Por Jude Mignacca, de Nova York (Care 2)
Tradução por Natalia Cesana (da Redação)
Todo animal que tive o prazer de ter em minha vida foi retirado das ruas.
Em setembro de 2009, uma amiga me ligou e me contou estar preocupada porque a neta havia começado a alimentar um gatinho que apareceu no quintal. O animal, entretanto, parecia ser cego. Os outros gatos não o deixavam chegar perto da comida e ele estava cada vez mais magro, mesmo com a porção diária de atum que a menina lhe oferecia.
Perguntei a minha amiga o que a levou a pensar que o gato fosse cego e ela me disse: “porque quando ele olha para você, não há olhos nas órbitas”.
O Departamento de Controle Animal foi acionado e quando o responsável chegou, ele não quis mexer no gato. Ele foi de mansinho em direção a ele para tentar colocar uma caixa de transporte em cima dele, mas a única coisa que conseguiu foi assustá-lo. O gatinho correu pela cerca, pulou no quintal da vizinha e ali ficou escondido por dois dias. Mas sabendo que havia uma refeição diária do outro lado, ele voltou à varanda da minha amiga.
Eu fui até a casa dela na manhã seguinte, no momento em que a neta ia até os fundos com atum e chamou pelo gatinho. Com um miadinho curto, ele saiu de um arbusto. Era magro, pequeno, malhado de cinza e preto. No lugar das órbitas, de fato, havia apenas uma membrana rosa em cada olho. Nós nos sentamos caladas enquanto o gato comia.
A neta de minha amiga gentilmente pegou o pequeno gatinho e o colocou no meu carro. Uma ida ao veterinário confirmou que esta pequena fêmea tinha aproximadamente dois anos, estava castrada, desnutrida, desidratada, com uma infecção nas glândulas anais e, sim, tinha nascido sem os olhos. Obviamente ela já tinha tido um tutor, mas depois de três semanas de esconde-esconde e inúmeros cartazes sem resposta, ela era minha.
Cada vez mais saudável e forte, ela explora minha casa de cima a baixo e eu a sigo como uma mãe histérica removendo os objetos do caminho. Mas ela rapidamente pegou o jeito de como circular pelas escadas do porão, pelas pernas dos móveis, como saltar do topo do sofá e, claro, no cachorro. Seu miado é doce e musical, por isso a batizei em homenagem a Stevie Wonder. Ela é minha querida e fui abençoada por tê-la encontrado.