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Governo norte-americano matou 4,3 milhões de animais em 2013

5 de julho de 2014
4 min. de leitura
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(da Redação)

Foto: Care2
Foto: Care2

Acaba de ser divulgado que o Departamento de Agricultura dos EUA (USDA) assassinou 4,3 milhões de animais selvagens, dos quais 2 milhões eram de espécies nativas, no ano “fiscal” de 2013. Entre os animais havia três águias, sendo uma “bald” e duas “golden”, espécies em extinção que são protegidas sob uma lei específica. As informações são da Care2.

O governo americano também matou 75.326 coiotes; 345 leões da montanha; 321 lobos, incluindo um muito raro, o lobo cinzento mexicano; 603 macacos; 6.498 abutres; 10.486 pássaros “mynas”, uma espécie de estorninho; 37 sapos, entre muitos outros animais.

Como isso pode acontecer?

De um lado, há a Lei de Espécies Ameaçadas (“Endangered Species Act”), assinada em 1973 pelo então Presidente Richard Nixon que, certa vez, declarou:

“Nada é mais precioso e digno de preservação que a rica variedade de vida animal com a qual nosso país foi abençoado. É um tesouro multifacetado, de valor para estudiosos, cientistas e amantes da natureza, e forma uma parte vital da herança que nós todos compartilhamos como americanos”.

A lei tem ajudado a salvar numerosas espécies da extinção. Mas, por outro lado, há um programa chamado “Wildlife Services” (“Serviços de Vida Selvagem”), subordinado ao Serviço de Inspeção de Saúde de Animais e Plantas (APHIS) do Departamento de Agricultura, e é incumbido de gerenciar o que se denominou de “espécies invasivas” e de manipular a vida selvagem quando se considera que ela está interferindo nas atividades humanas como agricultura e propriedades. Segundo a reportagem, o termo “Wildlife Services” sugere algo positivo, mas o seu antigo nome, “Animal Damage Control” (“Controle a Prejuízos por Animais”) seria uma descrição mais precisa para o que a agência de fato se presta.

Isso porque, ao invés de preservar espécies, esse departamento tem servido para massacrá-las. O número de animais mortos varia de ano para ano, tendo chegado ao pico de 5 milhões em 2008, após ter permanecido em torno de 1,5 milhão desde o início do século, e atingindo a marca vergonhosa de 4,3 milhões no ano passado.

Durante 15 anos, pelo menos 40 milhões de animais foram baleados, envenenados, enlaçados e presos pelos Serviços de Vida Selvagem, que afirmam apenas que os extermínios são um serviço para aqueles que “experienciam prejuízos causados pela vida selvagem a cada ano”. Há poucos dados mostrando o motivo de cada assassinato, os métodos exatos utilizados e as razões por trás dos números maciços de destruição dita “não intencional”.

O departamento alega que seu propósito principal é a erradicação de criaturas invasivas introduzidas de outras partes do mundo.

Mas o Wildlife Services também mata animais nativos em massa, e funciona da seguinte forma: um fazendeiro que acredita que lobos estejam atacando o rebanho de animais em sua fazenda telefona para o governo, que por sua vez envia o seu pessoal até o local para capturar, colocar armadilhas, envenenar, atirar de helicópteros ou matar quaisquer lobos que encontre nas proximidades, como se fosse uma companhia privada trabalhando para um cliente.

Carson Barylak, assessora federal do Animal Welfare Institute, declarou: “O Wildlife Services vem ignorando dados científicos sólidos para estabelecer as suas prioridades; ao invés disso, ouve pistas de fazendeiros e seus ‘colaboradores’. A influência desses interesses particulares sempre teve precedência sobre os princípios ecológicos que deveriam estar guiando as decisões da agência, e a vida selvagem está sofrendo, como resultado”.

Visto por outro ângulo, essa carnificina em massa da vida selvagem tem sido perpetrada para atender a fazendeiros e rancheiros, que, por sua vez, matam milhões de vacas, galinhas, perus, porcos, cordeiros e outros animais explorados para fornecer carne para consumo humano.

Sendo assim, o Wildlife Services está matando milhões de animais inocentes como um “favor” para servir aos interesses daqueles que também matam milhões de animais.

Em adição aos animais citados no início da reportagem, do número total de mortos em 2013 pelo departamento, dois milhões são nativos americanos incluindo 866 linces, 528 lontras, 3.700 raposas, 12.186 cães-de-pradaria, 973 falcões de cauda vermelha e 419 ursos negros.

É possível ler o relatório em um documento de 665 páginas que detalha os métodos de captura dos animais e quantos foram mortos, destruídos, liberados ou realocados, mas não menciona qualquer razão para a captura. Algumas capturas são listadas como “não intencionais”, como por exemplo as mortes de três águias, uma das quais tendo sido capturada com uma cápsula de cianureto ( “M-44 Cyanide Capsule” ).

Outros métodos incluem bolas de tinta, veículos, armadilhas, laços, bombas e “pirotecnia” (sic) — “como atirar fogos de artifício em um bando de pássaros para fazer com que eles se movam”, explica Amy Atwood, advogada sênior da Center for Biological Diversity, uma organização ambiental sem fins lucrativos.

Atwood descreve o trabalho do Wildlife Services como uma “campanha impressionante de assassinato, financiada pelos contribuintes”, e que acontece “longe dos olhos da maioria dos americanos”.

Em dezembro do ano passado, a ONG entrou com uma ação demandando que a agência explicasse as razões exatas das mortes de cada animal nativo, bem como em benefício de quem foram feitas e quais os métodos utilizados. O documento referia-se ao Wildlife Services como “uma agência trapaceira” e que estava “fora de controle”.

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