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COMPLEXIDADE

Golfinhos já foram terrestres e habilidades de comunicação continuam em evolução

22 de fevereiro de 2023
7 min. de leitura
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Foto: Ilustração | Freepik

Você consegue imaginar golfinhos caminhando? Há 50 milhões de anos, durante o período conhecido como Eoceno, os ancestrais dos cetáceos eram animais terrestres.

Com o passar do tempo, foram evoluindo e se adaptando à vida na água, perdendo a habilidade de andar e desenvolvendo uma série de características. “Seus membros dianteiros se transformaram em nadadeiras e suas caudas se tornaram horizontais, permitindo-lhes nadar com mais eficiência”, explica Raul Ribeiro, da Universidade Federal de Juiz de Fora e da ONG Ocean Sound.

Através de uma combinação de seleção natural e mutação genética, os golfinhos e outros cetáceos se tornaram algumas das criaturas mais admiráveis dos oceanos.

Os golfinhos modernos pertencem à família Delphinidae, que inclui cerca de 90 espécies diferentes de cetáceos (golfinhos e baleias) em todo o planeta. Desses, cerca de 40 são golfinhos que ocorrem em todo o mundo. Os animais são altamente adaptados à vida no oceano e possuem uma série de características únicas que os ajudam a caçar, se comunicar e sobreviver em um ambiente marinho.

“A evolução dos golfinhos é um exemplo fascinante de como os animais podem se adaptar e evoluir ao longo do tempo diante de novos ambientes e nichos ecológicos. Mas a adaptação deles vai muito além da transformação corporal”, afirma Ribeiro.

Comunicação inteligente

Raul explica que os golfinhos usam uma ampla variedade de sons, incluindo assobios, cliques e estalos, para se comunicar uns com os outros.

“Os golfinhos têm a capacidade de produzir sons que são únicos para cada indivíduo, como uma espécie de assinatura vocal, que ajuda a identificar e reconhecer outros golfinhos. Eles também podem usar diferentes padrões de som e vocalizações para estabelecer laços sociais com outros membros do grupo e sinalizar seu status social”, destaca o pesquisador.

Mas as habilidades vão muito além. Os golfinhos são comparados aos seres humanos quando o assunto é comunicação. Confira o que eles fazem nas profundezas das águas:

• Sons: os golfinhos são conhecidos por produzir uma variedade impressionante de sons diferentes, incluindo assobios, cliques, estalos e grunhidos.

• Linguagem corporal: eles usam movimentos de cabeça, nadadeiras e corpo para expressar emoções e intenções, além de indicar a presença de presas ou predadores.

• Comportamento: eles podem nadar em grupo ou em padrões específicos para indicar a presença de alimento ou perigo. Também usam saltos e acrobacias para se comunicar e se divertir.

• Ecolocalização: os golfinhos também usam a eco localização para se comunicar e se orientar. Eles emitem sons de alta frequência que ricocheteiam nos objetos ao seu redor, permitindo que eles “vejam” seu ambiente mesmo em águas escuras ou turvas.

“Seu complexo sistema de comunicação é um dos muitos fatores que tornam esses animais fascinantes e únicos”, conta Raul Ribeiro.

Curiosidades sobre golfinhos

1. Aprendizagem cultural: os golfinhos são capazes de aprender uns com os outros e de transmitir esses conhecimentos através das gerações. Eles têm uma cultura própria, com diferentes grupos de golfinhos exibindo comportamentos e vocalizações distintas.

2. Dormem com um hemisfério cerebral por vez: os golfinhos não podem dormir profundamente porque precisam subir à superfície para respirar. Para contornar isso, eles dormem com um hemisfério cerebral de cada vez, como se ficassem em transe, cochilando mas de certa forma em alerta.

3. Riso contagioso: os golfinhos são conhecidos por ter um “riso” contagiante. Eles produzem uma série de sons agudos que podem ser interpretados como um sinal de alegria ou excitação.

4. Esportividade: ps golfinhos são conhecidos por serem brincalhões e curiosos, frequentemente interagindo com humanos e outros animais. Eles têm sido observados surfando em ondas, saltando atrás de barcos e exibindo outras formas de comportamento lúdico.

5. Visão em 360 graus: os olhos dos golfinhos são posicionados nas laterais de sua cabeça, permitindo que eles tenham uma visão de 360 graus ao seu redor.

