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Governo irlandês mente sobre quantidade de gás estufa emitido por fazendas de laticínios

29 de junho de 2018
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Em abril deste ano, o ministro da agricultura irlandês, Michael Creed, deu ao parlamento uma notícia que foi ecoada por altos funcionários e ministros do seu departamento. Entre os anos de 2012 e 2016, houve um aumento de 22% na quantidade de gado nas fazendas e de 27% na produção de leite.

O que realmente chamou a atenção de todos foi que, mesmo com os índices elevados e a produção cada vez maior, a emissão de gases nocivos à atmosfera não acompanhou o ritmo – subira em apenas 8%.

Reprodução | The Independent

Enquanto as informações eram repetidas pela mídia local e pela população, a organização governamental An Taisce – Fundo Nacional para Locais de Interesse Histórico ou Beleza Natural da Irlanda – ficou intrigada com os números. Em sua opinião, o governo estaria enganando o público sobre os níveis de emissões de gases de efeito estufa das vacas do país.

A desconfiança da An Taisce foi comprovada pela Agência de Proteção Ambiental Irlandesa (EPA), que fez uma pesquisa e obteve dados refutando as alegações: o aumento nas emissões de gases estufa correspondeu ao aumento nos animais e no volume de leite produzido. Dito como de 8%, o crescimento foi na realidade de 24%.

Quando a organização pressionou Michael Creed para que corrigisse formalmente os registros do governo, reconhecendo o erro, o ministro explicou que a alegação de “apenas 8%” é baseada na agricultura como um todo.

“É válido considerar um setor inteiro quando apresenta dados”, declarou em entrevista a jornal local. Embora o setor de laticínios esteja se expandindo rapidamente, outros estão se contraindo – mantendo um equilíbrio.

“Parece que o ministro agora está disposto a enganar o Dáil [parlamento irlandês] e o público, mesmo quando questionado. Isso é inaceitável ”, afirmou a organização An Taisce. “Nós agora pedimos publicamente ao ministro que corrija o registro do parlamento com urgência”.

A agricultura do país é responsável por uma contribuição na emissão de gases estufa desproporcional em relação ao resto da Europa. É importante que o parlamento irlandês seja transparente nas informações sobre a indústria de laticínios porque ela, sozinha, é responsável por 1/3 desta emissão – maior contribuinte individual em toda a Irlanda.

Além disso, de acordo com as projeções da EPA, se a nação continuar no caminho que vem sendo trilhado até então, irá reduzir as emissões de carbono em apenas 1% até 2020, em vez da meta de 20% estabelecida pela UE.

O primeiro-ministro irlandês, Leo Varadkar, admitiu que “não está orgulhoso do desempenho da Irlanda” em relação ao clima. Mas as emissões agrícolas continuam crescendo, enquanto o número de vacas nas fazendas aumenta.

Organizações agrícolas irlandesas e políticos pediram pesquisas sobre algas marinhas e outros alimentos especializados que podem reduzir a quantidade de metano emitido por vacas. No entanto, essas ações não serão suficientes para ajudar a Irlanda a atingir suas metas climáticas.

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