Por Fátima Chuecco (da Redação)
Uma série de títulos, entre lançamentos e obras mais antigas, são essenciais para as pessoas que querem se aprofundar no tema “grandes primatas”. Entre os livros de teor técnico, que reúnem informações sobre os mais importantes experimentos feitos em diversas partes do mundo, está Eu, primata, do primatólogo Frans de Waal. É um rico relato de inúmeros comportamentos de chimpanzés, gorilas, orangotangos e bonobos realmente idênticos aos dos humanos.
Waal diz: “Quando pessoas cometem genocídio, nós a chamamos de animais, mas quando fazem caridade, nós a elogiamos por serem humanas”. Pesquisadores tradicionalistas se esforçam para provar que apenas o homem é capaz de atitudes altruístas, em que a ajuda ao próximo não visa nenhum benefício para si mesmo ou para seu grupo. Esse é, inclusive, um dos últimos argumentos tradicionalistas. Muitos outros, como o autorreconhecimento diante do espelho e a genuína expressão das emoções, antes vistas como exclusivas do ser humano, já caíram por terra.
Em Eu, primata há inúmeros exemplos de solidariedade entre primatas e de primatas com outras espécies, onde fica evidenciado que a ajuda em questão não tinha qualquer intenção de “lucro”. Uma visão semelhante foi compartilhada por um dos maiores pensadores de nossa história há quase dois séculos. Charles Darwin, em sua postura vanguardista, extremamente adiantada para sua época e até hoje contestada por muitos, também reconheceu nos primatas e em outros animais traços de altruísmo e sentimentos relatados no brilhante livro A expressão das emoções no homem e nos animais.
Aliás, em comemoração ao Bicentenário de Darwin, o Instituto Sangari acaba de lançar o livro Charles Darwin – Em um futuro não tão distante, organizado por Maria Isabel Landim e Cristiano Rangel Moreira. Darwin, como já assinalei em meu artigo anterior postado nessa coluna, deixou um grande legado além da famosa Árvore da Vida ou Evolução das Espécies. Ele foi um dos primeiros a detectar consciência e emoção nos demais animais. Por isso, quem deseja conhecer melhor os grandes primatas deve se inteirar sobre Darwin e mergulhar especialmente em livros que trazem suas teorias revisitadas, acrescidas de dados técnicos que ainda não estavam disponíveis na época darwiniana.
Outras obras fascinantes
Então, você pensa que é humano? Esse é o título do livro de Felipe Fernández-Armesto, doutor em História mundialmente premiado pela obra Milênio. É o tipo de livro que se devora em dois dias ou até numa noite. Envolvente, cheio de relatos interessantíssimos acerca dos grandes primatas, que deixaria até os pesquisadores mais céticos com a “pulga atrás da orelha”. Altamente recomendado.
Quem prefere obras fictícias não deve deixar de ler Ismael, de Daniel Quinn – um verdadeiro cult dos amantes dos gorilas e que serviu de inspiração para o filme Instinct – uma obra-de-arte pouco reconhecida no Brasil. Em Ismael, um gorila professor que vive num antigo prédio urbano procura alunos interessados em salvar o mundo. É muito emocionante. Uma obra com potencial para fazer as pessoas enxergarem as coisas de modo diferente. Eu posso atestar essa revolução interior. Eu me tornei outra pessoa (espero que melhor) depois de ler esse livro. Agora é só escolher seu livro de cabeceira.