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TORTURA

Grupo de médicos denuncia morte de uma dúzia de macacos nos testes de chips cerebrais de Elon Musk

23 de setembro de 2023
Redação ANDA
4 min. de leitura
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Foto: Divulgação/Neuralink

Um grupo dedicado à ética médica levantou uma séria preocupação nessa quinta-feira (21), solicitando uma investigação rigorosa sobre a trágica morte de uma dúzia de macacos utilizados em testes conduzidos pela empresa norte-americana Neuralink. Estes testes envolviam a implantação de chips cerebrais nos animais. Elon Musk, o magnata por trás da empresa de biotecnologia, anunciou em 10 de setembro que alguns dos macacos faleceram devido a doenças terminais durante os procedimentos.

Contudo, o Comitê de Médicos para a Medicina Responsável, uma organização sem fins lucrativos com sede em Washington, fez uma denúncia incisiva perante a Comissão de Valores Mobiliários dos EUA e Exchange Commission (SEC), afirmando que os primatas perderam a vida devido a complicações resultantes dos testes de implante.

Recentemente, a Neuralink declarou sua intenção de recrutar voluntários humanos para testar um chip cerebral, com a aprovação da Food and Drug Administration (FDA) dos Estados Unidos. Este projeto, conhecido como Precise Robotically Implanted Brain-Computer Interface (PRIME), almeja capacitar indivíduos com tetraplegia devido a lesões na medula espinhal cervical ou portadores de esclerose lateral amiotrófica (ELA) a controlar dispositivos através de seus pensamentos, após a instalação dos chips.

A promessa de Elon Musk é revolucionar as próteses, permitindo que cérebros humanos se comuniquem sem fio com dispositivos artificiais e até mesmo entre si. Em 2021, a Neuralink divulgou um vídeo que alcançou mais de seis milhões de visualizações, no qual um macaco jogava um videogame simulando uma partida de pingue-pongue. O animal, chamado Pager, controlava o jogo apenas com o movimento dos olhos, após ter sido submetido ao implante de dois chips seis meses antes.

No entanto, vale ressaltar que a empresa começou a realizar experimentos em animais cerca de um ano após sua fundação em 2017. Em um revelador levantamento realizado pela Reuters no ano passado, foi revelado que a empresa sacrificou aproximadamente 1.500 animais, incluindo mais de 280 ovelhas, porcos e macacos, todos sofrendo de doenças dolorosas antes de sua morte.

Foi somente em 10 de setembro que Elon Musk reconheceu publicamente as mortes dos macacos, embora tenha negado que qualquer uma delas tenha ocorrido devido aos implantes da Neuralink. Ele enfatizou o cuidado extremo da empresa em suas apresentações.

O grupo que apresentou a denúncia à SEC argumenta que as declarações de Musk sobre as mortes dos animais foram “enganosas e falsas”, e que os investidores “têm o direito de conhecer a verdade sobre a segurança e comercialização do produto Neuralink”. A empresa já angariou mais de US$ 280 milhões de investidores externos.

Uma investigação da revista Wired revelou ainda mais detalhes perturbadores sobre o tratamento dos macacos envolvidos nos experimentos da Neuralink. Documentos do National Primate Research Center na Califórnia e o testemunho de um ex-funcionário da Neuralink indicaram que doze dos primatas utilizados nos estudos sofreram terríveis complicações, incluindo diarreia com sangue, paralisia parcial e edema cerebral antes de falecerem.

A investigação da Wired descreveu uma série de problemas que surgiram após a cirurgia de implante dos chips cerebrais nos macacos. Um dos animais, identificado como “Animal 20” nos registros veterinários, teria arranhado a área da operação, expondo parte do dispositivo. Embora os pesquisadores tenham tentado corrigir o problema com uma intervenção, as infecções se espalharam e o animal foi sacrificado em janeiro de 2020.

Outros macacos, como “Animal 15” e “Animal 22”, também perderam suas vidas devido aos procedimentos de implante. O “Animal 15”, uma fêmea, demonstrou sinais claros de desconforto, chegando a pressionar a cabeça contra o chão em um possível sinal de dor devido a uma infecção. Os veterinários observaram o animal em agonia, puxando o implante até que sangrasse. Ela passou seus últimos dias de vida deitada ao lado de seu companheiro de gaiola. O “Animal 22” teve um desfecho trágico quando seu implante craniano se soltou, sendo sacrificado em março de 2020. A autópsia afirmou que a falha do implante tinha causas predominantemente mecânicas e não estava exacerbada por uma infecção.

As fontes da Wired, que optaram por permanecer anônimas, sustentam que os animais não poderiam ter falecido de causas naturais e foram submetidos a um cuidadoso monitoramento durante cerca de um ano antes de qualquer cirurgia ser realizada. Essa revelação levanta sérias questões sobre os procedimentos e as práticas éticas envolvendo a Neuralink e seu uso de animais em experimentos.

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