Dados publicados pelo Ipam (Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia) nesta terça-feira (15) indicam que grandes propriedades do Matopiba (região de fronteira dos estados de Mato Grosso, Tocantins, Piauí e Bahia) vêm concentrando a área queimada do Cerrado em 2024, que foi de 8,4 milhões de hectares até setembro, de acordo com monitoramento.
Imóveis privados foram a categoria fundiária com maior área queimada (3,9 milhões de hectares), seguida pelas terras indígenas (2,83 milhões de hectares). Quilombos e assentamentos foram as únicas categorias fundiárias com redução da área queimada quando comparadas à média dos anos anteriores, informa o instituto.
A lista dos municípios com maior área queimada é composta por cidades de Mato Grosso, Tocantins e Bahia, cidades perto da fronteira com a Amazônia e na região do Matopiba. Com uma área queimada superior a 293 mil hectares, Formoso do Araguaia (TO) lidera. Cocalinho (MT) e Ribeirão da Castanheira (MT) ficam, respectivamente, em segundo e terceiro lugar.
Com “cicatrizes de fogo” que chegaram a 2,3 milhões de hectares, 27% do total queimado entre janeiro e setembro, grandes imóveis privados superam médios (859 mil hectares) e pequenos imóveis (649 mil hectares) em área queimada, destaca o relatório.
Com um crescimento de 232%, as áreas militares tiveram o maior salto de área atingida entre janeiro e setembro de 2024, seguidas pelas terras indígenas (105%) e pelas unidades de conservação (83%).
“A seca no Cerrado impulsionou a expansão da área queimada em quase todas as categorias fundiárias. Para enfrentar esse cenário, é preciso fortalecer a Política Nacional de Manejo Integrado do Fogo, mudando práticas de manejo agrícola e incentivando o uso controlado do fogo”, aponta Ane Alencar, diretora de ciência do Ipam.
A nota técnica recomenda ainda ações como a redução do desmatamento e a proteção de áreas nativas por meio da criação e expansão de áreas protegidas, como medidas para reduzir o fogo, que este ano mais que dobrou a área atingida no país.