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SIMPATIA

Golfinhos “sorriem” para comunicar brincadeira e evitar conflitos, diz estudo

A expressão, espelhada em um terço das interações, atua como um código visual para coordenar acrobacias e brincadeiras, e faz parte dos laços sociais na vida marinha.

4 de novembro de 2025
Redação ANDA
2 min. de leitura
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Foto: Ilustração | Pixabay

Um novo estudo publicado na revista Cell Press iScience mostra que os golfinhos roazes (Tursiops truncatus) utilizam uma expressão facial semelhante a um “sorriso”, a boca aberta e relaxada, para sinalizar momentos de brincadeira entre si. A descoberta MOSTRA a complexidade emocional e social dos animais e a importância de respeitá-los como seres sencientes, capazes de expressar intenções e emoções de forma sofisticada.

Conhecidos por sua inteligência e comportamento lúdico, os golfinhos demonstram agora possuir uma forma visual de comunicação até então pouco estudada entre mamíferos marinhos. Segundo a pesquisa conduzida pela bióloga evolutiva Elisabetta Palagi, da Universidade de Pisa, o gesto de “boca aberta” é usado pelos golfinhos durante interações brincalhonas e serve para indicar que a atividade não é agressiva.

“Descobrimos a presença de uma expressão facial distinta, a boca aberta, nos golfinhos roazes, e mostramos que eles também são capazes de espelhar a expressão dos outros”, afirma Palagi. A pesquisadora observa que esse comportamento reflete um traço evolutivo comum a muitos mamíferos, incluindo primatas e seres humanos, em que o gesto de “boca aberta” sinaliza diversão e reduz o risco de conflito.

Os cientistas registraram 1.288 eventos de ‘sorriso’ durante sessões de brincadeiras sociais entre golfinhos, sendo que 92% ocorreram em interações entre indivíduos da mesma espécie. A expressão foi usada em 89% das vezes quando o emissor estava no campo de visão do companheiro, e cerca de um terço dos receptores respondeu imitando o gesto, evidenciando um tipo de comunicação empática e coordenada.

Para o zoólogo Livio Favaro, coautor do estudo, a pesquisa aprofunda o entendimento sobre a comunicação multimodal dos golfinhos, que combina sinais visuais, tácteis e acústicos. Ele destaca que o uso de gestos visuais pode ser uma forma segura de interagir, especialmente durante o lazer, quando os animais estão mais vulneráveis a predadores.

Este resultado mostra que as relações sociais intrasspecies são insubstituíveis e que parques aquáticos e delfinários são inadequados, por privarem esses animais extremamente sociais de um grupo social natural e de um ambiente estimulante para expressarem todo o seu repertório comportamental.

Os golfinhos desenvolvem culturas, formam alianças complexas e, como prova este estudo, comunicam nuances sociais através de expressões faciais. Confiná-los a tanques de concreto é condená-los a uma vida de tédio e frustração, impedindo-os de viver como seres sencientes que são.

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