DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS DOS ANIMAIS PROCLAMADA PELA UNESCO EM SESSÃO REALIZADA EM BRUXELAS, EM 27 DE JANEIRO DE 1978
Art. 4º:
a) Cada animal que pertence a uma espécie selvagem tem o direito de viver livre no seu ambiente natural terrestre, aéreo ou aquático e tem o direito de reproduzir-se;
b) A privação da liberdade, ainda que para fins educativos, é contrária a este direito.
Felídeos (“Felídae”) são mamíferos da ordem dos carnívoros (são os mais numerosos carnívoros), e são carnívoros obrigatórios, pois não possuem enzimas para digerirem vegetais. É uma ordem constituída por 41 espécies, todos descendentes do mesmo ancestral . Há cerca de 70 milhões de anos, quando surgiram os primeiros animais mamíferos, surgiram os “Creodontes”, que se desenvolveram após a extinção dos dinossauros e, a história dos felinos começou com esses animais. Os “Creodontes” deram origem aos “Miacis” há cerca de 40 ou 50 milhões de anos. Dentre as diversas ramificações dos “Miacis”, encontram-se os primeiros felídeos: os “Proailurus”, que caminhavam com a planta das patas no chão. Há 20 milhões de anos os “Proailurus” deram lugar aos “Pseudaelurus”, que já caminhavam nas pontas dos dedos e possuíam caninos poderosos e afiados. Deste grupo, emergiram os “Felidaes”. Durante os milhões de anos seguintes, o “Felidae” subdividiu-se em muitas espécies. Grupos de felídeos selvagens começaram a se espalhar pelo mundo, emigrando quando a caça se tornava escassa. Desta forma surgiram espécies variadas, cada uma adaptada a um habitat particular e às presas que existiam no local. O gênero “Panthera” é o mais antigo e o “Felinae” o mais jovem.
As espécies de felídeos estão classificadas nos seguintes gêneros:
Subfamília “Pantherinae” (Wikipédia):
Gênero panthera:
Panthera leo (Linnaeus, 1758) – leão;
Panthera tigris (Linnaeus, 1758) – tigre;
Panthera pardus (Linnaeus, 1758) – leopardo;
Panthera onca (Linnaeus, 1758) – onça pintada;
Gênero uncia:
Uncia uncia (Schreber, 1775) – leopardo das neves. Alguns autores consideram o leopardo das neves do gênero “Panthera” (Panthera uncia);
Gênero neofelis:
Neofelis nebulosa (Griffith, 1821) – pantera nebulosa;
Neofelis diardi (Cuvier, 1823) – pantera nebulosa de bornéu;
Subfamília Felinae:
Gênero catopuma:
Catopuma temminckii – gato bravo dourado da ásia;
Catopuma badia – gato vermelho de bornéu;
Gênero pardofelis:
Pardofelis marmorata – gato marmoreado;
Gênero caracal:
Caracal caracal – caracal;
Gênero leptailurus:
Leptailurus serval – serval;
Gênero profelis:
Profelis aurata – gato dourado africano;
Gênero leopardus:
Leopardus pardalis (Linnaeus, 1758) – jaguatirica;
Leopardus wiedii (Schinz, 1821) – gato maracajá;
Leopardus colocolo (Molina, 1782) – gato palheiro;
Leopardus jacobita (Cornalia, 1865) – gato preto dos andes;
Leopardus tigrinus – gato do mato;
Leopardus geoffroyi (d’Orbigny & Gervais, 1844) – gato do mato grande;
Leopardus guigna (Molina, 1782) – kodkod;
Leopardus guttulus (Hensel, 1872);
Gênero lynx:
Lynx lynx – lince euroasiático;
Lynx pardinus – lince ibérico – mesmo sendo uma espécie protegida pela “Convenção de Berna” é o felídeo mais ameaçado, com menos de 200 indivíduos na Espanha e está praticamente extinto em Portugal;
Lynx canadensis – lince do canadá;
Lynx rufus – lince pardo;
Gênero Acinonyx:
Acynonix jubatus – guepardo;
Gênero puma:
Puma concolor (Linnaeus, 1771) – suçuarana;
Puma yagouaroundi (Lacépède, 1809) – jaguarundi ou gato mourisco;
Gênero “Puma”: é um gênero que agrupa 2 espécies de felídeos, a suçuarana ou onça parda ou onça vermelha ou puma (“Puma concolor”) e o jaguarundi (“Puma yagouaroundi”). A onça parda foi originalmente classificada no gênero “Felis”mas geneticamente sua evolução está mais próxima do guepardo “Acinonyx jubatus” e ao jaguarundi (“Puma yagouaroundi”).
Gênero prionailurus:
Prionailurus bengalensis – leopardo asiático;
Prionailurus viverrinus – gato pescador;
Prionailurus planiceps – gato de cabeça chata;
Prionailurus rubiginosus – gato leopardo indiano;
Prionaiulurus iriomotensis – gato de iriomote;
Gênero felis:
Felis silvestris – gato selvagem;
Felis silvestris catus – gato doméstico;
Felis margarita – gato do deserto;
Felis chaus – gato da selva;
Felis nigripes – gato bravo de patas negras;
Felis bieti – gato chinês do deserto;
Felis manul (Pallas, 1776) – gato de pallas ou manul;
Felis lybica (Forster, 1780);
Felídeos híbridos – ashera, caraval, leopon, ligre, tigreão, pumapardo, servical. O cruzamento de leões com tigres (especialmente as subespécies siberiana e de bengala) para a criação de híbridos, chamados de “ligers” e “tiglons” (ou “tigons”), é relativamente comum. Eles também foram cruzados com leopardos para produzir “leopons”, e com onças pintadas para a produção de “jaglions”. O “marozi” é supostamente um leão manchado ou um “leopon” natural, enquanto o “leão manchado congolês” é um complexo híbrido leão-jaguar-leopardo, mais corretamente denominado de “lijagulep”. Tais híbridos já foram comumente criados em zoológicos, mas agora essa prática é desencorajada devido à ênfase na conservação de espécies e subespécies. Híbridos são ainda criados em “menageries” privadas e em jardins zoológicos na China e Índia. (Wikipédia)
As espécies do gênero “Panthera”: tigre (“Panthera tigris”), leão (“Panthera leo”), leopardo (“Panthera pardus”) e onça pintada (“Panthera onca”) são consideradas os “grandes felinos”. Alguns autores consideram também o guepardo (“Acynonix jubatus”), o leopardo das neves (“Panthera uncia”) e as 2 espécies de puma que são a suçuarana ou onça parda (“Puma concolor”) e o jaguarundi (“Puma yagouaroundi”) como “grandes felinos”.
