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CUIDADO REDOBRADO

Gatos podem passear na coleira com cuidados adequados e treinamento gradual

Veterinária comportamentalista destaca que é importante saber identificar sinais de estresse ou desconforto no gato

13 de setembro de 2024
Cláudia Guimarães
5 min. de leitura
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Foto: Ilustração | Freepik

Você já viu, por aí, um gato na coleira passeando com seu tutor? Parece impossível, não é? Mas não é bem assim. Diferentemente do passeio que ocorre com os cães, que está associado, inclusive, à melhora do bem-estar físico e mental dos animais, quando o assunto é gato, dá para ser feito, mas os cuidados devem ser redobrados.

Segundo a médica-veterinária comportamentalista Marina Giangiardi Meireles, do Centro Veterinário Nouvet, os gatos possuem características comportamentais que os diferenciam dos cães e isso interfere diretamente na forma como lidam com passeios fora de casa.

Marina, formada em Psiquiatria Veterinária e pós-graduanda em Etologia Clínica, explica que, embora os passeios com cães sejam extremamente importantes para atender às suas necessidades físicas, mentais e sociais, os gatos são mais reservados quanto ao contato com o ambiente externo. “Para os cães, o passeio vai além da atividade física, é um momento de explorar o mundo, principalmente por meio do olfato, e interagir com pessoas e outros animais. Já os gatos, por serem semissociais, não precisam desse tipo de interação para garantir seu bem-estar”, esclarece.

Mesmo com essa diferença comportamental, há casos em que passear com gatos na coleira pode ser uma atividade positiva. Marina comenta que, para alguns gatos mais sociáveis e curiosos, o passeio pode proporcionar estímulos interessantes e agradáveis, permitindo que eles explorem o ambiente externo de forma segura. “Há gatos que se mostram relaxados durante o passeio, não demonstrando medo ao encontrar pessoas ou animais desconhecidos. No entanto, a decisão de levar um gato para passear deve ser feita com cautela e analisada individualmente, pois muitos felinos podem encontrar a experiência estressante por estarem fora de seu território”,  salienta.

Um processo gradual e delicado

Segundo a veterinária, para que o passeio na coleira seja uma experiência tranquila, o ideal é que o gato seja acostumado desde filhote. “Nessa fase, eles possuem maior plasticidade cognitiva, o que facilita a adaptação a novos estímulos”, informa. Ela também menciona que o processo de adaptação deve ser feito em etapas, começando com a introdução da coleira peitoral. “Muitas pessoas não sabem, mas gatos podem ser treinados! O treino envolve acostumar o pet a vestir a coleira dentro de casa, para que ele se sinta confortável antes de qualquer passeio na rua. Esse processo pode levar tempo, pois o gato precisa associar a coleira a algo positivo”, orienta.

Marina frisa que, sem esse preparo, o passeio pode se transformar em uma experiência negativa para o animal. “Se o gato for levado diretamente para a rua, sem antes ter se acostumado à coleira ou ao ambiente externo, ele pode se sentir vulnerável e entrar em pânico ao ser exposto a estímulos novos, como carros, pessoas e outros animais. Isso pode levar o gato a tentar escapar do equipamento, ou até a se tornar agressivo para fugir da situação. Gatos são extremamente sensíveis ao ambiente, e qualquer mudança brusca pode gerar estresse”, reitera.

No caso de gatos adultos, o processo de treinamento também pode ser realizado, mas é importante fazer uma avaliação cuidadosa da personalidade do animal. “Gatos adultos podem aprender a passear, mas é essencial avaliar se o passeio será benéfico para eles. Nem todos os gatos irão gostar de sair de casa, e forçar essa situação pode causar mais estresse do que benefícios. Um profissional especializado em comportamento animal pode ajudar o tutor a identificar se o gato tem perfil para passeios”, recomenda.

Cuidados no primeiro passeio

Para garantir a segurança e o bem-estar do gato durante o primeiro passeio, o tutor deve estar atento a uma série de fatores. O principal é conhecer bem o comportamento do animal e saber identificar sinais de estresse ou desconforto. “A linguagem corporal do gato diz muito sobre como ele está se sentindo. O tutor precisa estar atento a esses sinais durante o passeio e, ao menor indício de desconforto ou medo, retirar o animal da situação”, indica a profissional.

Além disso, é fundamental utilizar equipamentos adequados para o passeio. A coleira peitoral deve ser testada dentro de casa para garantir que seja segura e confortável. “Um erro comum é utilizar uma coleira inadequada ou não ajustá-la corretamente, o que pode facilitar que o gato se desprenda e fuja. É importante realizar testes antes de sair para a rua”, reforça.

Outro ponto importante é que o gato esteja devidamente vacinado. “As vacinas são essenciais, principalmente contra doenças como FIV (AIDS Felina) e FeLV (Leucemia Felina), que podem ser transmitidas por meio do contato com outros gatos. Mesmo em passeios curtos, o gato pode se expor a esses riscos”, alerta.

Bem-estar felino

Embora nem todos os gatos precisem de passeios para garantir seu bem-estar, há casos em que essa atividade pode ser altamente benéfica. Gatos que foram resgatados das ruas e, agora, vivem em ambientes fechados, por exemplo, podem se beneficiar de passeios, pois o confinamento pode gerar estresse nesses animais. “Alguns gatos que viviam ao ar livre podem se sentir entediados ou frustrados com a vida dentro de casa e os passeios oferecem uma forma de eles voltarem a explorar o mundo de maneira segura”.

No entanto, é importante que os tutores compreendam que nem todos os gatos vão se adaptar ou gostar dessa experiência e isso não significa que o felino não esteja bem cuidado. “Parte do encanto dos gatos está em sua individualidade. Cada gato tem suas particularidades e respeitar isso é fundamental para o bem-estar dele. Um gato que não gosta de passeios pode ter sua necessidade de estímulos atendida de outras formas, como brincadeiras dentro de casa ou a criação de um ambiente enriquecido com arranhadores, brinquedos e prateleiras para escalar”, comenta.

No Centro Veterinário Nouvet, onde Marina atua como comportamentalista, há uma preocupação constante com o preparo de cães e gatos para passeios e o convívio social. “Na Escola Nouvet, criamos um ambiente rico em estímulos para que os pets possam se preparar para essas atividades de maneira segura e gradual. Nossa metodologia valoriza a individualidade de cada animal, respeitando seus limites e comportamentos”, compartilha.

Fonte: Cães&Gatos

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