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ATIVISTAS COBRAM

Governo do Reino Unido silencia sobre promessa pré-eleitoral de proibir o foie gras

17 de fevereiro de 2025
3 min. de leitura
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Foto: Reprodução

Há temores de que o governo do Reino Unido não cumpra sua promessa pré-eleitoral de proibir as importações de foie gras, um produto notório por sua crueldade na produção. A possível falha em implementar essa proibição está ligada às negociações do Brexit com a União Europeia (UE), que podem dificultar a adoção de medidas mais rigorosas em relação ao bem-estar animal.

O foie gras, cujo nome significa “fígado gordo” em francês, é produzido por meio da alimentação forçada de patos e gansos, um processo que causa sofrimento extremo aos animais. Embora a produção de foie gras seja proibida no Reino Unido há quase duas décadas, o país continua a importar o produto, com cerca de 200 toneladas trazidas em 2021, segundo a RSPCA (Sociedade Real para a Prevenção da Crueldade contra os Animais).

Grupos de defesa dos direitos animais alertam que as negociações em curso com a UE sobre um acordo veterinário pós-Brexit podem comprometer a promessa de proibir a importação de foie gras. O objetivo do acordo é reduzir a burocracia e as verificações nas fronteiras, o que poderia incluir o reconhecimento mútuo de padrões de bem-estar animal entre o Reino Unido e a UE. Como o foie gras ainda é legal em vários países europeus, essa medida poderia inviabilizar a proibição proposta pelo governo britânico.

A preocupação surge em um momento em que a maioria dos eleitores britânicos demonstra apoio a medidas mais rigorosas em defesa dos animais. Uma pesquisa realizada pela Humane World for Animals (anteriormente Humane Society International) revelou que 77% dos eleitores apoiam a proibição de produtos como o foie gras, cujos métodos de produção são considerados cruéis e já são ilegais no Reino Unido. Além disso, 72% dos entrevistados defendem mais leis para melhorar o bem-estar animal de forma geral.

Abigail Penny, diretora executiva da Animal Equality UK, destacou a importância de honrar a promessa eleitoral. “O governo fez um compromisso público de proibir as importações de foie gras, uma medida amplamente apoiada pela população. Discursos não são suficientes; os animais precisam de ações concretas. A crueldade envolvida na produção de foie gras é inaceitável, e o governo não pode tratar essa questão como um mero jogo político. O público está cansado de esperar, e continuaremos lutando para garantir que essa proibição se torne realidade”, afirmou Penny.

Enquanto isso, alternativas ao foie gras tradicional, como versões à base de células cultivadas ou ingredientes vegetais, ganham espaço no mercado. A Gourmey, por exemplo, desenvolveu o que descreve como o “primeiro foie gras cultivado do mundo”, oferecendo uma opção ética e sustentável. Essas inovações podem ajudar a reduzir a demanda pelo produto tradicional e facilitar a transição para uma proibição definitiva.

O Departamento de Meio Ambiente, Alimentação e Assuntos Rurais (DEFRA) do Reino Unido foi questionado sobre o compromisso com a proibição, mas se recusou a comentar, afirmando apenas: “Não comentaremos sobre isso”. A falta de transparência aumenta a preocupação de que a promessa possa ser abandonada, deixando os animais à mercê de práticas cruéis.

A proibição das importações de foie gras não é apenas uma questão de bem-estar animal, mas também um teste para o compromisso do governo com os direitos animais e a vontade popular. Enquanto as negociações com a UE avançam, defensores dos animais esperam que o Reino Unido não abra mão de sua posição ética em prol de interesses econômicos. A luta por uma legislação mais forte e compassiva continua, com a esperança de que os animais não sejam mais vítimas de práticas desumanas.

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