Todos os felídeos possuem corpo ágil e flexível com cabeça curta e pequenas orelhas. Na maioria das espécies a cauda mede entre 1/3 à metade do comprimento do resto do corpo. Todas as espécies de felídeos têm ótimo olfato, possuindo o órgão vomeronasal no céu da boca, que lhes permite sentir o “gosto” do ar, audição muito desenvolvida e excelente visão, inclusive a noturna, devido à existência de uma membrana chamada “tapetum lucidum” que reflete a luz de volta ao globo ocular e dá a eles o famoso brilho nos olhos. Possuem olhos grandes, cerca de 6 vezes mais sensíveis à luz do que os dos seres humanos. Os felídeos possuem bigodes (vibrissas) altamente sensíveis que fornecem informação sensorial ao cérebro a respeito de qualquer movimento no ambiente, sendo muito úteis na caça noturna. A língua dos felídeos é coberta por papilas salientes que raspam a carne e ajudam a retirar ossos, também sendo útil na auto limpeza.
Por possuírem focinhos curtos, têm em torno de 32 dentes, o que é um número relativamente pequeno em comparação aos outros carnívoros, mas os caninos são bem grandes, podendo chegar a 10 cm. Seus dentes estão preparados para segurar, furar, cortar, triturar e reduzir a presa a pequenos nacos de carne que podem ser facilmente engolidos, mas os felídeos não mastigam muito bem, pois só conseguem movimentar suas mandíbulas verticalmente.
Suas patas anteriores foram projetadas com 5 dedos para prender suas presas e as traseiras com 4 dedos. Possuem garras longas e encurvadas, muito afiadas, para dilacerar a carne de suas caças, podendo chegar a 8 cm. Têm mais de 500 músculos e mantêm total controle sobre eles. A menor espécie é o gato bravo de patas negras (“Felis nigripes”) com cerca de 35 cm de comprimento e a maior é o tigre (“Panthera tigris”) com cerca de 2,50 m podendo atingir até 300 kg.
Todos os felídeos compartilham um conjunto semelhante de vocalizações, com algumas variações entre as espécies. A maioria deles parece ser capaz de ronronar, e esse é um tema muito debatido entre os especialistas. Em estado selvagem, o ronronado é utilizado entre a mãe e filhotes quando ela está cuidando deles. Porém há outra teoria que afirma que os grandes felídeos do gênero “Pantherinae” como tigres, leões, onças pintadas e leopardos não conseguem ronronar porque sua laringe não é dura o suficiente para produzir esse tipo de som. Membros deste gênero são felídeos capazes de rugir, possuindo cabeças maiores em proporção ao corpo e precisam respirar a cada rugido. A habilidade de rugir vem da laringe e osso hioide alongados e especialmente adaptados. O rugido de leopardos e leões é mais gutural do que o de tigres e onças
À exceção dos guepardos, felídeos possuem unhas retráteis – quando o animal as encolhe, elas são envolvidas pelas dobras da pele. Caminham sobre os dedos (são digitígrados – humanos caminham sobre a sola dos pés – são plantígrados) e possuem almofadas nas patas, o que lhes permite não fazer barulho ao caminhar. Assim movem-se mais rápida e silenciosamente e têm maior facilidade para caçar, por possuírem maior agilidade e destreza nos movimentos. Em geral, caçam fazendo emboscada, saltando sobre a presa após uma breve corrida. Sua alimentação é constituída basicamente por ungulados (animais dotados de cascos como os cervídeos, antas, porcos do mato, antílopes, etc.), pequenos mamíferos, roedores, peixes, répteis, tartarugas, aves, etc.. Todas as espécies de felídeos são predadoras, inclusive o gato doméstico (predadores procuram suas presas, que são outros animais, os perseguem, capturam e comem).
Felídeos são os animais que mais dormem no mundo, passando 2/3 de suas vidas dormindo. Mas mesmo quando dormem permanecem em estado de alerta.
A maioria das espécies de felídeos é incapaz de sentir o sabor doce devido a um gene mutante que altera essa capacidade.
Sua pelagem, dependendo da espécie, pode ser fina ou espessa. A cor também é variada, embora marrom e laranja sejam cores comuns (para camuflagem). Também podem exibir listras ou pintas em tons mais escuros. Leões, onças pardas, caracais e jaguarundis não possuem marcas em suas pelagens. Muitas espécies apresentam coloração inteiramente preta, que é melanismo (é uma mutação genética e é o aumento concentrado de pigmentação preta,).
Felídeos selvagens são geralmente solitários, macho e fêmea se encontrando somente para o acasalamento, com exceção de leões e guepardos. Procriam em média a cada 2 anos e têm dificuldade em encontrar um parceiro ou parceira, pois suas populações foram exterminadas ou isoladas umas das outras. Gatos domésticos vivendo em condições selvagens (gatos ferais) também podem formar famílias como os leões.
Há os chamados grandes e pequenos “felinos”, mas essas não são classificações biológicas. Apesar das diferenças em tamanho, as várias espécies são bastante similares em estrutura e comportamento, com exceção dos guepardos.
O termo “grandes felinos” é usado informalmente para distinguir as espécies maiores das menores. Uma definição de “grandes felinos” inclui os membros do gênero “Panthera” o tigre, leão, jaguar ou onça pintada, o leopardo. Alguns autores consideram o guepardo, o leopardo das neves e os pumas (onça parda e jaguarundi) como “grandes felinos”.
Todos os felinos ocorrem nas Américas, África, Ásia e Europa, exceto na Antártida e Oceania.
10 espécies de felinos vivem na América do Sul e 8 são encontradas no Brasil: gato do mato pequeno (“Leopardus tigrinus”), gato maracajá (“Leopardus wiedii”), jaguatirica (“Leopardus pardalis”), gato mourisco (“Herpailurus yagouarondi”), gato palheiro (“Oncifelis colocolo”), gato do mato grande (“Oncifelis geoffroyi”), suçuarana (“Puma concolor”) e a onça pintada (“Panthera onca”). Todos os felinos que vivem no Brasil estão listados na “Convenção sobre o Comércio Internacional de Espécies Ameaçadas da Fauna e da Flora”, (resolução aprovada em 1963, em uma reunião dos membros da IUCN (União Mundial de Conservação) por representantes de 80 países em Washington e é o mais importante acordo mundial para a proteção de animais e plantas). Os felinos brasileiros, de algum modo, estão todos “ameaçados de extinção” (à exceção do gato doméstico).
