Charlinho é um gatinho muito pequeno. Mesmo. Prestes a completar três meses, no próximo sábado (11), ele pesa pouco mais de 500 gramas. Para ter uma ideia, gatos com essa idade costumam passar de 1 kg.
Ele e seus quatro irmãos recém-nascidos foram abandonados com a mãe na Quinta da Boa Vista, um parque municipal na zona norte do Rio de Janeiro. A família toda foi resgatada pelo projeto Gatos da Quinta da Boa Vista, que ajuda os animais da região, e levada para a casa de Ingrid Marques, 29, biomédica e voluntária do grupo.
Logo que Charlinho chegou no lar temporário, Ingrid percebeu que as patinhas dianteiras dele eram tortas e que ele tinha dificuldade para mamar. “Várias vezes, eu afastava os irmãos para ele poder se alimentar melhor”, conta a biomédica.
Quando Ingrid levou os gatinhos para a primeira consulta, a veterinária percebeu que Charlinho tinha fenda palatina, uma malformação congênita em que o céu da boca fica aberto. Ou seja, além das patinhas tortas que dificultavam o movimento que os filhotes fazem para tirar o leite da teta da mãe, ele tinha uma complicação a mais que atrapalhava sua alimentação.
Com tudo isso, o desenvolvimento do Charlinho ficou atrasado em relação ao dos seus irmãos. “Quando eles chegaram em casa, todos tinham o mesmo tamanho. Mas depois de alguns dias, os outros ganharam peso e cresceram, mas o Charlinho ficou para trás”, afirma.
A fenda palatina fechou sozinha, diz Ingrid, mas as patinhas precisaram ser imobilizadas com talas feitas com fita crepe para o bichano conseguir se movimentar melhor.
“Nós tiramos os curativos porque estavam causando feridas na pele. Ele tem consulta com a veterinária na próxima semana para avaliar se será preciso colocar de novo, mas acho que não. Ele está bem melhor e já consegue apoiar as almofadinhas no chão direitinho”, revela.
Até os dentinhos do felino demoraram mais para nascer em comparação aos dos outros filhotes. Por isso, ele precisou de reforço com mamadeira e se alimentava apenas de sachê até poucos dias atrás. Só agora, com quase três meses, que começou a comer ração seca.
Apesar do atraso no desenvolvimento, a saúde de Charlinho está boa. Ele fez exames de sangue e de ultrassom e todos estão dentro dos padrões normais.
“A veterinária estava desconfiada de que ele poderia ter nanismo. Mas com os resultados dos testes, essa hipótese já está sendo descartada. Ele só ficou pequenininho mesmo, e com as patinhas um pouco tortas”, observa.
Claro que, a essa altura, o lar temporário já virou adoção definitiva. Charlinho agora faz parte da família formada por Ingrid, pelo marido dela, e pelos gatos Rodolfinho, Sophie e Anastasia —também resgatada da Quinta da Boa Vista.
Os irmãos de Charlinho já foram adotados. A mãe dele foi castrada e também será colocada para adoção.
Fonte: Folha
