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Gato é morto em canil após se perder de casa em Piracicaba (SP)

23 de março de 2010
4 min. de leitura
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Um gato persa, de dois anos, foi levado por funcionários do Canil Municipal na terça-feira (16), de uma residência no Cecap I, em Piracicaba (SP) e sacrificado na sexta-feira (19) por uma veterinária do canil. O gato morava com Elisabeth Barbieri Macedo, que procurava pelo animal desde o sábado (14), quando ele fugiu. Ela descobriu que tinham feito a eutanásia nele na segunda-feira (22) pela manhã e ficou indignada.

O caso foi relatado aqui na ANDA nesta segunda-feira, na seção Você é o Repórter, pelo marido de Elisabeth, Carlos Alberto Sanchez Macedo. Segundo ele, o gato subiu na caçamba da sua caminhonete, que estava carregada com algumas cadeiras. “Não percebi que ele estava no carro e saí para trabalhar”, contou.

Com a ausência de Juninho, que dorme na casa junto com os filhos do casal, Elisabeth distribuiu panfletos por todo o bairro solicitando informações sobre o gato. No último domingo, uma vizinha viu os papéis e entrou em contato com Elisabeth. “Ela disse que o gato pulou da camionete e ficou perdido. Ela o acolheu e ficou com ele por três dias para ver se achava o tutor. Preocupada para que seu cachorro não o matasse, acionou o canil com boas intenções. Mal sabia ela”, afirmou Carlos.

Segundo ele, Elisabeth não conseguiu dormir na esperança de reencontrar o seu gato. “Ela praticamente amanheceu no canil, mas chegando lá, veio a decepção e o seu desespero. A veterinária disse que tinha aplicado eutanásia no gato porque ele não comia e começou a ter convulsões e, como era sexta-feira e não fica ninguém no canil, no sábado e domingo, ela tinha que sacrificá-lo”, explicou.

Ao receber a notícia, Elisabeth disse que passou mal dentro do canil. Inconformada com o que aconteceu, ela retornou à casa da senhora que estava com o gato. “Ela me disse que ele estava bem, só um pouco assustado”.

Carlos disse que não aceita a afirmação de que ele ficou doente porque não comeu. “Sou um ignorante no assunto, mas não podiam ter alimentado o Juninho pela veia, ou terem feito outra coisa em vez de sacrificá-lo só porque não teria ninguém para cuidar dele sábado e domingo. Será que um gato bem alimentado fica assim debilitado em sete dias? Hoje, minha família chora porque um lugar que captura animais na rua não teve paciência para cuidar de um gato sadio, bem cuidado, por uma semana, foram só quatro dias e veio o sacrifício. É para isso que serve o canil?”.

De acordo com o vereador Laércio Trevisan, autor da lei municipal 6.482/09 e do decreto 13.247/2009, que regulamenta o programa de atendimento aos animais abandonados e maltratados ou doentes na cidade e que obriga o Canil Municipal a fazer o atendimento a esses animais, é proibida a eutanásia no município, exceto se for comprovado por laudo que a doença do animal coloque em risco a saúde pública. “Há ainda uma lei estadual, a 12.906/08, que preconiza isso. Se o canil sacrificou um gato sadio, desrespeitou a lei, que diz ainda que todo animal do canil deve permanecer por 90 dias na instituição e ser levado para adoção”, disse.

De acordo com Elisabeth, ela e o marido retornaram ao canil na tarde de segunda-feira para solicitar o laudo veterinário do gato. “A veterinária entrou em contradição. Primeiro ela falou que deu sete dias de antibióticos para ele, mas, quando falamos que ele ficou somente quatro dias no local, ela não soube o que falar”, contou.

Resposta da Secretaria de Saúde

A Secretaria Municipal de Saúde (SMS) informou que o animal entrou no canil na tarde de terça-feira (16), apresentando sintomas de virose e foi medicado. O gato ficou em observação até sexta-feira (19) e não “esboçou melhora. Seu quadro, a partir de terça, foi somente se agravando. O animal recusou alimentação”.

Segundo a nota, na sexta-feira, o animal amanheceu “prostado (cansado, sem ar, sem se levantar) e para evitar a continuação do seu sofrimento, como também que a doença se espalhasse aos outros animais do canil, o médico veterinário do CCZ optou pelo seu sacrifício”.

Fonte: Gazeta de Piracicaba

Nota da Redação: É inadmissível que um animal seja sacrificado em um canil municipal por recusar alimentação. O gato estava perdido e assustado, procurando seus tutores. É normal que, nessas condições, não tenha vontade de comer, pois sente a falta daqueles com quem convive. A veterinária deveria preocupar-se com a preservação da saúde do animal, e não matá-lo. Ainda mais revoltante é a justificativa da morte: porque não haveria ninguém no canil no final de semana. É um completo descaso e desrespeito à vida dos animais, vinda de profissionais que deveriam, pelo menos, zelar pela sua vida e integridade física.

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