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O Grito de Munch e o Olhar do Boi

13 de abril de 2015
2 min. de leitura
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Foto: Reprodução
Foto: Reprodução

Assisti, no Canal Arte 1, ao programa sobre o pintor expressionista Edvard Munch (1863-1944), e de forma mais específica sobre a sua mais famosa pintura – O Grito. O quadro arrematado em Nova York por 91 milhões de euros tornou-se a obra mais cara vendida em leilão, superando, inclusive, “Nu, Folhas e Busto” de Pablo Picasso.
O artista norueguês, com sua figura andrógina eterniza um momento de profunda angústia e desespero existencial, segundo análise dos entendidos de Arte. Não pintava o que via, mas exprimia o que atormentava sua alma. Sobre esse quadro deixou escrito em um poema que sentiu o “tremendo grito da natureza”. Munch é o pintor da estética da dor, do medo, da solidão e do abandono, talvez seja essa a razão do seu grande sucesso no século XXI.
Animais não humanos também expressam dor, medo, solidão e abandono, com a diferença que não conseguem, assim como nós, fazer poemas, pinturas, músicas, manifestos ou protestos. Soltos na natureza, eles conseguem se esquivar, contar com a proteção do bando, esconder e acionar todo o seu instinto de preservação. Podem perder para o predador, porém lutam, enquanto podem, pela própria vida. Essa é a regra do jogo escrita na natureza e que alteramos, covardemente, a nosso favor. Nós os escravizamos e retiramos deles qualquer chance de reação ou possibilidade de resistência ou fuga. O caminho para o matadouro não tem volta. Eles não conseguem ajudar a si mesmos. Evitamos “ler seus poemas” de medo ou de pintar sua dor expressa, de forma inequívoca, em seus olhos. Essa “arte” não nos é possível encarar. Não vende e ninguém deseja ver. Seja o boi, porco, coelho, cabrito, não importa, a cena que os levará à morte é de puro espanto, medo e terror.
Foto: Divulgação
Foto: Divulgação

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