“Grandes Felinos”:
Tigre – “Panthera tigris”:
Excerto do texto “Tigre – Extinção ou Uma Esperança?” – de Martha Follain
O tigre é o maior animal da família dos felinos. Tem o pelo laranja e preto, uma força enorme e consegue abater animais maiores que ele. As listras são diferentes de animal para animal e caracterizam o indivíduo como as digitais humanas – e são excelente camuflagem, desorientando presas em relação à luz e sombra. Na natureza o tigre pode viver cerca de 20 anos. O macho, em média, mede 2,50 m de comprimento, 90 cm de altura e pode pesar cerca de 300 kg. A fêmea é um pouco menor e mais leve. É um mamífero solitário e gosta de caçar sozinho – necessita comer uma grande quantidade de carne por dia, cerca de 30 kg. Por necessitar dessa quantidade de carne é muito territorialista, demarcando seu território com urina (as fêmeas também demarcam). Os tigres são ótimos nadadores e já houve casos de tigres nadarem mais de 5 km.
O território do macho é 4 vezes maior que o da fêmea, apesar de ser ela que alimenta os filhotes, pois depois do período de cio, macho e fêmea se separam. A fêmea tem de 2 a 3 filhotes a cada 3 anos, e fica com eles por 2 anos. O tempo de gestação é de 100 a 188 dias.
De sua alimentação fazem parte cervos, búfalos e outros bovinos, macacos e javalis. Faz emboscadas, esperando em locais onde sabe que suas presas passarão, só atacando quando está a menos de 20 m. O tigre mata sua presa mordendo a parte traseira do pescoço ou garganta.
Seu rugido é um infrassom, capaz de paralisar suas vítimas. Sobreviventes de ataques de tigre afirmam ter ficado imóveis no momento. O infrassom está abaixo do espectro audível do ser humano o que, segundo cientistas, tem um efeito fisiológico direto sobre o corpo humano. O infrassom pode causar reações nos olhos, dores de cabeça, mal estar e sensações de ansiedade e de medo. A pesquisa confirmou que a frequência dominante pelo menos em algumas chamadas do tigre é na escala de baixa frequência de 200 hertz a 300 hertz. Mas, eles ouvem frequências de até um hertz. Os humanos conseguem ouvir apenas 20 vezes isso.
O tigre compartilha 95,6% de seu genoma com o gato doméstico.
Caçadores noturnos, apreciam presas grandes. Espreitam vítimas que estejam perto de rios, lagos ou em locais de passagem, como o caminho de uma floresta, saltando sobre elas quando já estão muito próximos – cerca de 10 a 20 m.
Subespécies: tigre siberiano; tigre do sul da China; tigre da Indochina; tigre de Sumatra; tigre de Bengala; tigre malaio; tigre de Bali; tigre de Java; tigre do Cáspio ou tigre persa.
Além dessas subespécies, há algumas que ainda não foram reconhecidas pela taxonomia (é a disciplina acadêmica que define os grupos de organismos biológicos, com base em características comuns e dá nomes a esses grupos) e são consideradas subespécies inválidas: tigre coreano; tigre de Xinjiang; tigre do Turquestão.
Os tigres brancos não são albinos nem uma subespécie. São tigres comuns, que possuem um gene recessivo. Essa mutação chama-se leucismo. Possuem olhos azuis, nariz rosa, listras marrons contra um fundo branco e são raros em estado selvagem. Eles quase foram extintos e, atualmente, vivem em zoológicos ou parques de vida selvagem.
Ameaças:
Vivia em todo o território asiático, porém, atualmente está restrito a algumas áreas na Índia, Sibéria e Indonésia. Existem hoje, no mundo, em torno de 6 mil tigres vivendo em liberdade; 60% estão em território indiano, divididos em 21 reservas. Esse animal está “condenado à extinção”, caso não sejam tomadas medidas severas contra a caça, além do tráfico de animais vivos. O mercado consumidor são os colecionadores privados, laboratórios de pesquisa, lojas de animais, zoológicos, circos e pseudo curandeiros da Ásia. Várias partes do tigre foram e ainda são utilizadas na China na pseudo farmacopéia e na culinária (!) – há um restaurante, o “Guolizhuang” especializado em servir pênis de vários animais, inclusive o de tigre. Homens gastam 5 mil e setecentos dólares nesse repugnante prato particularmente “raro”, algo que deve ser pedido com meses de antecedência. Ainda hoje existe, na China a caça clandestina do tigre e dele várias partes são aproveitadas.
Segundo a estapafúrdia farmacopéia chinesa, a pata de um tigre serviria para proteger crianças de convulsões e trazer boa sorte – certamente não para o tigre.
É o 3º maior negócio em contrabando depois de drogas e armas. Tigres podem estar extintos em apenas 12 anos, adverte a organização “World Wide Fund For Nature”, (WWF) que faz campanha para dobrar o número de animais até 2022. A população caiu 97% no século passado, para 3200 indivíduos. Até hoje, pensava-se que a Índia seria o lugar onde a batalha pela sobrevivência dos tigres iria ser ganha ou perdida. Porém, é no Butão que a guerra poderá ser ganha, pois cientistas descobriram em 2011 tigres vivendo a 4000 metros de altitude nos Himalaias.
Leão – “Panthera leo”:
É um dos grandes felinos com alguns machos excedendo 200 kg, sendo o 2º maior felino em tamanho e peso depois do tigre. A espécie é atualmente encontrada na África e na Ásia, habitando savanas e pastagens abertas, mas pode ser encontrado em regiões mais arborizadas. A pelagem é de coloração castanha e os machos apresentam juba característica. Os leões têm um tufo de pelos no final da cauda, e é uma peculiaridade marcante da espécie.
São animais sociáveis, que vivem em bandos de 5 a 40 indivíduos, com um macho dominante, alguns machos jovens e leoas com seus filhotes. Geralmente caçam grandes herbívoros e podem viver de 10 a 14 anos na natureza. São os únicos felinos de hábitos gregários (à exceção dos guepardos). As fêmeas são encarregadas dos cuidados com os filhotes e são elas que caçam em grupo, cooperativamente. As leoas sempre caçam em duplas ou em grupos de 3, seguindo uma tática silenciosa de emboscada. Parte do grupo fica escondida, esperando para dar o bote, enquanto a outra espanta as possíveis presas em direção à emboscada. Geralmente atacam ao anoitecer.
