O caso das girafas trazidas da África do Sul pelo Grupo Cataratas, maior importação de animais selvagens já realizada no Brasil, segue como imbróglio judicial. As quatro pessoas indiciadas pela Polícia Federal num inquérito que investiga maus-tratos já prestaram depoimentos e responderam a interrogatórios, informa o Ministério Público Federal. Enquanto não é decidida a culpabilidade dos indiciados, os 14 animais estão sob a guarda do Hotel Resort Safári Portobello (Grupo Cataratas), em Mangaratiba, mesmo com o Ibama como responsável pela tutela.
Há cerca de 40 dias, houve perdimento do Ibama (medida administrativa na qual o instituto se apropria do animal), que não faz rotinas de vistoria para verificar em que condições os animais são mantidos.
Ainda não há relatório final sobre a destinação dos animais.
Ativistas em defesa dos direitos animais defendem que os animais sejam entregues a zoológicos que estão na fila, diante a impossibilidade de criação de um santuário ou que sejam incorporados ao safári do hotel.
Relembre
Os quatro citados no relatório final da Polícia Federal por envolvimento no caso são: o analista ambiental do Ibama Hélio Bustamante Pereira de Sá e a servidora do Instituto Estadual do Ambiente (Inea) Priscila Diniz Barros de Almeida, que responderam sobre a prática de delito durante o processo de autorização e licenciamento para receber os animais; o biólogo Cláudio Hermes Maas e o diretor operacional Manoel Browne, do BioParque, acusados da prática de ato de abuso, de maus-tratos e de ferir animais silvestres e exóticos, resultando em sua morte.
Quatro girafas morreram de 2021 para cá, três delas depois de fugirem de um galpão com cubículos de 31 metros quadrados do Resort. A instrução normativa do Ibama afirmava que o tamanho mínimo adequado do recinto deveria ser de 600 metros quadrados para cada dupla. A quarta girafa morreu em julho de 2023 com 40kg de areia no estômago e, segundo laudo, viveu sob estresse.
O que o BioParque diz
Em nota enviada à coluna, o BioParque do Rio diz que “reafirma seu compromisso com o bem-estar das girafas, mantidas em ambiente adequado e monitoradas diariamente por veterinários e tratadores especializados. Reforça ainda que, desde a chegada dos animais no Brasil, segue rigorosamente as normas dos órgãos reguladores e que contratou consultorias especializadas nos cuidados com essa espécie que validaram seus métodos, confirmando a eficácia dos cuidados aplicados e atestando que estão em excelente condição”.
A empresa de diz ainda que “segue aguardando as determinações do Ibama e demais instituições que atuam neste cenário, e reforça seu comprometimento em garantir o bem-estar dos animais sob seus cuidados”.
Fonte: O Globo