As áreas protegidas são vitais para a conservação das espécies e dos seus habitats, mas por si sós não são suficientes. O controle das atividades econômicas, como as dos madeireiros, ou de outras clandestinas, como a caça, nas áreas que lhe são adjacentes, é essencial para promover a biodiversidade.
Esta é a conclusão do primeiro grande estudo de conservação global para uma região, que foi realizado pela Wildlife Conservation Society (WCS) na zona de Ndoki-Likouala, no Norte da República do Congo, que abriga importantes populações de elefantes, gorilas e chimpanzés.
Os resultados desta investigação, que foram publicados esta semana na revista científica PloS ONE, são também um aviso. No ano em que se celebra a biodiversidade, e num momento em que já se percebeu que o objetivo de redução da perda de biodiversidade definido para 2010 não está sendo cumprido pelos países, será necessário mudar de estratégia.
Os investigadores da WCS avaliaram as populações de animais selvagens naquela região do Norte do Congo, distinguindo as diferentes utilizações do terreno que ali se praticam: a área protegida do Parque Nacional de Nouabalé-Ndoki (criado em 1993), uma zona de reserva gerida localmente e várias outras adjacentes que estão concessionadas a madeireiros.
A equipe, que foi coordenada por Emma Stokes, verificou que a manutenção de zonas protegidas, a par de um apertado controle da caça e de cortes sustentáveis de floresta nas zonas circundantes são um conjunto crítico para a manutenção das populações selvagens de elefantes, gorilas e chimpanzés.
Os elefantes e os chimpanzés são particularmente sensíveis à presença humana fora do parque nacional e por isso esta zona de reserva total tem um papel determinante na distribuição das populações destas duas espécies. De acordo com os dados recolhidos, aquele parque nacional poderá mesmo ser um dos locais mais importantes para os chimpanzés em toda a bacia do Congo, já que alberga uma das densidades populacionais mais altas desta espécie na África Central.
Os investigadores descobriram também que as concessões madeireiras que praticam medidas de gestão da vida selvagem, com proteção dos habitats e controle da caça, acabam por ter importantes núcleos populacionais de elefantes e gorilas. Por contraste, numa dessas zonas madeireiras onde a caça não era fiscalizada, os investigadores detectaram níveis muito baixos daquelas espécies.
“Este estudo mostra que este tipo de conservação, à escala da paisagem, pode funcionar na África Central”, sublinhou James Deutsch, director dos programas para África da WCS, sublinhando que “a conservação a esta escala é difícil e cara, mas absolutamente necessária se queremos salvar populações viáveis de elefantes e grandes símios”.
Fonte: DN Ciência