Os cientistas russos da Transbaikália decidiram colocar coleiras de rádio em manuls, uma espécie rara de gatos selvagens, para estudar os hábitos e estilo da vida destes animais protegidos. Observar o manul sem equipamentos modernos é bastante difícil visto que este é um animal muito cauteloso e esquivo. Até mesmo os visitantes de jardins zoológicos, onde habitam estes gatos, quase não têm chances de vê-los. Apenas à noite, no seu tempo habitual de caça, os manuls saem para fora.
A situação dos manuls é significativamente melhor que a de seus “homólogos” maiores, os tigres e leopardos. Nos últimos anos, o número de gatos selvagens tem aumentado na Transbaikália, e agora atinge cerca de 13 mil. Claro que não serão colocadas coleiras de rádio em todos os animais mas apenas em duas dúzias, disse à emissora Voz da Rússia o diretor da reserva natural “Daursky”, Aleksandr Borodin.
“Já recebemos a permissão do Serviço Federal de Fiscalização dos Recursos Naturais para marcar estes gatos selvagens. Vamos colocar coleiras de rádio neles e estudar a sua vida. Além disso, tencionamos fazer um filme para que o nosso povo saiba mais sobre a vida do manul, porque sem conhecimentos as pessoas não podem cuidar do animal. A maioria das pessoas não sabe nada sobre os manuls, só que é um animal muito esquivo”.
Este gato selvagem se parece muito com um gato doméstico. Ainda existe uma hipótese de ele ser um parente de gatos persas que têm também um pelo macio, formas arredondadas e forma da cabeça bastante incomum. A sua pelagem é cinzenta e espessa com manchas brancas. Os manuls pesam em média 5 kilos, são mais baixos e atarracados e têm pernas mais curtas e grossas em comparação com seus homólogos domésticos. Talvez seja por isso que manuls são consideravelmente mais lentos do que os gatos domésticos. Eles até são considerados os mais desajeitados entre os felinos. Por isso, apesar de serem quase “invisíveis na natureza”, não é grande negócio pegar um manul. E não é preciso nenhuns truques para marcar o animal, explica o especialista.
“Frequentemente respondo às perguntas do tipo: vocês dão-lhes injeções ou imobilizam-nos? Nada do gênero. Os inspetores, simplesmente examinam cuidadosamente cada pedra e, observando algum movimento, compreendem que aqui está um manul que pode permanecer imóvel por várias horas, caçando um rato-de-deserto. É muito fácil pegá-lo. Sendo que o gato corre mal, um inspetor jovem simplesmente pega-o, cobrindo com um casaco ou tecido. Em seguida, colocamos coleira no animal e imediatamente libertamo-lo.”
Entretanto, é necessário ser hábil e cuidadoso tratando o manul, visto que é um animal bastante forte e agressivo que pode arranhar ou até morder. Recentemente, os funcionários da reserva de Daursky pegaram oito gatos para o Jardim Zoológico em Moscou. O manul é o símbolo do zoo, mas até agora não tinha representantes desta espécie rara.
Na Rússia, além da Transbaikália, o manul pode ser encontrado nas repúblicas russas de Buriátia, Tuva e Altai. Em geral, a sua distribuição geográfica abrange a Ásia Central, Cáucaso, oeste do Irã, Mongólia e norte da China. O seu nome vulgar é gato-de-pallas que é derivado do nome do zoologista alemão Peter Pallas que foi o primeiro a descobrir o manul na costa do Mar Cáspio no século XVIII.
Devido aos poucos conhecimentos sobre este animal, as medidas para a sua proteção ainda estão sendo desenvolvidas. No entanto, a informação que os especialistas da reserva de Daursky esperam obter com as coleiras de rádio contribuirá consideravelmente para o problema. Tendo conhecimentos sobre os hábitos do manul, os cientistas entenderão como protegê-lo da extinção e destruição.
Fonte: Voz da Rússia