A 20 m da vítima, as leoas partem para o bote – uma leoa pode atingir a velocidade de até 56 km/h. Ela derruba a presa com uma patada. Se for uma espécie maior, a leoa pula sobre o lombo do bicho, forçando a queda. Para matar, morde o pescoço e pressiona as mandíbulas até asfixiar o animal. As leoas arrastam a presa até seu território. Os machos comem primeiro, seguidos pelas fêmeas e pelos filhotes. Um leão precisa comer diariamente cerca de 5 kg de carne, mas pode chegar a ingerir até 30 kg em uma só refeição caso tenha carne disponível, para não precisar voltar logo a caçar.
O macho dominante por ser muito grande, pesado e menos ágil não caça, no entanto é ele que demarca o território e o patrulha (o território é demarcado para caça e descanso) e defende o grupo de ataques de animais como hienas, búfalos, elefantes, etc. e outros leões machos (sua juba faz com que ele pareça maior do que realmente é em combates ou disputas). Enquanto as leoas caçam, os machos protegem os filhotes. Tanto machos como fêmeas passam de 16 a 20 hs diárias em repouso.
Em diversas culturas e épocas o leão tem sido utilizado como símbolo de nobreza, força e coragem, sendo representado em pinturas, esculturas, brasões, etc.. Uma descrição comum é a sua representação como “rei da selva” ou “rei dos animais”.
Subespécies: leão do atlas – “extinto”; leão do cabo – “extinto”; leão europeu – “extinto”; leão azandica”; leão do Katanga – “muito ameaçado”; leão nubica”; leão senegalês – “muito ameaçado”; leão dos massais – protegido, mas no entanto é caçado; leão etíope; leão abissínio; leão da Somália; leão indiano – só há 200 exemplares na Índia, na reserva de Gir – sua caça é proibida; leão asiático; leão persa; leão da barbaria; leão do nordeste do Congo; leão do sudoeste africano; leão angolano; leão do transvaal; leão do sudeste africano; leão núbio; leão do leste africano; leão da África ocidental.
Leões, assim como os tigres, podem sofrer leucismo, uma mutação genética rara. A mutação causa uma despigmentação dos pelos e leva os animais a serem chamados de leões brancos e podem ser encontrados em algumas reservas na África do Sul e em zoológicos. Essa mutação é diferente do albinismo.
Ameaças:
A “União Internacional para a Conservação da Natureza e dos Recursos Naturais” (IUCN) classifica a espécie como “vulnerável”. Nos últimos 20 anos vem sofrendo uma grave diminuição populacional (cerca de 50%) na África. Atualmente o número de leões nesse continente não chega a 30 mil indivíduos. Na Ásia, o leão vive numa única área protegida e sua população é estável, mas está classificado como “em perigo”, já que a população não passa de 350 animais. Entre as principais ameaças que preocupam sobre sua conservação estão a perda de habitat por desmatamentos, queimadas, etc., e os conflitos com humanos que invadem seus territórios.
Onça Pintada – “Panthera onca”:
Excerto do texto “Onça Pintada”– de Martha Follain
Depois do tigre e do leão a onça pintada é o 3º maior felino do mundo e o maior das Américas. É também conhecida como “jaguar”.
Esse felino solitário alimenta-se principalmente de capivaras, preguiças, coelhos, cobras, sapos, tamanduás, veados, antas, vertebrados de pequeno porte e peixes, pois gosta de água e de nadar. Sua dieta inclui cerca de 87 espécies de animais. Pode ficar até uma semana sem comer, mas também ingerir 20 kg de carne em um dia. Pesa aproximadamente de 35 a 130 kg e tem em média cerca de 1,80 m (machos) de comprimento. Sua cor é um mesclado de amarelo, castanho, preto e branco, sendo que a onça preta é um caso de melanismo – não confundir com pantera negra, que é um leopardo. Vive de 12 a 25 anos, gerando de 1 a 4 filhotes por ano. Emite um som forte e grave conhecido como esturro.
A onça pintada está no topo da cadeia alimentar, não sendo predada por nenhum outro animal (só pelo homem), podendo nadar, rastejar e escalar. Tem a mordida mais forte entre todos os felinos, permitindo que perfure a carapaça de tartarugas e a casca dura de répteis, mordida essa capaz de alcançar até 910 kgf – isso é 2 vezes a força da mordida de um leão. A onça pintada geralmente mata por sufocamento, com uma mordida no pescoço da presa (sempre se deslocando contra o vento e saltando sobre seu dorso. O nome “jaguar” no dialeto tupi guarani significa “o que mata com um salto”), mas pode utilizar um método de caça incomum e peculiar: mordendo diretamente com os caninos através do osso temporal do crânio, entre as orelhas, o que atinge o cérebro de uma forma letal.
Subespécies: Estudos recentes não demonstraram a existência de subespécies bem definidas, e muitos cientistas nem reconhecem a existência delas. Alguns especialistas reconhecem apenas 3 subespécies: “Panthera onca onca”; “Panthera onca hernandesii”; “Panthera onca palustres” (a maior subespécie, pesando mais de 135 kg).
Ameaças
Está “seriamente ameaçada de extinção”, principalmente pela deterioração de seu habitat por desmatamento e queimadas (para sobreviver ela necessita de um amplo território com disponibilidade de caça e abundantes recursos hídricos), sendo considerada “extinta” nos Estados Unidos (desde o século XX), El Salvador, Guatemala e Uruguai (existia desde os Estados Unidos até a Argentina). No Brasil vivia em todas as regiões, em florestas tropicais, mas atualmente está restrita à região norte até o leste do Maranhão, partes da zona central e a algumas áreas isoladas das regiões sul e sudeste. No Brasil, o declínio das onças pintadas na mata atlântica foi apontado por um estudo do “Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade”. Segundo a “União Internacional para a Conservação da Natureza” esse felino está na categoria “criticamente ameaçada”.
A onça pintada vem sendo caçada por fazendeiros e agricultores que têm seus rebanhos atacados – culpa deles próprios, que transformam mata nativa em áreas de pastagem e/ ou cultivo, pois a onça só ataca animais domésticos quando não consegue caçar. Assim, as áreas naturais para as onças são cada vez mais raras. Seu habitat vem vendo alterado e destruído pelo homem. E, lamentavelmente, ela ainda é caçada para fomentar o odioso mercado negro de peles, embora sua comercialização seja proibida.
