Para a maior partes das pessoas, golfinhos são vistos como animais simpáticos, o que não se considera em relação aos morcegos. Mas, apesar das aparências, eles têm algo em comum: os dois possuem um sofisticado sistema de ecolocalização, que lhes permite enxergar e se movimentar por meio de sons. Agora, um estudo mostra que essa habilidade se desenvolveu em ambos de forma distinta, mas por meio das mesmas variações genéticas. A descoberta, segundo os especialistas, representa um exemplo “sem precedentes” de convergência entre dois tipos distintos de animais.
De acordo com os pesquisadores da Queen Mary, University of London, apesar de serem bem diferentes, golfinhos e morcegos possuem semelhanças que vão além do que se imaginava, chegando a um nível molecular. No estudo, publicado na revista Current biology, eles mostram que ambos desenvolveram o mesmo tipo de células dentro dos seus aparelhos auditivos, que permite que usem o sistema de ecolocalização para detectar objetos à sua frente e também para rastrear presas, emitindo sons de alta frequência e se guiando pelo eco produzido por eles. Para analisar isso, os pesquisadores sequenciaram o gene de uma proteína presente nos aparelhos auditivos de todos os animais.
“Existem inúmeros exemplos de espécies que desenvolveram características semelhantes de forma independente, como os dentes dos elefantes e das morsas”, afirma Stephen Rossiter, um dos autores do estudo. “Só que geralmente acredita-se que tais traços convergentes tenham surgido através de diferentes mudanças no DNA dos animais. Nosso estudo, porém, mostra que uma habilidade tão complexa quanto a da ecolocalização se desenvolveu, na verdade, através das mesmas mudanças genéticas tanto em morcegos como em golfinhos.”
Fonte: O Globo