Os defensores dos combustíveis fósseis insistem em tentar transformar o gás em “combustível da transição energética”, alegando que suas emissões são menores que as do petróleo e do carvão. Mas, além de não haver mais tempo para continuar queimando qualquer combustível fóssil pelo agravamento das mudanças climáticas, um novo estudo joga por terra essa teoria e mostra que o gás fóssil pode ser pior do que o carvão, o mais “sujo” deles. Em resumo: não existe combustível fóssil “bom”.
Para a Europa e a China, importar gás fóssil liquefeito (GNL) dos Estados Unidos para gerar energia é pior para o clima do que usar carvão local, pois produz cerca de um terço a mais de emissões. É o que mostra um estudo do professor de Ecologia e Biologia Evolucionária da Universidade de Cornell, Robert W. Howarth. A pesquisa foi publicada na Energy Science and Engineering.
Enquanto estudos anteriores se basearam nas declarações das empresas de gás sobre o quanto suas instalações poluem – no melhor estilo da raposa vigiando o galinheiro –, a pesquisa de Howarth utilizou medições independentes. E concluiu que as emissões de gases de efeito estufa da produção desse combustível fóssil nos EUA são muito maiores do que se pensava anteriormente, destaca o Climate Change News.
Segundo o professor, em um período de 20 anos, a pegada de carbono do GNL é um terço maior do que a do carvão quando analisada pela métrica do Potencial de Aquecimento Global, utilizada para comparar o impacto ambiental de diferentes gases de efeito estufa, explica o Meteored. Mesmo em uma escala de 100 anos [mais branda do que 20 anos, já que o metano tem duração na atmosfera menor que a do CO2], a pegada de carbono do gás fóssil liquefeito é igual ou mesmo superior à do carvão.
A ventilação de gás e as emissões fugitivas são a principal causa das emissões de metano. A ventilação é uma prática que libera gás indesejado para manter condições seguras no processo de extração de petróleo e gás. Já as emissões fugitivas são liberações não intencionais de gás em todo o sistema de abastecimento de combustíveis fósseis. A maior parte da fuga de metano vem dos processos posteriores à produção de petróleo e gás, que incluem o refino, o transporte e a distribuição de produtos gasosos, informa o Earth.org.
Portanto, embora a queima de carvão gere mais emissões de CO2 do que a queima de gás fóssil, as emissões de metano deste último podem “mais do que compensar essa diferença”, de acordo com o estudo.
Fonte: ClimaInfo