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Grande tubarão branco acumula gordura no fígado antes de migrar

17 de julho de 2013
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Foto: Reprodução/ Discovery Channel
Foto: Reprodução/ Discovery Channel

Assim como as aves migratórias, o grande tubarão branco acumula gordura antes de se lançar na travessia dos oceanos, revela um estudo sobre a “flutuabilidade” desse temido predador, hoje ameaçado de extinção.

Várias espécies de animais realizam migrações anuais, que drenam suas energias. Para isso, elas contam com reservas armazenadas antes da viagem. Nos pássaros que percorrem longas distâncias, essa “reserva” pode significar até o dobro do peso.

A enguia europeia, ou enguia comum (Anguilla anguilla), precisa, por exemplo, de um mínimo de gordura corporal antes de partir para se reproduzir no mar dos Sargaços, no Atlântico Norte.

O mesmo fenômeno de armazenagem de gordura antes da migração foi observado no grande tubarão branco por uma equipe de biólogos, liderada por Gen Del Raye (Universidade de Stanford, EUA). O resultado dos estudos aparece na revista Proceedings B, da Sociedade Real britânica.

Em geral, os lipídios são moléculas de estocagem privilegiadas, devido à sua alta densidade energética e porque podem ser sintetizadas de qualquer tipo de comida ingerida.

O grande tubarão branco (Carcharodon carcharias) pesa 1,3 tonelada em média, mas alguns podem atingir até cinco metros de comprimento. Espécie protegida, ele vive nos mares temperados e é considerado o maior peixe predador do planeta.

Estudos recentes mostraram que ele também é um migrador de capacidades extraordinárias. Em 2005, uma equipe internacional de pesquisadores publicou na revista Science o tempo recorde marcado por um tubarão branco fêmea na travessia de ida e volta do oceano Índico. “Nicole” percorreu mais de 20 mil quilômetros em pouco menos de nove meses.

A equipe de Gen Del Raye estudou, por sua vez, o armazenamento de energia nos tubarões brancos na região leste do Pacífico. Eles observaram as modificações na flutuabilidade do animal durante migrações de longas distâncias (cerca de 4.000 km).

Ao contrário da maioria dos peixes, os tubarões não possuem bexiga natatória para controlar a flutuação. Neles, é o fígado que contribui para a flutuabilidade, condicionada pela relação entre o peso de um objeto na água e seu volume.

Nos tubarões, o fígado pode representar até 28% do peso total do corpo e constitui uma enorme reserva de energia. Para neutralizar o peso do animal na água, um fígado de tubarão branco de 456 kg, contendo 400 litros de óleo, pode fornecer até 50 kg de empuxo.

Os pesquisadores pensaram, então, na possibilidade de que o metabolismo das reservas lipídicas do fígado, durante uma migração longa, poderia ser detectável nas mudanças de flutuabilidade do animal. Eles usaram os dados de marcadores eletrônicos para avaliar a flutuabilidade dos tubarões brancos, medindo as mudanças na rapidez de mergulho derivante em sua viagem.

A análise dos dados mostra que os tubarões brancos são dotados de importantes reservas de lipídios no início da migração, mas que perdem progressivamente essa flutuabilidade à medida que suas reservas energéticas são consumidas.

“Esses resultados são a primeira avaliação de armazenamento de energia dos tubarões migradores”, concluíram os pesquisadores.

Fonte: Terra

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