Há certas coisas que só acontecem no inverno do Rio. Um dia como hoje, por exemplo: como se não bastassem o céu azul, o mar com águas límpidas e um calor ameno dgraus, um grupo de dezenas de golfinhos-de-dentes-rugosos passou parte da manhã desta quarta-feira fazendo piruetas nas águas de
Ipanema, entre o Posto Nove e o Dez.

Quem fotografou os animais foi o intrépido repórter aéreo da Sistema Globo de Rádio Genílson Araújo Comum na zona costeira do Brasil, a espécie (Steno bredanensis) é conhecida pelos hábitos sociáveis — acompanham barcos e interagem com seres humanos — mas hoje brincaram apenas entre eles, a uma distância segura de cerca de 100 metros da arrebentação.

O oceanógrafo da Uerj José Lailson Britto Júnior conta que o golfinho-de-dentes-rugosos é o mais comum na zona costeira brasileira, sobre a plataforma continental. Esporadicamente, o bicho é visto dentro de baías — há diversos registros da aparição dessa espécie na Baía da Ilha Grande.

— Os golfinhos-de-dentes-rugosos chegam a dois metros e meio de comprimento, vivem cerca de 30 anos e comem basicamente peixes e lulas. São encontrados em águas tropicais e subtropicais do mundo
inteiro, mas aqui vivem mais perto da costa — explica o pesquisador.

A espécie, no entanto, não desfruta apenas do que o Rio tem de melhor. José Lailson explica que os golfinhos-de-dentes rugosos estão entre os mais suscetíveis à contaminação. Em alguns animais estudados, foram encontrados vestígios de pesticidas. Outra ameaça é a da pesca acidental, com redes. Segundo o pesquisador, há diversos relatos de golfinhos mortos em arrastões no estado.

Fonte:  O Globo