Segundo estudo desenvolvido pelo “Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Mamíferos e Carnívoros” (CENAP – ligado ao IBAMA), atualmente há menos de 250 onças pintadas adultas vivendo no Brasil, Paraguai e parte da Argentina. E apenas 50 estão em idade reprodutiva. Esse alerta é também de cientistas brasileiros do “Sistema Nacional de Pesquisa em Biodiversidade” (SISBIOTA) e foi publicado na Revista “Science”. A onça pintada, como predador do topo da cadeia alimentar, caso desapareça, criará um grande distúrbio no equilíbrio ambiental. No Brasil diversos ecossistemas seriam ameaçados destacando-se o cerrado, mata atlântica e floresta amazônica. Herbívoros, como capivaras e veados, se multiplicariam descontroladamente, destruindo matas e plantas. Seria o fim da mata atlântica, segundo Ronaldo Morato, chefe do CENAP.
Leopardo – “Panthera pardus”:
Leopardo ou pantera, também chamado de onça do cabo verde em Angola, é um mamífero carnívoro, de corpo robusto, mede 90 cm de altura, 1,50 m de comprimento sem incluir a cauda (1 m de cauda). As fêmeas têm cerca de 2/3 do tamanho do macho. As patas são curtas em comparação ao corpo. Pesa cerca de 80 kg, mas seu tamanho varia muito. As menores subespécies podem pesar apenas 30 kg (como no caso do leopardo árabe), e as maiores podem pesar quase 3 vezes mais ( leopardo do Ceilão). Suas garras são extremamente longas, mesmo para carnívoros. Muito afiadas, constituem, juntamente com os dentes, perigosas armas de ataque e defesa. É um dos mais belos animais selvagens.
Suas patas possuem forte musculatura, e podem de um só golpe, estripar um animal grande, como uma girafa ou antílope. Como vive em ambientes diversificados, a alimentação dos leopardos é também muito variada. Mas, em geral suas presas são animais de tamanho médio como antílopes, macacos, etc., mas o leopardo pode transportar presas 6 vezes mais pesadas que ele leva para o cume de árvores, para tirá-las do alcance de leões e hienas e ali devorá-las.
Sua pelagem é de cor amarelada com pintas mais escuras de cor laranja contornadas de preto, em forma de rosetas. Não há 2 leopardos iguais – suas pelagens os identificam segundo a forma e o tamanho das manchas. Têm uma gestação de 12 semanas gerando 2 ou 3 filhotes e na natureza podem viver até 15 anos.
A pantera negra (“Panthera pardus melas”) vive nas selvas da Malásia, Sumatra, Ásia, e na Etiópia. Essas panteras negras sofrem de melanismo (fenômeno oposto ao albinismo) e infelizmente possuem a pele muito cobiçada por caçadores, e são relativamente comuns em regiões florestais.
Os leopardos são muito ágeis, como o leão, o tigre e a onça pintada. Habitam quase toda a África, mais o sul do Saara e também a Ásia (do Irã à Manchúria) nas Américas e em algumas partes da Europa. Ocupam uma grande variedade de habitats e possuem hábitos noturnos. Os leopardos possuem caudas longas, que os ajudam a manter o equilíbrio ao subir em árvores (eles preferem comer suas presas no alto das árvores) ou ao fazer longas corridas em grandes velocidades (cerca de 50 km/h). A onça pintada não possui cauda tão longa. Leopardos matam por sufocamento, mordendo a garganta ou a boca e em volta do nariz. Munido de longas garras, seu ataque consiste em saltar de uma árvore sobre sua presa, sufocando-a com uma mordida na garganta. Sua dieta é muito variada, incluindo 100 espécies diferentes.
O leopardo é parente próximo da onça pintada, tanto que à primeira vista, se confundem. Mas os leopardos são menores. As onças apresentam corpo e cabeça mais robustos. Leopardos apresentam manchas formadas por pintas circulares muito próximas e as onças pintadas têm pintas em forma de rosetas.
Subespécies: leopardo de amur – “criticamente ameaçado”; leopardo persa; leopardo do norte da China; leopardo da Anatólia; leopardo árabe – “criticamente ameaçado”; leopardo indiano; leopardo do Ceilão; leopardo da Indochina; leopardo de Java; leopardo do Cáucaso; leopardo africano; leopardo da arábia – “criticamente ameaçado”; leopardo do atlas; leopardo do Sinai; leopardo de Zanzibar – “extinto”.
O leopardo nebuloso e o leopardo das neves são espécies que pertencem a gêneros diferentes, apesar do nome leopardo em comum.
Ameaças:
Todas as espécies de leopardo estão em “perigo de extinção”. É um dos animais com maior “risco de extinção” no mundo. A espécie, comumente encontrada no Oriente Médio vem sendo dizimada pelas guerras, desmatamentos e atropelamentos. E, a maior ameaça é através da caça com o objetivo de obter sua bela pele, de grande valor econômico, utilizada para confecção de bizarro vestuário, principalmente de casacos. Atualmente existem pouco mais de 1000 indivíduos no mundo.
Guepardo – “Acinonyx jubatus”:
O guepardo, também chamado de chita, chita africana, lobo tigre, leopardo caçador ou onça africana, é o mais rápido dos animais terrestres. Suas unhas não são retráteis e servem para aumentar a velocidade, pois aumentam a tração e a aderência – se parecem mais com unhas de cachorros. Unhas não retráteis não permitem preensão, portanto, guepardos não podem escalar árvores na vertical. Apenas outras 3 espécies de felinos possuem unhas não retráteis: gato pescador, gato de cabeça chata e o gato de iriomote.
As patas da frente têm 4 dedos e um 5º dedo chamado “ergot”, situado na parte interna das patas, as patas traseiras têm 4 dedos Tem um comportamento atípico dentro da família “Felidae”, sendo considerado o mais sociável dos grandes felinos (à exceção do leão). Guepardos têm ninhadas maiores que a maioria dos felinos, chegando até 8 filhotes, mas a média é de 3 ou 4 . Irmãos de uma mesma ninhada, por vezes, chegam a permanecer juntos por toda a vida.
