Por Stephanie Feldstein
Traduzido por Giovanna Chinellato (da Redação)
Dois meses após a morte da treinadora do Sea World no tanque da orca chamada Tilikum, um comitê da Casa Branca, nos Estados Unidos, convocou uma audiência sobre mamíferos marinhos em cativeiro: são significantes para a educação pública?
Dentre aqueles que foram ao Capitólio para depor estavam experts em mamíferos marinhos, representantes de zoológicos e aquários, um cientista da Humane Society International e Louie Psihoyos, diretor do documentário vencedor do Oscar The Cove e diretor da Oceanic Preservation Society.
Previsivelmente, a curadora do Sea World, Julie Scardina, alegou que as orcas e golfinhos educam e inspiram crianças. Alan Grayson, oficial cujo distrito inclui Orlando, onde fica a Sea World, diz que o parque proporciona uma “oportunidade para se conectar com a vida selvagem de forma bem significativa”. Ah, claro, e “o impacto econômico é tremendo”.
Do outro lado, Louie Psihoyos disse que esses circos de golfinhos não são mais do que “truques estúpidos para nossa diversão. Já superamos isso. Nossas crianças já superaram isso”.
Ele foi apoiado pelo biólogo de orcas presente na audiência, que elevou a crítica a um patamar superior – além da falta de estímulo e ambiente limitado para os animais – para dizer que esses parques sequer passam informações corretas para o público. Em outras palavras, a insistência da Sea World em dizer que tem benefícios educativos que compensam os riscos (exemplo: a morte de uma treinadora) é ultrapassada e incorreta.
Esse argumento vale ouro, já que a licença para exibir mamíferos marinhos para o público vem da habilidade da instituição em provar seu valor educacional ou de conservação baseados em padrões da indústria. O problema é que esses padrões nunca foram definidos pela National Marine Fisheries Service, que expede as licenças e que também não se preocupa em fiscalizar ambientes e nunca revogou um pedido de licença.
Essa é só mais uma forma de a Sea World burlar o governo. Mamíferos marinhos mantidos presos nos chamados zoos, aquários e parques “educacionais” são excluídos do Ato de Proteção ao Mamífero Marinho de 1972, o que supostamente deveria proibir a caça e captura desses mesmos animais. Fiscalizações do trato dado aos golfinhos e baleias em cativeiro deveriam estar sob a USDA’s Animal Plant e Health Inspection Service (Serviço de Inspeção de Fauna e Flora), mas forem repassadas para a National Marine Fisheries Service. Como resultado, esses parque foram liberados para autorregular o tratamento dado aos animais e se safaram passando informações tendenciosas ao público e ocultando a verdade sobre mamíferos marinhos mantidos em cativeiro.
Logo, em resposta à questão inicial do debate – mamíferos marinhos em cativeiro são significantes para a educação pública? – a resposta não pode ser encontrada na Sea World nem em nenhum outro parque de mamíferos marinhos. Espera-se que isso fique bem claro na audiência de terça-feira, e que o Congresso comece a se mexer para mandar esses animais de parques de entretenimento para santuários.
Com informações de Animals Change