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Gêmeos produzem cadeiras de rodas para animais deficientes no Rio

18 de junho de 2015
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Foto: Reprodução
Foto: Reprodução

O apartamento em Copacabana onde os irmãos William e Richard Frank vivem com as mulheres parece a oficina do professor Pardal, célebre personagem da Disney que se dedicava aos mais variados inventos. Há criações de vários tipos espalhadas pelos cômodos, mas uma paixão da família fica clara em imagens de cães e outros animais em cadeiras de rodas, idealizadas e produzidas pela dupla há 18 anos.
Como a necessidade é a mãe da invenção, a ideia começou com um problema vivido por uma amiga, que tinha um cachorro paralítico. “Como nós somos artistas plásticos e gostamos de inventar coisas diferentes, ela pediu para bolarmos um recurso para o cachorrinho dela se locomover melhor”, conta Richard.
Até chegar ao modelo que existe atualmente, foi necessária uma pesquisa de materiais. “A primeira era de madeira, mas durou só uns 15 dias. A gente viu que ele andava com dificuldade. Aí fomos fazendo experiências até chegar ao modelo de alumínio, que é leve, durável e lavável. Um cachorro de 30 kg, um pastor alemão, por exemplo, a pessoa pode dar banho nele sem ficar deitado no chão, na própria cadeirinha”, completa Richard Frank.
Com o crescimento dos pedidos de cadeira de rodas, surgiu a Dog Car, empresa familiar que faz cadeirinhas sob medida não apenas para cachorros, mas vários outros animais.
“Nós atendemos aqui vários animais. Já atendemos um gambá, tartaruga, coelho, furão, hamster”, conta William. Richard completa: “Gato já é normal. Gato e cachorro”.
Qualidade de vida
Os irmãos defendem a função da cadeirinha como uma maneira de melhorar a qualidade de vida de animais que se tornaram deficientes após sofrerem com traumas e doenças.
“A cadeirinha é, basicamente, para levar o animal para rua, para caminhar, fazer cocô, xixi. Evita que ele fique deitado o tempo todo, fazendo as necessidades nele mesmo, formando escaras e ficando doente até morrer”, reflete William.
O veterinário Wagner Tavares acredita que os animais que se saem melhor com o uso das cadeirinhas que auxiliam a locomoção são os de menor porte, com peso de até 15 kg. Principalmente os cachorros. O uso do equipamento pode ajudar a melhorar a qualidade de vida.
“O animal acaba permanecendo muito tempo deitado, o sangue não circula direito porque ele não se movimenta, causando lesão renal no animal, além de escaras por permanecer sempre na mesma posição. Muitas vezes eles param de comer e ficam deprimidos. Em alguns casos, talvez o animal acabe morto”, afirma o profissional.
Segundo Wagner, as causas mais comuns para que um animal doméstico tenha problemas de locomoção são as lesões de coluna por queda ou atropelamento. Mas doenças neurológicas também podem causar a paralisia das patas.
Zeus, um dachshund de 11 anos de idade, é um dos usuários das pequenas cadeiras de rodas desde março de 2011. De acordo com a tutora do animal, a funcionária pública aposentada Suely de Carvalho, a decisão pela alternativa para garantir a locomoção foi tomada após um vasto estudo de várias opções disponíveis no mercado.
“Ele teve um problema na coluna. Estava andando no corredor de casa e arriou. Tentamos ver se ele passaria por uma operação, mas como a saúde dele já não era muito boa, a médica veterinária disse que a cirurgia era ariscada. Havia o risco de perdê-lo. E entre ele morrer e tê-lo na cadeira de rodas, eu preferi a cadeirinha”, conta Suely.
O cão usa a cadeira três horas por dia, para passear na rua e para pequenas locomoções dentro de casa. A tutora afirma que ele se adaptou logo que colocou a estrutura. “Foi imediato. No primeiro dia que ele colocou, saiu caminhando, feliz da vida. É um corpo estranho, mas ele se adaptou”.
Preços entre R$ 250 e R$ 1,2 mil
As cadeirinhas para animais com deficiência possuem preços entre R$ 250 a R$ 1,2 mil, dependendo da complexidade da lesão. As mais caras são as usadas por animais tetraplégicos e os de grande porte. Mas os irmãos também estão envolvidos em projetos sociais nos quais doam cadeirinhas ou as vendem com desconto para quem não possui condições de pagar. “Quando o cachorro falece, a pessoa vai fazer o que com a cadeira? A gente aconselha a doar para a Suipa. Lá tem muito cachorro paralítico. O que a Suipa faz? Traz aqui e a gente faz o ajuste para o cachorro. Reaproveita para outro cão”, diz William.
Perguntados sobre o que os motiva, Richard toma a palavra e conta que a satisfação dos clientes é fundamental. “Quando a gente faz a cadeira, a pessoa traz o cachorrinho e coloca nela, parece que é a primeira que a gente já fez. É muito emocionante”.
Fonte: G1

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