Fisicamente é esbelto e esguio, com pernas longas. Seus coxins plantares (almofadas nas patas) possuem ranhuras e tem uma cabeça pequena, aerodinâmica e focinho curto, possibilitando que se mova a grande velocidade, sua longa cauda dando-lhe estabilidade nas curvas. É o animal terrestre mais rápido do mundo (só perde em velocidade para o falcão peregrino), atingindo velocidades entre 110 e 120 km/h em curtas distâncias (até 500 m), e tem a capacidade de acelerar de 0 a mais de 100 km/h em 3 segundos. Pode viver de 14 a 17 anos na natureza. Apesar de ser rápido não costuma correr grandes distâncias. Ao contrário dos outros grandes felinos o guepardo não pode rugir, mas pode ronronar e emitir outros tipos de vocalizações:
Pios ou gorjeios: quando os guepardos tentam encontrar uns aos outros, ou a mãe tenta localizar as crias, utiliza um chamado de alta frequência. Os pios também são emitidos pelos filhotes quando tentam encontrar a mãe respondendo-a;
“Gagueira”: esta vocalização é emitida por um guepardo durante encontros sociais. Uma “gagueira” pode ser vista como um convite a outros guepardos, uma expressão de interesse, apaziguamento, ou durante as reuniões com o sexo oposto;
Rosnado: acontece quando o guepardo se sente ameaçado, e quer se proteger de algum predador, embora a defesa mais usada seja correr;
Ronrono: acontece quando o animal está contente geralmente em encontros sociais amigáveis quase sempre entre uma mãe e suas crias. O guepardo é o único dos grandes felinos que consegue ronronar;
Vocalizações de hostilidade: incluem uma combinação de rosnados, gemidos e assobios e um “grito” tradicional dos guepardos em sequência que é frequentemente acompanhado por forte batida das patas dianteiras no chão. (wikipédia)
O padrão exclusivo dos anéis em sua cauda identificam cada indivíduo. Pode pesar entre 28 e 65 kg.
O comprimento total do corpo varia de 1,10 a 1,50 m. Sua pelagem é alaranjada com pontos negros arredondados, e na face existem duas linhas negras, de cada lado do focinho, que descem dos olhos até à boca, formando o que é chamado de “trajeto de lágrimas”.
Ocorre na África, península Arábica e sudeste da Ásia. Atualmente no continente asiático, só existem guepardos selvagens (Irã e Afeganistão), mas são poucos indivíduos.
O guepardo é um predador, perseguindo suas presas em alta velocidade, em vez de caçar por emboscada. É um caçador solitário, mas pode por vezes caçar em dupla. Faz perseguições em alta velocidade e costuma caçar pela manhã presas de pequeno e médio porte. Porém, pode desistir de sua caça quando se vê ameaçado por leões ou hienas, pois é mais fraco que eles e sua mordida é menos potente em comparação à desses animais.
Subespécies: guepardo asiático; guepardo do noroeste africano; guepardo da África ocidental; guepardo do sul da África; guepardo da África central.
Guepardo real:
Era considerado uma nova subespécie, mas é uma rara mutação de pelagem do guepardo comum. Possui uma variação no gene que determina as características dos pelos. Ele possui uma “faixa” negra nas costas. O guepardo rei só foi visto na natureza poucas vezes, e tem sido criado em cativeiro.
Ameaças:
Como todos os felídeos, também estão ameaçados pela perda dos seus habitats e pela caça, por causa de suas bonitas peles. Os desmatamentos para utilização para a pecuária reduz o número de presas e portanto de guepardos. Mas uma grande ameaça para eles são leões e hienas que, muitas vezes, furtam a presa abatida. E, é difícil guepardos se reproduzirem em cativeiro, porque entre todos os grandes felinos é o que tem menos capacidade de se adaptar a novos ambientes. Além do que os filhotes possuem alta taxa de mortalidade, pois são caçados por outros carnívoros, principalmente leões e hienas.
O guepardo está na lista da “União Internacional para Conservação da Natureza” (IUCN) como “espécie vulnerável” (as subespécies africanas estão “ameaçadas” e a subespécie asiática em “situação crítica”). Restam aproximadamente 12400 guepardos na natureza em 25 países africanos. A Namíbia tem a maioria, com cerca de 2500. Outros 50/60 guepardos asiáticos “criticamente ameaçados de extinção” vivem no Irã. A área de ocorrência do guepardo no Irã encontra-se em região remota, próxima à fronteira com o Afeganistão, onde as forças de segurança iranianas têm dificuldade de penetrar devido à presença de quadrilhas que praticam o tráfico de heroína.
A “Cheetah Conservation Fund”, criada na Namíbia em 1990, tem como objetivo proteger e garantir a vida dos guepardos, envolvendo todo o ecossistema que estrutura esses animais, de forma sustentável.
Leopardo das Neves – “Panthera uncia”:
Felino solitário é nativo da Ásia central, habitando áreas altas e geladas, entre 3000 e 6000 m, no Himalaia e nas montanhas do norte da China, onde estão distribuídos esparsamente. É menor que outros grandes felinos e tem comprimento de 1,30 m a 1,50 m e altura por volta de 60 cm. Sua cauda pode chegar a 1 m, sendo considerada longa para o tamanho de seu corpo. O peso varia dependendo da região, mas fica em torno de 55 kg a 80 kg. Sua cabeça é relativamente pequena.
O leopardo das neves está bem adaptado às grandes altitudes: sua pelagem é espessa, longa, variando do cinza claro ao escuro com as partes inferiores quase brancas proporcionando proteção ideal contra o frio que pode chegar a -40° C. (seu corpo possui rosetas e pintas pretas). Possui grandes cavidades nasais (a cavidade nasal alargada aquece o ar inalado) e peito bem desenvolvido que facilitam a respiração do ar rarefeito. Sua longa cauda pode ser enrolada em torno do corpo para aquecê-lo. Suas orelhas são pequenas e arredondadas, o que diminui a perda de calor. Suas patas são largas, próprias para andar na neve.
O leopardo das neves emite um miado/grunhido, que não chega a ser um rugido, pois somente leões, leopardos tigres e onças são capazes de rugir. Felídeos também emitem sons de sibilos e silvos, e o leopardo das neves não é uma exceção.
Eles são caçadores oportunistas, que podem caçar desde um iaque (que pesa mais de 200 kg) até um pequeno veado almiscarado (que pesa 10 kg). Podem também caçar aves como faisões ou marmotas. Caça sufocando suas presas.
Pouco se sabe a respeito desse animal que raramente é visto por seres humanos. Na natureza, não existem mais do que 4000 leopardos das neves e raramente são observados. Por serem pouco vistos, são chamados de gatos fantasmas ou fantasmas cinzentos.
Subespécies: “Panthera uncia uncia”; “panthera uncia uncioides”.
Ameaças:
A “União Internacional para a Conservação da Natureza” (IUCN) classifica-o como uma espécie “ameaçada de extinção” desde 1986. O leopardo das neves é um dos felinos mais ameaçados da atualidade. A espécie encontra-se em “perigo de extinção” devido à diminuição das presas e à caça para comércio ilegal da pele e dos ossos, usados em pseudo medicamentos na medicina tradicional chinesa.
