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ESPÉCIE AMEAÇADA

Gato-do-mato-do-sul melânico é visto morto às margens de rodovia do litoral de SP

Espécie de pelagem preta, de raro avistamento e listada como “em perigo” na lista do ICMBio, foi fotografada morta às margens de rodovia de Bertioga

15 de julho de 2025
Lenildo Silva
3 min. de leitura
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Foto: Reprodução/Aconteceu em Bertioga

Um exemplar melânico de gato-do-mato-do-sul (Leopardus guttulus), ou seja, com pelagem preta, foi visto morto às margens da rodovia Rio-Santos (SP-55), em Bertioga, litoral de São Paulo. O animal, ameaçado de extinção, chamou atenção de populares que passavam pela via na manhã de sexta-feira (11/07). O corpo estava no acostamento, entre os bairros Ana Paula e São Raphael.

Um morador que trafegava pelo acostamento da via avistou o animal já morto e, segundo ele, com bastante formiga no corpo; ele afirmou que fotografou o animal, mas não acionou qualquer órgão ambiental. Outro morador ouvido pela reportagem relatou que passou de carro por volta das 7h50 da manhã de sexta-feira, a caminho do centro com a filha, quando avistou o felino preto no acostamento, próximo ao bairro Ana Paula. O animal, no entanto, foi confundido com um gato doméstico. “Parecia ser um gato preto”, disse. 

A Concessionária Novo Litoral (CNL), responsável pelo trecho, informou que não foi acionada e não possui registros sobre a ocorrência. Outros órgãos ambientais consultados pela reportagem confirmaram que não foram acionados.

A pedido do portal Costa Norte, o biólogo Henrique Charles, conhecido como ‘Biólogo das Cobras’, analisou as imagens do animal e confirmou se tratar de um gato-do-mato-do-sul de cerca de 3,5kg. “É um filhote melânico, com coloração escura. É um felino de hábitos noturnos, que vive tanto no solo como em árvores. Alimenta-se do que encontrar e prefere áreas florestadas. Está vulnerável à extinção”, explicou.

Melanismo

O melanismo é resultado de uma mutação que aumenta a produção de melanina, pigmento responsável pela cor preta. Esse fenômeno faz com que alguns indivíduos tenham pelagem escura, diferente do padrão malhado característico da espécie. Embora ocorra em vários animais, no gato-do-mato-do-sul é considerado raro.

O gato-do-mato-do-sul é o menor felino malhado da América do Sul, ligeiramente maior que um gato doméstico. Mede entre 38 e 55cm, com cauda que pode chegar a 42cm, e pesa até 3,5kg. Vive em quase todo o Brasil, mas avistamentos na Mata Atlântica são pouco comuns.

A espécie figura como “vulnerável” na lista da União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN) e como “em perigo” na lista do Instituto Chico Mendes (ICMBio). Os riscos de extinção de espécies são principalmente causados por atividades humanas, como destruição de habitats, caça, poluição e mudanças climáticas.

Em julho do ano passado, câmeras instaladas pela Reserva Natural do Sesc Bertioga flagraram pela primeira vez um exemplar da espécie na região. As imagens, feitas em área de Mata Atlântica a 900 metros de altitude, mostram o felino atravessando rapidamente em frente ao equipamento.

Em outro ponto do litoral paulista, entre Peruíbe e Iguape, a estação ecológica Jureia-Itatins também registrou um gato-do-mato-do-sul melânico, por meio do projeto Felinos da Jureia-Itatins. Segundo o biólogo Ed Ventura, as imagens foram registradas entre fevereiro e março de 2024 e apontam para uma fêmea jovem.

Caso encontre um animal, o que fazer:

Em caso de avistamento de animais silvestres em ambientes urbanos ou denúncias de quaisquer atividades ilegais que possam prejudicar o meio ambiente, podem ser reportadas por meio dos telefones 190 da PM ou 153 GCM. Já a Polícia Militar Ambiental pode ser acionada nos telefones: (12) 3842-0123 ou (12) 3842-0355 (Litoral Norte); (13) 3348-4774 ou (13) 3348-4773 (Baixada Santista) e (13) 3853-5750 (Litoral Sul).

Fonte: Costa Norte

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