Com um ano, o gatinho Abu foi diagnosticado com Peritonite Infecciosa Felina (PIF), doença causada por uma mutação conhecida do coronavírus felino. Segundo publicado pelo portal G1, a família luta para conseguir realizar um tratamento experimental e importado que custa certa de R$ 30 mil e vêm comovendo internautas. A auxiliar administrativa e tutora de Abu, Mariana Marques Machado Mola, de 33 anos, disse ao G1 que adotou o filhote no fim de outubro e que em dezembro ele começou a apresentar alguns sintomas.
Conforme a matéria, Mariana é moradora de Santos, no litoral de São Paulo e conta que, após perder um gato por problemas renais em setembro do ano passado, ela e o marido decidiram ir em uma feira de adoção que ocorre próximo de onde eles vivem. Na ocasião, eles resolveram adotar dois gatos, um filhote e outro já adulto, esta última considerada uma condição que dificulta a adoção.
“A veterinária do estabelecimento perguntou por que não dávamos oportunidade ao Abu, e nos apresentou. Falou que ele veio de um cemitério, que já tinha vindo cego, estava há mais tempo na feira, e ninguém olhava para ele por conta da condição. Trouxemos o Abu para casa, quando ele chegou, se deu bem com a [cachorrinha] Mel, ficou mais tempo no quarto das crianças, foi tranquilo”, relembrou Mariana ao G1.
Ela ainda contou que, como ele não ganhava peso, já havia passado por uma veterinária algumas vezes, mas que, em dezembro, uma mancha branca no olho fez com que eles novamente levassem Abu em uma consulta.
“Tem uma amiga da nossa veterinária que é oftalmologista, e topou ver o Abu. Ela disse que a cegueira dele é irreversível, mas a gente pensava que a cegueira era de maus-tratos. Ela questionou se era isso mesmo, porque achava que era outra coisa. Aí, eu gelei”.
Logo, a oftalmologista explicou a existência do vírus mutável, que alguns gatinhos desenvolvem a PIF, e que isso afeta muito o animal.
“Ela disse que não tinha cura até então, falou que está sendo feito um trabalho experimental com um medicamento, que é importando e que está tendo muito resultado em animais”.
Segundo a matéria, logo após o diagnóstico, Mariana e o marido optaram pelo tratamento paliativo, que é para amenizar a dor do animal durante o tempo em que ele viver.
“Lascou, pensei. Mal peguei ele e não consegui dar a vida que eu queria. Ele já sofreu muito, não sabe nem brincar, é muito complicado. Aceitei a questão do paliativo para ele não sentir dor, mas entraram anjos na minha vida que me deram força, fizemos o Instagram, e está crescendo muito o número de seguidores dele”, comenta ela.
Com a criação do Instagram “Abu Contra a PIF”, o gatinho tem comovido a web, não apenas com ajuda financeira, mas com palavras também, que segundo a tutora ajudam na luta e no tratamento do animal.
“Isso me dá força para ficar de madrugada acordada com ele, para ficar levando ele, já que não está andando e rasteja. Ele não gosta de fazer xixi fora da caixinha, é um bebê, é meu filho, assinei o papel da adoção e adotei de corpo e alma, então, preciso fazer com que ele viva bem e conheça a vida que nunca teve”, afirma Mariana.
E complementa:
“A gente está confiante, as palavras das pessoas estão dando força. Eu quero que as pessoas sintam-se parte dessa luta, porque se disponibilizam para isso. A união é surreal, o compartilhamento, toda forma de ajuda vai salvar a vida do nosso Abu. Ele virou um patrimônio já, ele é de todo mundo, sou muito grata a isso, porque ele nunca teve ninguém. É uma chance que a gente pode dar, só tenho que agradecer por cada gesto, cada palavra, valor, agradeço imensamente”.
Tratamento experimental
Abu vêm sendo tratado com um medicamento de alto custo que é experimental e importado da China. Segundo o G1, Mariana conta que é necessário importar as ampolas, que devem ser aplicadas uma vez ao dia.
“Uma ampola deu quatro aplicações. A gente vai iniciar a quinta aplicação, que é a segunda ampolinha”, explica.
Conforme Abu vai melhorando e ganhando peso, a dose de aplicação passa a ser maior. Com isso, as ampolas tendem a durar menos aplicações.
“Por isso, a estimativa desse valor tão alto, que assusta. A gente já está sentindo uma melhora, ele levantou, se arrastando, e depois foi comer. Isso é um baita estímulo”, finaliza.
PIF – O que é
Conforme o G1, que entrevistou a médica veterinária Thalita de Noffri, a doença PIF é provocada por uma mutação do coronavírus nos gatos, que não é transmitida para humanos e cachorros.
“Ele adquire esse vírus pela ingestão, ou seja, um gato contaminado elimina esse vírus nas fezes, outro gatinho pisa, suja a pata, e para se higienizar, ele lambe, e essa é a forma de contaminação”.
A veterinária ainda afirma que alguns gatos contaminados são assintomáticos, e que acabam não desenvolvendo a doença, mas que alguns fatores, como o estresse, podem fazer com que esse assintomático desenvolva a doença.
Conforme ela: “É uma inflamação do peritônio, um processo infeccioso que acomete só nos gatos”.
Segundo a matéria, o diagnóstico é feito por exame de sangue, mas ao longo da vida, é possível que ocorra infecção. Por isso, Thalita reforça alguns cuidados.
“O importante é manter a saúde do gato em dia, criando dentro de casa, dando remédio contra vermes, controle de pulgas, tendo boa higienização na caixa de areia, porque o gato, por si só, já tem boa higiene. Oferecer boa alimentação, bastante fonte de água, porque é um animal difícil de beber água, e ao menor dos sintomas e qualquer alteração que tiver, procurar um veterinário”.
Com diarreia, febre, falta de apetite, cegueira, lesões neurológicas e articulares como principais sintomas, a PIF é uma doença fatal e deve ser temida pelos tutores de gatos.
“É comum em lugares que têm muitos gatos, em acumuladores. Pode acontecer porque são muitos gatos no mesmo lugar e às vezes não tem higienização suficiente”.
Ainda para o G1, o veterinário e professor universitário Eduardo Filetti reitera que a PIF é um coronavírus felino, e que na maioria dos gatos, causa uma gripe e não avança para casos mais graves. No entanto, quando agrava, pode ser fatal. “É uma doença muito difícil de salvar”.
Filetti explica que o coronavírus canino tem a vacina V10, antigamente V8, que protege contra várias outras doenças, como hepatite e gripe. Mas não há vacina para a prevenção da PIF, o coronavírus felino, finaliza o texto.