(da Redação)
Filhotes órfãos de lobos e ursos estão sendo mortos no Alasca sob comando e autorização do governador Sean Parnell e equipe. As informações são da Global Animal.
A situação de orfandade dos filhotes também é consequência da política do estado do Alasca, que peca na proteção a esses animais e desrespeita até mesmo o seu direito básico à vida progressivamente, nos últimos anos.
Em 2009, o anúncio de que os animais podiam ser mortos partiu do governo americano. Apesar da população ainda apresentar números críticos, o presidente Obama retirou os lobos da lista de espécies ameaçadas e liberou a caça, conforme publicado pela ANDA. Desde então, os americanos envenenaram, caçaram ou mataram os lobos a tiros não só no Alasca mas também em muitos estados do país.
Os ursos pardos e negros, por sua vez, vêm enfrentando a perda de habitat em todo o território americano, e no Alasca não foi diferente. São odiados pela população, que os julga perigosos, e a sua caça foi intensificada nos últimos anos e, pelo que se tem notícia, sobretudo desde meados de 2012.
Com isso, a matança indiscriminada de lobos e ursos nos últimos anos foi apoiada pelo que se chamou “programa estadual de controle de predadores”, com animais (inclusive filhotes) mortos por envenenamento com gás dentro de suas tocas, outros sendo alvejados por helicópteros, e outros caçados cruelmente e das mais diversas formas, inclusive com o uso de armadilhas.
Depois de matar os adultos, o governo passou a perseguir os filhotes de modo contumaz.
“Matar no local”
A política de se matar filhotes de lobos e ursos é denominada pelo governo de protocolo “kill-on-site” (“matar no local”). Apesar da “medida” ter sido adotada formalmente no dia 07 de junho de 2009, pode-se dizer que a “kill-on-site” tenha sido apenas uma nomenclatura dada para algo que já se praticava no Alasca.
Após terem matado todos os lobos adultos de duas alcateias na península sul do Alasca usando como justificativa o programa de controle de predadores da primavera de 2008, biólogos do Alaska Department of Fish & Game (ADFG) arrancaram 14 filhotes de lobo recém nascidos de duas tocas e atiraram na cabeça de cada um.
A subsequente indignação pública perante o fato levou à adoção de um protocolo em novembro de 2008, exigindo que filhotes de lobo órfãos fossem recolhidos vivos e encaminhados para zoológicos e abrigos.
Mas, em maio de 2009, sem conhecimento do público e desejando dar continuidade e prioridade ao programa de controle de lobos na península do Alasca, o governo adotou um novo protocolo no qual os filhotes seriam envenenados por gás. Embora nunca tivesse havido um caso de raiva em filhotes de lobos, o argumento do estado para a adoção do protocolo letal no norte e oeste do Alasca foi um “suposto risco de raiva em filhotes de lobos”.
Dada a ausência do risco de raiva, muitos defensores de direitos animais afirmam que o novo protocolo “kill-on-site” foi adotado por outras razões, incluindo a própria administração pública atual e os seus apoiadores políticos, bem como um “desdém irracional, ou até mesmo um ódio” aos lobos, e ainda o desejo de não comprometimento por parte do governo em realocar jovens órfãos.
Filhotes de lobos e ursos permanecem dependentes de seus pais por mais de um ano após o nascimento, e a própria morte desses adultos pelo programa de controle de predadores do estado e pela liberação da caça resulta na morte de muitos desses filhotes, que não sabem viver por si mesmos quando muito jovens.
Duas vezes em 2014, o governo do Alasca foi cobrado por ativistas quanto ao fim do protocolo “kill-on-site”, mas o mesmo declinou revertê-lo, citando mais uma vez a preocupação com o risco de contágio de raiva pelos filhotes – mesmo que não tenha havido até hoje um único caso no país.
Se o argumento do risco da raiva é infundado, e quanto aos filhotes de ursos? Infelizmente, estes também continuam sendo mortos. Em um comunicado à imprensa emitido em 29 de maio de 2014, o ADFG admitiu que seus biólogos mataram ursos negros recém nascidos nesta primavera, conforme seu “programa de controle de predadores de Kuskokwim (GMU 19A)”.
Segundo a reportagem, apesar de muitos cidadãos do Alasca considerarem a atitude do governo desumana, antiética e inaceitável, assim como a ONG Friends of Animals vir acompanhando o caso e manifestando repúdio, não é possível vislumbrar que essa situação esteja sequer perto do fim.