(da Redação)
A grife italiana Gucci lançou recentemente a sua nova tendência para a estação: uma linha de sapatos forrados com pele de cangurus australianos. Os calçados foram apresentados em um desfile masculino, em Julho deste ano, e pouco tempo depois foi lançado o equivalente feminino como parte da coleção Outono/Inverno, causando reações de indignação de ativistas de direitos animais e fazendo emergir um debate público sobre a ética da questão da matança dos cangurus na Austrália. As informações são do Daily Mail e do The Telegraph.
Se, por um lado, muitos seguidores de tendências foram às redes sociais para protestar contra o apelo antiético dos sapatos, chamando-os de “estúpidos” e “hediondos”, outros orgulhosamente anunciavam a compra dos produtos, avaliando-os como “deslumbrantes”.
Em meio a isso, levantou-se uma discussão sobre os direitos desses animais.
Uma porta-voz da Gucci disse ao Quartz: “A colheita (sic) dos cangurus é um dos melhores exemplos de programa bem gerenciado, e obedece às nossas diretrizes de pele sustentável e ambientalmente amigável”.
Conforme explica o artigo, os cangurus são frequentemente vistos como pragas na Austrália – os fazendeiros costumam acusá-los de destruir lavouras e cercas, é atribuído a eles um impacto negativo na biodiversidade, e o número de acidentes de trânsito envolvendo esses animais é muito grande. A sua população também é considerada numerosa, estimada atualmente em mais de 50 milhões de animais, de modo que as autoridades vêm autorizando há anos uma matança anual, apesar de controversa.
Sendo assim, a caça “comercial” dos cangurus é adicionalmente permitida, e é monitorada pelos governos estaduais. Um sistema de cotas de animais a serem mortos é estabelecido a cada ano, baseado na estimativa das populações de quatro espécies de cangurus cuja exportação comercial é legalizada.
Segundo a reportagem, existe um “Código Nacional de Prática de Tiro Humanitário aos Cangurus”, que detalha como o processo de caça deve resultar em uma morte “súbita e humana”, e os atiradores licenciados pelos governos são treinados para terem precisão na hora de matar os animais.
Enquanto alguns defendem a caça aos cangurus em nome do gerenciamento da população, aqueles que se opõem eticamente condenam a fabricação desses sapatos, chamando-a de exploração.
Daniel Ramp, diretor do Centre for Compassionate Conservation da Universidade de Tecnologia de Sydney, disse ao Daily Mail da Austrália que chamar o processo de “ambientalmente amigável” é simplesmente errado.
“Usar peles de cangurus para produzir artigos de moda é exploração”, disse Ramp.
“A matança desses animais é desumana, provocando danos colaterais, e a morte dos cangurus tem um amplo custo social nas suas famílias remanescentes e em seus filhotes. Cangurus não são objetos, eles são animais altamente inteligentes e sociais”, disse ele ao Daily Mail.
Assine a petição para ajudar a dizer à Gucci que usar peles de cangurus em seus sapatos não é correto.