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AMIZADE

Golfinhos e baleias costumam brincar juntos, mostra novo estudo

Pesquisadores observaram a interação entre 1.570 golfinhos e 425 baleias, e a maneira como eles se comportavam ao flagrar a outra espécie. No geral, interações pareceram ser positivas; veja mais

13 de agosto de 2025
Tainá Rodrigues
5 min. de leitura
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Foto: Discover Animals

Baleias e golfinhos costumam praticar a lei da boa vizinhança e conviver bem entre si? Essa relação não era bem compreendida pelos cientistas. Mas um estudo, publicado na revista científica Discover Animals nesta terça-feira (12/08), investigou um aspecto curioso dessa relação: essas espécies marinhas possuem o hábito de brincar umas com as outras?

A pesquisa foi liderada por pesquisadores da Universidade Griffith, na Austrália. A equipe observou vídeos e imagens da interação entre baleias de barbatana e golfinhos captados por 17 países diferentes.

O estudo envolveu a análise de 19 espécies de baleias e golfinhos, que protagonizaram 199 eventos de interações – como este que você vê no vídeo abaixo, flagrado com uma câmera acoplada em uma baleia.

O resultado é que, no geral, algumas espécies parecem se dar bem. “Para as baleias-jubarte, descobrimos que em um terço dos eventos as respostas comportamentais em relação aos golfinhos parecem positivas”, disse o autor do estudo Olaf Meynecke em comunicado. “As baleias jubarte rolavam de um lado para o outro, mostrando a barriga e fazendo outros comportamentos associados ao namoro ou à socialização amigável.”

“As baleias também se moviam estrategicamente e lentamente na direção dos golfinhos com suas cabeças e rostos. A grande maioria das interações observadas não mostrou comportamento de evitamento”, continua Meynecke. “Estávamos particularmente interessados em documentar as reações e respostas das baleias em relação aos golfinhos, já que comumente os golfinhos são descritos como animais que assediavam e incomodavam as baleias.”

Pesquisadores anotaram em cada observação, a data, o horário e o local em que a interação acontecia. Além disso, registraram o número de animais marinhos envolvidos, a faixa etária e as partes corporais envolvidas durante as “brincadeiras” — bico, dorso ou nadadeira caudal.

Brincadeira em alto-mar

O registro mais comum foi o de golfinhos nadando perto do rosto de baleias. Pesquisadores acreditam que a ação era uma forma de brincar dos golfinhos.

Ao todo, documentaram a interação com 425 baleias, sendo elas, jubarte (68%), baleias-cinzentas (16%) e baleia-comum (7%). Foram observados cerca de 1.570 golfinhos nessas interações — golfinho-roaz (51%), golfinho-comum (17%) e golfinho-de-laterais-brancas-do-pacífico (15%).

A maioria das interações foram realizadas por animais marinhos adultos, no entanto, em 44 eventos registrados foi notada a presença de um filhote de baleia e 53 observações contaram com um filhote de golfinho. Em 21 ocasiões, pesquisadores viram a presença de filhotes de baleia e golfinhos.

Embora as baleias e os golfinhos tentam interagir de alguma forma, esses animais se comportam de forma diferente. As baleias jubartes, por exemplo, movem suas nadadeiras peitorais em direção aos golfinhos — pesquisadores contaram 172 movimentos. Já as baleias-cinzentas rolaram 56 vezes e as baleias-francas-austrais exibiram os peitorais 5 vezes durante 10 eventos isolados.

Poucos comportamentos agressivos dos golfinhos foram observados, pesquisadores contaram 18 vezes em que eles realizaram tapas na cauda. Mas não notaram nenhuma ação de tapas na cabeça por parte das baleias jubartes.

Pesquisadores viram em dois vídeos, golfinhos-roaz seguindo baleias jubarte na superfície oceânica e também no fundo do mar. O comportamento de aproximação contou com toques físicos e brincadeiras. “Ter a oportunidade de documentar essas observações e observar alguns padrões comportamentais, como a prova dos golfinhos e toques próximos foi intrigante”, afirma a coautora Olivia Crawley. “Espero que este estudo possa servir de base para estudos futuros.”

E a brincadeira não acontece com ambas as espécies entrando no clima. “Embora a brincadeira social seja cooperativa e recíproca, também há brincadeira ou interação unilateral, com apenas um participante percebendo a interação como divertida, como visto em casos de provocações ou assédio por golfinhos durante eventos de alimentação“, explica Meynecke.

“Estudos comportamentais de mamíferos marinhos como esses fornecem insights sobre suas estruturas sociais complexas e desempenham um papel crucial no aprimoramento de nossa compreensão dos ecossistemas marinhos e das interações entre as espécies marinhas”, completa o pesquisador.

Fonte: Revista Galileu

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