O Governo da província de Luanda, em Angola, inicia terça-feira a campanha massiva de matança de animais abandonados, com a inadmissível justificativa de controlar a raiva e outras epidemias de origem animal que assolam a cidade.
Segundo a Direção Provincial da Agricultura, a campanha será efetuada em sistema rotativo, por municípios, a fim de rentabilizar os meios e consequentemente aumentar indiscriminadamente os níveis de captura e abate. Por ironia, a campanha iniciará na clínica veterinária do CDUAN (junto às Faculdades de Letras e Arquitetura).
Às segundas-feiras serão abrangidos os municípios do Cazenga e Cacuaco, às terças-feiras, Samba e Maianga. Todas as quintas-feiras a campanha será realizada no Kilamba Kiaxi e Viana. Os municípios do Sambizanga, Rangel e Ingombota deverão recolher os animais às sextas-feiras.
Não existem informações por quanto tempo essa ação será praticada, nem a quantidade de animais estimados que vivem pelas ruas da cidade, a fim de que se possa mensurar o quanto os animais possam estar envolvidos na transmissão de doenças. Outra dado que não é mencionado é a quantidade de pessoas que estão realmente infectadas e em que condições estão vivendo.
Com informações da Angop
Nota da Redação: Ao autorizar a matança desses animais e, com isso, condenar vidas de inocentes à morte, o governo de Luanda está praticando uma grande violência e, portanto, um crime grave. É sabido que o extermínio dos animais de rua não resolve o problema de superpopulação e epidemias, pois sem as ações adequadas esses animais continuarão a se reproduzir e novas chacinas serão autorizadas. Alternativas muito mais eficientes visam prevenir situações alarmantes e envolvem nada mais do que educação. O controle de populações de cães e gatos abandonados pode ser feito com campanhas de castração e conscientização, mostrando as responsabilidades sobre o cuidado com os animais e as consequências de sua reprodução. Além disso, infraestrutura básica, higiene e medidas de prevenção são fundamentais para o controle das epidemias, mesmo que sejam transmitidas pelos animais. Em vez de aplicar forças para uma ação criminosa que viola os direitos animais, todo o dinheiro e energia utilizados no massacre poderiam ser direcionados para o que realmente é justo e funciona: ações pacíficas, campanhas e educação ambiental.