sexta, 25 de junho, a página do Facebook do Il Vinaio anunciou que o restaurante não estava mais servindo leão. Mas Selogie foi tudo, menos humilde, com a manifestação global contra sua gafe maciça. Seu post seguinte no Facebook dizia:
“Fiz uma doação para a AZ Rescue de US$ 2,50 por hambúrguer vendido ou US$ 100. Pedimos a todos os clientes que ajudassem com mais 2,50 eles mesmos. Aqui está a chance de realmente fazermos a diferença. Por favor, ponham seu dinheiro onde sua boca está. Sei que seus empregados e apoiadores certamente porão.”
Além disso ser pouco demais, tarde demais, a ideia absurda é que, não doando o que ele diz, quando ele diz, estaríamos falhando em “nos levantar pelos animais e pela verdade”. Selogie acabou ofendendo a própria organização que está implorando que ajudem.
Durante a semana, ele mandou um email para a AZ Rescue, informando-os de que queria fazer uma doação para esquecerem do pesadelo da carne de leão, mas ele não faria isso “sem permissão, no caso de não quererem se associar a ele.”
O grupo de resgate não queria, realmente, se associar ao restaurante, mas Selogie foi em frente com a doação e lançou sua publicidade agressiva pelo Facebook e outras redes sem se preocupar em dar satisfação ao abrigo.
Não é fácil uma ONG pequena recusar doações, ainda mais com a economia atual. Mas, como Berry disse, “a Rescue tem longa tradição em ajudar gatos – não em comê-los. Vemos a venda dos hambúrgueres como algo detestável e contra nossa luta.”
A AZ Rescue não mandou o dinheiro de volta porque esteja nadando em dinheiro, mas sim porque podem perder cem dólares mas não a integridade.
Se você quer saber mais sobre a AZ Rescue, visite seu website. Você pode adotar, ser voluntário ou doar US$ 2,50, US$ 100 ou mais. Se você escolher apoiar o grupo, eles saberão que é porque você acredita no que eles defendem, não como uma penitencia para os hambúrgueres do Il Vinaio.