Uma das maiores preocupações é com o fato dos animais – especialmente os peludos – causarem alergia a seus tutores, principalmente respiratória devido aos pelos soltos. Mas isso não é verdade.
Em primeiro lugar, animais domésticos não causam bronquite ou rinite – essas doenças são desenvolvidas por predisposição genética. Em segundo, o que pode desencadear uma crise de alergia não são os pelos, mas, sim, os flocos de pele morta – portanto, não há diferenças significativas entre ter um animal de pelo comprido ou curto.
Se uma pessoa, criança ou adulto, sofre de rinite, bronquite ou alergia respiratória, o contato com animais pode, eventualmente, desencadear uma crise. Mas isso também pode ser evitado em muitos casos com os devidos cuidados de higiene.
“Deixar o animal longe do quarto; não deixá-lo ficar nos móveis estofados; dar banho semanalmente; escová-lo regularmente para retirar as ‘caspas’ causadoras de alergias; passar um pano úmido no chão da casa para retirar excessos de pele e flocos de pele morta; retirar carpetes e tapetes retentores de proteínas causadoras de alergias são algumas medidas que podem ser tomadas para se evitar uma crise”, ensina Cristina Kokron, alergista do Hospital Israelita Albert Einstein de São Paulo.
Além disso, existem estudos que apontam que crianças que convivem com animais têm menos chances de desenvolver problemas respiratórios. Pesquisa realizada pela Universidade da Finlândia Oriental, divulgada na revista Pediatrics em 2012, acompanhou 397 crianças e concluiu que as que conviveram com cães apresentavam menos problemas de infecções respiratórias no primeiro ano de vida do que aquelas que não tiveram contato com os animais.
“Esses estudos apontam que a exposição precoce a animais domésticos pode ter efeito protetor, ou pelo menos não indutor, de sensibilização alérgica ao animal. Este efeito parece estar relacionado a alterações no sistema imune, que nesta idade está em desenvolvimento ainda”, explica Kokron.
“A taxa de transmissão de doenças para os seres humanos é muito baixa. Vale frisar que animais bem cuidados, sob orientação de um médico veterinário, dificilmente transmitem doenças”, enfatiza o médico veterinário Marcello Roza, conselheiro do CFMV.
“Por isso é importante cuidar da saúde do animal: evitar pulgas ou carrapatos, manter a vacinação em dia, dar banhos com a frequência indicada pelo veterinário e vermifugar periodicamente”, diz a fitoterapeuta e terapeuta de animais Martha Follain, articulista da Agência de Notícias de Direitos Animais (Anda) e fundadora dos grupos Proteção dos Direitos dos Animais, Ecologia, Vegetarianismo e Terapias Holísticas e Direito dos Animais Humanos e Não Humanos.
Crianças, gestantes e animais
Muitas pessoas acreditam que gestante e crianças devem evitar o contato com animais domésticos, mas não é bem assim. “Que fique claro que o convívio com animais é muito benéfico para nós, em todas as fases da vida. Por isso, antes que você pense em disponibilizar o seu animal para adoção, é bom saber que a principal medida para quem tem um animal é a de manter os cuidados com vacinação, vermifugação e consultas periódicas ao veterinário, desde a sua aquisição”, diz o ginecologista e obstetra José Bento de Souza, no Guia Crianças + Pets – Como Aproveitar o Melhor Dessa Relação, da Bayer Healthcare.
Uma das maiores preocupações das gestantes é contrair a toxoplasmose durante a gravidez, pois a doença traz riscos ao desenvolvimento do bebê, como lesões dermatológicas, surdez e atraso no desenvolvimento mental, por exemplo. A doença pode ser contraída pela ingestão de água ou alimentos contaminados pelo protozoário Toxoplasma gondii, presente nas fezes de gatos infectados.
Mas é bom lembrar que a contaminação só ocorre quando a gestante não faz a higienização correta ou, então, através da ingestão de água ou carne infectadas. Para evitar o contágio, basta reforçar os cuidados com a higiene de seu animal e pedir para outra pessoa limpar o lugar onde ele defeca e urina.
Crianças também se beneficiam muito do contato com animais. A presença de um bichinho doméstico em casa, interagindo diretamente com os pequenos, é um estímulo para que eles se exercitem, além de fazer com que se sintam mais seguros, confiantes e valorizados, favorecendo sua autoestima.
O animal também ajuda a desenvolver e fortalecer relações sociais, além de alimentar a curiosidade, imaginação e fantasia das crianças. Ou seja, o relacionamento traz benefícios físicos, psicológicos, sociais e cognitivos para elas.
“Estudos apontam que o vínculo entre a criança e o animal tem diversos efeitos positivos no desenvolvimento, principalmente nos quesitos empatia, cooperação e competências sociais. Os animais se tornam figuras de conforto, apoio e companheirismo, trazendo influências positivas na autoestima e possibilitando à criança aprender como cuidar do outro”, afirma a psicóloga Alice Frank, pesquisadora do Departamento de Medicina Veterinária Preventiva e Saúde Animal da USP (Universidade de São Paulo).
É claro que, para uma convivência saudável, tanto a criança como o animal devem ser educados para se evitar acidentes com arranhões e mordidas, além, é claro, dos cuidados com a higiene, que devem ser ensinados desde cedo.
Com informações de Uol Notícias