A pelagem do leopardo das neves é muito mais bela do que a de qualquer outro leopardo e infelizmente atrai caçadores. A pele é macia e espessa, de pelos longos e sedosos, com uma lanugem na base. As manchas são de cores delicadas. A caça é a maior ameaça ao leopardo das neves por causa de sua pele. Muitos são os animais sacrificados para a confecção de um único “casaco de peles”. Para a vil confecção de 1 casaco sem cicatrizes e cujas manchas combinem em forma e em cor, dezenas de animais são assassinados. A futilidade da “moda” é inimiga do leopardo das neves (e de todos os felídeos, de uma forma geral).
A existência da espécie está ameaçada e sua caça foi restrita, embora ainda continue. Nos Estado Unidos a importação de casacos feitos com peles dos grandes felinos é ilegal. O leopardo das neves leva uma vantagem sobre os demais felídeos: seu habitat é de difícil acesso, pois vive em grandes altitudes. A espécie possui de 4500 a 7500 espécimes na natureza, e é alvo constante da caça clandestina.
Porém, nem tudo está perdido. Pesquisadores da “Wildlife Conservation Society” (WCS), descobriram em 2011 uma população de leopardos das neves vivendo nos limites montanhosos do Corredor Wakhan, no nordeste do Afeganistão. Segundo Peter Zahler, vice diretor do Programa da WCS “trata-se de uma descoberta maravilhosa – demonstra que há esperança real para os leopardos das neves no Afeganistão”.
Puma – Onça Parda ou Suçuarana (“Puma Concolor”) e Jaguarundi (“Puma yagouaroundi”):
Onça Parda ou Suçuarana (“Puma Concolor”):
O “Puma concolor” é também conhecido pelos nomes populares de suçuarana, puma, onça parda, onça vermelha, jaguaruna, leão baio, leão da montanha, onça bodeira, mossoroca, e leãozinho de cara suja e é um animal solitário. É o mamífero terrestre com a maior distribuição geográfica no ocidente, ocorrendo desde o Canadá até o extremo sul do Chile. Pode habitar desde florestas densas, até áreas desérticas com clima tropical ou ártico. É capaz de sobreviver fora de seu habitat em áreas alteradas pelo homem.
É o maior membro da subfamília “Felinae”, medindo até 1,55 m de comprimento, sem a cauda, e pesando até 72 kg, com porte semelhante ao do leopardo (“Panthera pardus”), sendo o segundo maior felídeo das Américas. Os “Pumas concolor” variam muito de tamanho – No Canadá e Estados Unidos eles são bem grandes, mas vão se tornando menores quando vão “chegando” à América do Sul. Em média pesam 90 kg. O comprimento é de 2,70 m com a cauda e têm 90 cm de altura. Suas pernas traseiras são maiores que as dianteiras, o que os ajuda a dar grandes saltos. Têm as mais longas patas traseiras dentre os felinos. Possuem pelagem com coloração variando do cinzento ao marrom-avermelhado, com a ponta da cauda preta. As áreas laterais do focinho e barriga são brancas. Vive em média 9 anos na natureza. A gestação dura em torno de 90 dias e geralmente nascem entre 3 a 4 filhotes, a cada 2 anos, aproximadamente.
A onça parda é um caçador que pode mudar sua dieta de acordo com o que o ambiente oferecer como presas, podendo se alimentar até de répteis, aves, peixes e insetos. Para caçar arma emboscadas.
Subespécies: Por conta de sua ampla distribuição geográfica, foram descritas muitas subespécies da onça parda. Estudos definiram cerca de 32 subespécies, mas pesquisas genéticas não corroboram essa grande variedade. Através de estudos de análise do DNA, cientistas concluíram que geneticamente existem apenas 6 subespécies: “Puma concolor cougar”; “Puma concolor costaricensis”; “Puma concolor cabrerae”; “Puma concolor capricornensis”; “Puma concolor concolor”; “Puma concolor puma molina”.
Ameaças:
A onça parda não é considerada em risco de extinção pela “União Internacional para a Conservação da Natureza e dos Recursos Naturais”, mas “já foi extinta” em grande parte da América do Norte e em algumas localidades das Américas Central e do Sul. As principais causas disso são a caça, seja por esporte ou para “proteger” o gado que criadores levaram para seus territórios, destruição de seus habitats, atropelamentos em estradas. A única população que resta no leste dos Estados Unidos está na Flórida. As maiores ameaças são a caça e destruição de seus habitats
A caça é proibida em muitos dos países em que vive, como no Brasil, Argentina, Bolívia, Chile, Colômbia, Costa Rica, Guatemala, Guiana Francesa, Honduras, Nicarágua, Panamá, Paraguai, Suriname, Venezuela e Uruguai. Nos Estados Unidos, Canadá, Peru e México, a caça é regulamentada. Somente no Equador, El Salvador e na Guiana não existe qualquer tipo de proteção. No Canadá, a caça regulamentada é permitida em Alberta e Columbia Britânica; nos Estados Unidos,a caça regulamentada é permitida no Arizona, Colorado, Idaho, Montana, Nevada, Novo México, Oklahoma, Oregon, Utah, Washington e Wyoming. Ela é proibida na Califórnia, Flórida e Dakota do Sul. No Texas não existe proteção contra a caça nem regulamentação.
Jaguarundi (“Puma yagouaroundi”):
O “Puma yagouaroundi” é uma espécie conhecida pelos nomes populares de jaguarundi, gato mourisco, eirá, gato preto, gato vermelho, maracajá preto e gato lontra. É encontrado desde o sul dos Estados Unidos até o norte da Argentina, e é o felino que menos se parece com o gato doméstico. É um animal solitário. Possui pelagem com coloração que varia do preto (os pretos vivem em florestas) ao avermelhado (avermelhados vivem em ambientes secos). Seu corpo é esbelto e alongado, com cabeça achatada e pequena com orelhas arredondadas. Tem as pernas curtas e a cauda longa. Sua pelagem é de coloração marrom parda uniforme, salpicada com pontos mais claros na maior parte do corpo (a ponta dos pelos é de cor mais clara). Seu peso varia de 6 a 9 kg, possuindo cerca de 60 cm comprimento com 70 cm de cauda. Na natureza pode viver cerca de 15 anos. Uma fêmea jaguarundi tem por ninhada de 1 a 4 filhotes.
Possui vários tipos de vocalizações como o guepardo, e pode ronronar, assobiar, gritar e até fazer sons de pássaros.