6. Vida noturna agitada: golfinhos são ativos durante a noite, assim como durante o dia, e têm uma capacidade incrível de enxergar no escuro.

7. Comportamento altruísta: golfinhos são conhecidos por ajudar outros golfinhos que estejam doentes ou feridos, apoiando-os à superfície da água para que possam respirar.

8. Comportamento simbólico: golfinhos frequentemente usam objetos como algas, conchas e esponjas para brincar e comunicar, passando-os entre si como um tipo de objeto simbólico.

Sobre golfinhos

No Brasil, há pelo menos 36 espécies de cetáceos, que incluem golfinhos e baleias. Destas, pelo menos 21 são espécies de golfinhos que podem ser encontradas em águas brasileiras. Algumas dessas espécies incluem o golfinho-nariz-de-garrafa, o golfinho-pintado-do-atlântico e o boto-cinza e a toninha, espécie ameaçada de extinção devido à pesca acidental, poluição, mudanças climáticas e outras ameaças ambientais.

Migração

Em geral, a rota migratória dos golfinhos é influenciada pelas condições ambientais, como temperatura da água, disponibilidade de alimento e outros fatores que afetam sua sobrevivência e reprodução. Por isso, as rotas migratórias podem variar de ano para ano, e ainda há muito a ser descoberto sobre a vida dos golfinhos no Brasil e em todo o mundo.

Alimentação

A dieta dos golfinhos pode variar dependendo da espécie, da região e da disponibilidade de alimento. Em geral, os golfinhos são carnívoros e se alimentam de uma variedade de peixes, lulas, camarões e outros crustáceos. Algumas espécies de golfinhos, como o golfinho-nariz-de-garrafa, são conhecidas por se alimentarem de uma grande variedade de peixes, incluindo arenque, cavala, sardinha e salmão. Já outras espécies, como o golfinho-pintado-do-atlântico, têm uma dieta mais diversificada, que pode incluir lulas e crustáceos.

Estratégias de caça

Os golfinhos possuem características muito peculiares quando o assunto é caça. E ao que tudo indica a comunicação e criatividade ajudam a manter esses animais sempre com a barriga cheia.

Conheça algumas das técnicas:

• Caça em grupo: muitas espécies de golfinhos caçam em grupo, trabalhando juntos para cercar e confundir as presas. Eles podem nadar em círculos ao redor de um cardume de peixes, por exemplo, e bater suas caudas na superfície da água para assustá-los e mantê-los juntos.

• Pular para fora da água: os golfinhos também podem saltar para fora da água para capturar peixes que estão próximos à superfície. Eles podem usar sua força e agilidade para saltar alto e pegar suas presas no ar.

• Golpear com o nariz: algumas espécies de golfinhos, como o golfinho-nariz-de-garrafa, usam seus narizes para bater em peixes e desorientá-los antes de capturá-los.

• Usar lama ou areia: em algumas áreas, os golfinhos podem usar lama ou areia para desenterrar presas escondidas no fundo do mar. Eles podem nadar em círculos e bater suas caudas no fundo do mar para criar uma nuvem de lama ou areia, expondo as presas escondidas.

Reprodução

Os golfinhos são animais mamíferos e, como tal, têm um sistema reprodutivo semelhante ao dos seres humanos e outros mamíferos.

As fêmeas têm um ciclo reprodutivo que geralmente dura entre 2 e 5 anos, dependendo da espécie, e podem ter um ou dois filhotes a cada gestação. O período de gestação dos golfinhos também varia de acordo com a espécie, mas geralmente é de 10 a 12 meses.

“Durante o acasalamento, o macho golfinho irá cortejar a fêmea através de vocalizações, exibições físicas e toques. A fertilização ocorre internamente e a gestação começa”, destaca.

Depois que o filhote nasce, a mãe amamenta-o com leite produzido por suas glândulas mamárias. Os filhotes de golfinho são muito dependentes de suas mães nos primeiros meses de vida e precisam aprender a nadar e se alimentar sozinhos com o tempo.

“Os golfinhos são animais sociais e geralmente vivem em grupos que incluem tanto machos quanto fêmeas. Às vezes, um grupo de golfinhos pode ajudar a cuidar dos filhotes de outras fêmeas, garantindo que eles sejam protegidos e alimentados até que possam se cuidar sozinhos”, finaliza Raul.

Fonte: G1

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