(da Redação)
Os galgos são explorados como cães de caça na Espanha, mas apenas enquanto eles são úteis. Segundo o site Vice, aproximadamente 50 mil galgos serão abandonados ou mortos no final da temporada deste ano. A caça de lebres é praticada nas zonas rurais do país e expõe o cão a uma vida miserável, cheia de treinos cruéis e, é claro, também mata e causa sofrimento a milhares de lebres.
Se os cães são muito velhos para caçar ou geram muitas dívidas, seu tutor pode optar pela morte do animal. Alguns os jogam em poços e outros os cremam. Passar com o carro em cima deles também é uma maneira de matá-los, e há alguns anos houve vários casos de cães sendo amarrados em caminhões e arrastados ao longo da estrada.
Beatriz Marlasca, presidente da ONG espanhola Associação Baasgalgo dedicada à proteção dessa raça, falou com o Vice sobre a intensa crueldade que ela viu contra os antigos cães de caça, incluindo cães abandonados comendo lixo nas ruas e poços cheios de cadáveres. Muitas vezes, os abusadores são difíceis de rastrear ou condenar, e a maioria deles está solta. “Às vezes você acha que não aguenta mais”, disse Marlasca, “mas então você não percebe que não pode desistir.”
“Passamos por muitos sentimentos no processo: Indignação quando encontramos um caso particularmente terrível e horror quando pensamos o quanto o cão deve ter sofrido. Mas a ligação entre os cães e aqueles que cuidam deles cresce… Então ele é adotado, e você se sente orgulhosa e feliz de pensar que há um cão a menos nas ruas. Tivemos inúmeros casos, alguns deles realmente milagrosos”, contou a protetora.
E Marlasca disse que os casos milagrosos são os que fazem todo o esforço, dor e agústia valerem a pena. “Algum tempo atrás, encontramos uma galga que tinha sido enforcada, mas ainda estava viva. Depois de um mês em tratamento intensivo, ela se recuperou totalmente e foi adotada na França. Esse final feliz é o que nos move. É impagável ver o cão com uma nova família, sentado em um sofá, depois de tudo o que passou. É difícil e bonito ao mesmo tempo.”
A ONG espanhola Rede de Proteção Canina apresentou recentemente um documentário chamado “Fevereiro: O Medo dos Galgos” que narra a dramática situação desses animais que em cada ano tem de sofrer devido à temporada de caça.
Esses cães também são explorados na indústria de corridas. Não só na Espanha, como também na Austrália, na Irlanda, em Macau, no México, no Reino Unido e nos Estados Unidos a prática faz parte dos jogos de azar, sustentados por apostas. Os cães que vão para as pistas enfrentam duro programa de treinamento e são colocados em risco significativo de lesões, como fraturas de pernas, paralisias ou traumatismos cranianos durante os treinos e as corridas. Alguns até mesmo morrem de ataque cardíaco devido ao intenso desgaste físico. Os danos são muitas vezes considerados “inviáveis financeiramente” para serem tratados e o tutor – que se diz “proprietário” – opta pela morte do animal.