A comoção causada pela imagem de uma gata repousando nos braços de uma estátua de Jesus Cristo, no Cemitério da Saudade, em Limeira (SP), ganhou um desfecho trágico. A gatinha, que havia se tornado símbolo de ternura e acolhimento após ser fotografada dormindo serenamente na escultura, foi encontrada morta na terça-feira (16/07), com claros indícios de envenenamento.
A gata fazia parte de uma colônia de cerca de 80 animais que vivem no local e era acompanhada de perto pela Associação Limeirense de Proteção Animal (ALPA). Castrada, microchipada, bem alimentada e socializada, ela era querida por funcionários, zeladores e pelos protetores que há mais de duas décadas atuam no cemitério tentando minimizar o sofrimento dos animais abandonados.
Sua morte não foi um caso isolado, mas reflexo de um ciclo constante de abandono e negligência. A ALPA denuncia que o despejo cruel de animais no cemitério é frequente, e que episódios de envenenamento e maus-tratos não são novidade. Ainda assim, os voluntários seguem firmes no cuidado diário, oferecendo alimento, castração, atenção veterinária e, sobretudo, carinho.
O assassinato da gatinha causou profunda revolta na comunidade e escancarou mais uma vez a impunidade com que crimes contra animais seguem ocorrendo no país. A imagem que havia viralizado como um símbolo de paz agora ecoa como um alerta sobre a violência silenciosa que tantos animais enfrentam após serem descartados como objetos.
A ALPA solicita que a Polícia Civil investigue o caso com rigor e pede apoio da população para impedir novas tragédias. “O abandono é constante, mas nunca desistiremos deles”, declarou a associação em nota pública.
Este episódio reforça um ponto essencial da luta pelos direitos animais: o cuidado e a proteção da vida não podem continuar sendo responsabilidade exclusiva de voluntários. É urgente que o poder público assuma sua função e que a sociedade, como um todo, se comprometa em transformar compaixão em ação concreta.