Sua alimentação pode ser tanto de pequenos mamíferos, répteis, como de aves. Alimenta-se de todo o tipo de animal, desde que seja menor que ele, mas principalmente aves e roedores. Eventualmente pode chegar a caçar animais de grande porte.
É eficaz em seus ataques e caça pequenos roedores, coelhos e até peixes. O jaguarundi é bem seletivo e só se alimenta de animais que ele mesmo tenha matado.
Subspécies: “Puma yaguaroundi armeghinoi”; “Puma yaguaroundi cacomitli”; “Puma yaguaroundi eyra”; “Puma yaguaroundi fossata”; “Puma yaguaroundi melantho”; “Puma yaguaroundi panamensis”; “Puma yaguaroundi tolteca”; “Puma yaguaroundi yagouaroundi”.
Ameaças:
É classificado pela “União Internacional para a Conservação da Natureza” (IUCN) como “pouco preocupante” mas a destruição de seus habitats é a principal causa de ameaça. Porém, é classificada pelo IBAMA, como “ameaçado de extinção”. Não é um felino muito caçado por sua pele mas, seu número vem diminuindo por perda de habitat com o desenvolvimento de cidades na América Central e do Sul. Na América do Norte esses felídeos são considerados extremamente raros. Sua caça é proibida na Califórnia, Flórida e Dakota do Sul, e somente no Texas não existe proteção contra a caça.
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Há áreas protegidas para leopardos, leões, guepardos, etc. (elefantes, búfalos, rinocerontes, hipopótamos, gnus, antílopes etc.) na África, como o “Parque Masai Mara” no Quênia com uma área de 1510 km² onde a interferência do turismo não é muito grande na fronteira ocidental, “Parque Nacional de Chobe” em Botsuana com 11700 km² – o parque tem um controle muito grande de entrada de visitantes, e o “Parque Nacional do Serengeti” na Tanzânia, com cerca de 40000 km², “Patrimônio Mundial da UNESCO” desde 1981. Nos Estados Unidos, 19 estados proibiram a posse de grandes felinos e animais exóticos perigosos como animais de estimação; há uma lei que proíbe a venda e ainda o transporte interestadual destes animais. Mas ainda não há uma lei que proíba a importação de animais abatidos (“troféus”).
No Brasil, a necessidade de conhecer melhor as espécies de menor porte de felídeos levou o “Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis” (IBAMA) a criar em 1995 em colaboração com a “Sociedade de Zoológicos do Brasil” (SZB), a “Associação Mata Ciliar” (AMC), a “Universidade Estadual Paulista” (Unesp) e a “Universidade de São Paulo” (USP) o “Grupo de Trabalho Especial para Pequenos Felinos Brasileiros”. O trabalho foi iniciado com pequenos felinos e em 1997 os grandes felídeos também foram incluídos. Mas ainda é muito pouco.
O planeta Terra é nosso lar, lugar que compartilhamos com as demais espécies. Mas o “homo sapiens sapiens” parece ser uma espécie daninha sobre a Terra, e vem sistematicamente exterminando animais desde a pré história (por onde o “homo sapiens sapiens” passou, deixou uma trilha de devastação).
Todos os dias desaparecem 10 espécies de animais. Estima-se que nos últimos 40 anos mais de 785 espécies de animais foram extintas pelo homem no mundo – esses dados são da “World Wide Fund For Nature” (WWF). No Brasil são vários os animais que estão na lista de “animais em extinção”: onça pintada, lobo guará, jaguatirica, ararinha, arara azul, mono carvoeiro, mico leão dourado, etc.. Na mais recente lista de “Espécies Nacionais Ameaçadas de Extinção” (2009) elaborada pelo “Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade” (ICMBio), órgão ambiental do governo brasileiro, criado pela lei 11.516, de 28 de agosto de 2007, foram divulgados 1173 animais ameaçados divididos em 3 categorias: criticamente em perigo, em perigo e vulnerável.
Belos, elegantes e misteriosos os grandes felinos sempre aguçaram a imaginação do homem desde o começo dos tempos, porém, atualmente, quase todas as espécies de felídeos estão ameaçadas de extinção, sofrendo a ação predatória do ser humano (principalmente as espécies sul americanas) devido à caça esportiva (?) – em busca de “troféus” (?) (participar de um “safari”, caçar, matar um leão pode “valer” mais de 150 mil dólares na África), contínua e sistemática destruição de seus habitats por desmatamento e queimadas, morrendo para que o ser humano obtenha pseudo medicamentos feitos de partes dos animais (principalmente dos tigres e leopardos das neves – pênis, patas, etc.), pelo avanço das comunidades humanas nos habitats até então selvagens (“urbanização”), pelo abate em resposta aos ataques a animais domésticos (“fazendeiros”, usurpando o território que seria dos animais selvagens, se apossam dessas áreas para a agropecuária e matam esses bichos quando eles, sem outra opção de presas, atacam vacas, ovelhas, galinhas, etc.), da captura (especialmente de filhotes), por causa de suas peles.
No Brasil os atropelamentos em estradas também são fonte de ameaças aos animais: segundo o “Centro Brasileiro de Estudos em Ecologia de Estradas” (CBEE) 450 milhões de animais silvestres morrem atropelados por ano nas rodovias brasileiras – 445 milhões são animais pequenos e médios (tatus, gambás, serpentes, sapos, furões, jiboias, macacos, corujas, gaviões, etc.). Animais grandes são 5 milhões (onças pintadas, onças pardas, gatos do mato, lobos guarás, cachorros do mato, veados, tamanduás, antas, etc. ), enfim, ações e atitudes humanas tornam muito complexo resgatar animais que estejam à beira da extinção, pois o equilíbrio dos biossistemas está sendo continuamente alterado, comprometido e devastado.
Infelizmente, todos os felídeos do mundo correm “risco de extinção” (à exceção do gato doméstico). Todos eles correm esse risco, principalmente os considerados “grandes felinos”: tigres, guepardos, leopardos das neves, onça pintada, etc.. No caso dos felinos selvagens, a situação atual das populações de algumas espécies é tão grave que há mais indivíduos em cativeiro do que em vida livre. O risco para esses animais é ainda maior porque, para determinadas espécies a taxa de reprodução é relativamente baixa na natureza e extremamente menor em cativeiro.
Se a exploração dos recursos naturais (fauna, flora, etc.) pelo homem não for estancada já, a ameaça de extinção não se estenderá somente aos felídeos: não será mais uma ameaça, mas sim o triste fim da vida no/do planeta.