Dezenas de cisnes morreram na cidade inglesa de Warwickshire, muito famosa pelo turismo por ser a cidade de nascimento de William Shakespeare, após contraírem gripe aviária. Além dos cisnes, patos e gansos da região também foram encontrados sem vida ou extremamente debilitados. Especialistas afirmam que a gripe aviária é uma variação do vírus que causa a gripe em seres humanas, mas sofre muitas mutações e se torna cada vez mais letal com o confinamento e criação intensiva de animais para consumo humano.
Focos da doença localizados em fazendas rapidamente migram para a natureza e afetam aves selvagens e mamíferos. A pecuária pode ser responsável por novas pandemias não só para seres humanos, mas também para os animais silvestres e selvagens. Toda a população de cisnes de Warwickshire está risco e especialistas temem que outras espécies locais, animais em situação de vulnerabilidade, estejam em risco de extinção se os casos de gripe aviária continuarem aumentando. O marco zero da doença ainda não foi identificado.
Os centros de resgate de animais silvestres estão evitando realizar novos salvamentos para impedir que a gripe afete os animais já internados ou mantidos nos locais por não poderem ser devolvidos à natureza. Pelo menos 70 cisnes que vivem em uma lagoa em Warwickshire tiveram contato com indivíduos doentes e podem ter contraído o vírus. A gripe aviária se espalha rapidamente através de fluídos corporais como a saliva ou pelas fezes de animais infectados. Os moradores da cidade estão preocupados com a saúde das aves icônicas.
Especialistas alertam que uma outra forma de contaminação e disseminação do vírus também pode se dar a partir da ação humana. Como muitos turistas vigiam a região, as aves podem ter sido alimentadas com alimentos contaminados. Há cerca de 10 meses, Stratford-upon-Avon registrou a morte de 25 cisnes com suspeita de gripe aviária. As cidades de Worcester e Evesham também tiveram casos similares. Infelizmente, cada vez mais doenças surgidas pela pecuária estão migrando para a natureza e causando danos a outras espécies.
Alerta
Doenças que têm como origem a criação intensiva de animais para consumo, como a gripe aviária, estão afetando santuários de animais selvagens. No Reino Unido, pelo menos cinco cisnes, cinco focas e uma raposa morreu em decorrências de doenças causadas pela pecuária. Um relatório aponta que a os animais foram infectados com uma cepa de gripe aviária conhecida como H5N8.
Especialistas afirmam que as focas sofreram convulsões e a raposa morreu durante a noite após apresentar anorexia e mal-estar. Os cisnes sofreram de letargia por alguns dias e morreram. A necropsia indicou que os animais sofreram de encefalite, inflamação dos tecidos ativos do cérebro, causada pelo vírus da cepa H5N8.
No ano passado, milhares de aves foram massacradas em granjas para conter surtos de gripe aviária e especialistas acreditam que essa cepa migrou para reservas da vida selvagem. O relatório demonstra surpresa em saber que o vírus também afeta mamíferos selvagens e pode levar espécies a mortes em massa e até mesmo a extinção de muitas espécies.
O vírus entrou na reserva após o resgate de cinco cisnes (Cygnus olor) que foram encontrados muito debilitados em novembro de 2020. “Essas aves foram internadas por vários motivos, incluindo trauma, baixo peso e fraqueza. Não houve suspeita de infecção com vírus da gripe aviária na admissão”, disse um porta-voz da reserva.
Os cisnes estavam em estado selvagem e são considerados a fonte da gripe aviária que atingiu a reserva e teme-se que mais animais sejam infectados.