O Comando Territorial dos Açores da Guarda Nacional Republicana (GNR) está a investigar o atropelamento de um touro, ocorrido sábado na ilha Terceira, após ter recebido dezenas de alertas de cidadãos e movimentos indignados com o caso.
“Recebemos dezenas de denúncias através do sistema SOS Ambiente e também através dos e-mais da instituição”, disse à agência Lusa o porta-voz da GNR, major Pedro Rosa, acrescentando que, “de imediato, foram mandadas ao local patrulhas do Serviço de Proteção da Natureza e do Ambiente da GNR”.
A morte do touro, ocorrida no passado sábado, no âmbito de uma tourada à corda na freguesia das Fontinhas, concelho da Praia da Vitória, foi filmada por vídeos amadores e divulgada nas redes sociais, gerando uma onda de contestação dentro e fora do arquipélago.
O major Pedro Rosa adiantou que o proprietário e condutor da carrinha que atropelou o animal “já foi identificado” e estão a decorrer as investigações que, “num curto espaço de tempo, devem estar concluídas para ser levantado o auto”.
Assegurando que a tourada à corda estava licenciada pela Câmara da Praia da Vitória, o porta-voz da GNR admitiu que o atropelamento possa ter ocorrido “por estar em causa um eventual ataque do touro às pessoas que estavam no local”, dado que “já foi apurado que houve dificuldade em colocar a corda no animal”.
O Movimento Cívico Abolicionista da Tauromaquia nos Açores (MCATA) já condenou o “atropelamento intencional” do touro, considerando tratar-se de um ato “revelador de malvadez”.
“Aquele animal foi abalroado sem qualquer tipo de acompanhamento veterinário que impusesse fim ao seu sofrimento, após o embate da carrinha ‘pick up'”, adianta o movimento cívico em comunicado.
De acordo com o MCATA, o vídeo publicado nas redes sociais mostra “a fuga do animal, após a perda de controlo das cordas pelos pastores, bem como a sua desorientação perante os gritos e correria das pessoas”, culminando com um atropelamento “brutal”.
“Esta é mais uma prova do perigo que as touradas à corda, vulgarmente denominadas de brincadeiras com o touro, oferecem para as pessoas e animais sem que as entidades oficiais obriguem os promotores, ganadeiros e restantes interessados economicamente, tenham planos de segurança”, refere o movimento cívico.
A época de touradas à corda na ilha Terceira decorre de maio a outubro, sendo habitual nesse período de tempo ocorrerem entre 230 e 250 touradas todos os anos.
Nestes eventos os touros correm nas ruas, amarrados por uma corda, num percurso delimitado, enquanto a população assiste nas varandas ou no caminho. Estes espetáculos tauromáquicos não são pagos pelo público, mas têm um forte peso na economia da ilha.
Uma vez mais, o MCATA lamentou que a indústria tauromáquica, que pretende elevar a tourada à corda a património imaterial da UNESCO, “continue manchando a imagem dos Açores, despromovendo o Turismo, através da violência gratuita que oferece como postal”.
*Esta notícia foi escrita, originalmente, em português europeu e foi mantida em seus padrões linguísticos e ortográficos, em respeito a nossos leitores.
Fonte: Diário de Notícias