No que deveria ser um marco de reparação, o Brasil opta pelo absurdo: girafas traficadas da África do Sul serão distribuídas entre zoológicos do país, transformando vítimas de um crime no centro de entretenimento público.
Após sobreviverem a condições degradantes que causaram a morte de quatro delas, as 14 girafas sobreviventes terão seus destinos definidos para os zoos de Brasília, Curitiba, Cotia (SP) e o BioParque do Rio.
O caso, considerado pela Polícia Federal o maior tráfico de animais da história do Brasil, é marcado pela omissão e desrespeito.
Ativistas pelos direitos animais denunciam a medida como uma continuação da exploração, em vez de uma reparação. “Esses animais sofreram o trauma de serem retirados de seu habitat, submetidos a uma viagem degradante e agora são condenados a viver em cativeiro com seus espíritos selvagens quebrados para entretenimento desumano. É uma afronta aos direitos animais”, declara indignada, Silvana Andrade, fundadora e presidente da ANDA.
A tentativa de envio de algumas girafas para um parque na Argentina foi cancelada após as mortes, mas o Brasil segue desconsiderando a repatriação como alternativa, apesar de ter divulgado isto.
Em vez disso, os zoológicos, que inicialmente pretendiam pagar pela compra dos animais, agora os recebem sem custos, uma decisão vista como conivente com a exploração e alheia ao bem-estar dos animais.
A indignação cresce enquanto o processo judicial avança muito lentamente. Para defensores dos direitos animais, a única solução ética seria o retorno das girafas ao seu habitat natural ou sua alocação em santuários especializados.
“Zoos não são lares para girafas, são prisões. Após tanto sofrimento, elas merecem liberdade e dignidade, não o peso de entreter visitantes”, argumenta Adriana Greco, ativista em defesa dos animais.
E completa: “parece que o crime realmente compensa. Estão transformando essa tragédia em um “lindo programa de proteção” para um público que ouve o que quer ou simplesmente não se importa. Girafas que em breve se reproduzirão entre espécies diferentes, provando que o foco está no cuidado dos bolsos, e não das espécies, que deveriam estar livres ou protegidas em reservas nos seus biomas de origem. Esses futuros filhotes serão adestrados, apenas para entreter pessoas sem empatia, que financiam esses absurdos disfarçados de educação ambiental”, pontua Adriana.
O escândalo das girafas expõe a falência do sistema de proteção animal no Brasil e a falta de compromisso com soluções que respeitem a vida selvagem. Enquanto isso, as girafas continuam pagando o preço da ganância humana.