O Laboratório Federal de Defesa Agropecuária de São Paulo (LFDA-SP), em Campinas, está analisando amostras de pelo menos 12 animais para detectar o vírus da gripe aviária – uma investigação que, como de costume, só acontece depois que os animais já foram mortos.
O surto, que já matou milhares de aves no Rio Grande do Sul, incluindo galinhas, patos e cisnes, é mais um capítulo trágico de uma doença que só existe porque os humanos insistem em explorar animais em escala industrial. Enquanto autoridades reforçam “blitze sanitárias”, a verdadeira causa do problema é ignorada: a criação intensiva de animais, que transforma fazendas e granjas em bombas-relógio de pandemias.
No Ceará, uma galinha e um capote (galinha d’angola) de uma criação doméstica em Salitre foram testados após apresentarem sintomas da doença. No Tocantins, sete galinhas de um lote de 40 mil aves em Aguiarnópolis foram sacrificados com suspeita de infecção por influenza, mas exames preliminares descartaram as variantes mais perigosas do vírus.
Em Santa Catarina, galinhas morreram em Ipumirim sob suspeita da doença, sem que o número exato de animais afetados fosse divulgado. Já no Rio Grande do Sul, onde os primeiros casos foram confirmados, uma nova suspeita surge com uma galinha morta em Estância Velha – desde 2022, o estado já enviou 147 amostras de aves para análise.
A gripe aviária não é um acidente da natureza. Ela é uma consequência direta da ganância humana que aprisiona bilhões de aves em condições insalubres, onde vírus mutam e se espalham com facilidade. Enquanto o agronegócio lucra com a venda de corpos de animais, eles paga o preço com essas epidemias.