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PREOCUPANTE

G7 bate recorde de subsídios a combustíveis fósseis e falha na meta climática para 2025, aponta relatório

Relatório do Greenpeace revela que as nações mais ricas do mundo aumentaram os incentivos fiscais ao petróleo, gás e carvão em vez de reduzi-los, contrariando seus próprios compromissos climáticos

6 de fevereiro de 2025
Renata Turbiani
4 min. de leitura
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Mãos sujas de petróleo — Foto: Getty Images

Um novo relatório encomendado pelo Greenpeace mostra que o G7, grupo de nações industrializadas que inclui Canadá, França, Alemanha, Itália, Japão, Reino Unido e Estados Unidos, ultrapassou as metas autoimpostas de redução das emissões de carbono até 2025, subsidiando em vez disso combustíveis fósseis prejudiciais ao clima em quantidades recordes.

Pelos dados – baseados em números do Fundo Monetário Internacional (FMI) –, o grupo, que havia prometido em 2016 que reduziria os subsídios para petróleo, gás e carvão até 2025, fez o contrário. Em 2023, os países pagaram 15% a mais para os produtores do setor, totalizando US$ 1,36 trilhões (aproximadamente R$ 7,8 trilhões na cotação atual).

A Itália foi o pior infrator em termos percentuais, aumentando seus subsídios em 166% no período de 2016 a 2023, e somando US$ 46 bilhões (R$ 266,1 bilhões), aponta a entidade. A Alemanha ficou em segundo lugar, aumentando em 49%, com um total de US$ 113,6 bilhões (R$ 657,2 bilhões). O Canadá, por sua vez, foi o único que registrou redução, de 11%, totalizando US$ 39 bilhões (R$ 225,6 bilhões).

A França doou US$ 44,1 bilhões (R$ 255,1 bilhões) em 2023, um aumento de 40% na comparação com 2026. Já o Reino Unido elevou seus subsídios para US$ 57,9 bilhões (R$ 334,9 bilhões) há dois anos, o que representa alta de 22%.

Em termos de valor, os Estados Unidos lideraram a lista (US$ 790 bilhões ou R$ 4,5 trilhões) em 2023, seguidos pelo Japão (US$ 269 bilhões ou R$ 1,5 trilhão).

“Os países do G7, algumas das nações mais ricas e poderosas da Terra, deram a si mesmos quase uma década para tomar medidas em direção à ‘eliminação’ dos subsídios aos combustíveis fósseis até 2025. Agora é 2025 – o ano começou com calamidades climáticas devastadoras – e eles não estão apenas perdendo essa meta; eles aumentaram os gastos públicos em combustíveis que destroem o clima”, apontou Virag Kaufer, líder do Programa Internacional Clima e Energia do Greenpeace, em comunicado.

O relatório destaca ainda que o aumento dos preços da energia após a invasão russa da Ucrânia aumentou significativamente os subsídios para carvão, petróleo e gás na maioria dos países do G7. Na Alemanha, medidas como congelamento de preços de gás e eletricidade, menores taxas de IVA sobre gás e alívio de longo alcance para a indústria foram responsáveis por 38% do total no período analisado.

“A Alemanha não pode mais se dar ao luxo de desperdiçar bilhões em receitas fiscais para subsidiar carros de empresa e viagens aéreas. Precisamos desses fundos agora para modernizar o país de uma forma socialmente justa para todos”, argumentou Sophia van Vügt, especialista em energia da Greenpeace Alemanha. “Com sua política de subsídios baseada em combustíveis fósseis, o governo alemão está criando incentivos falsos que são prejudiciais ao clima. A terceira maior economia do mundo estaria melhor aliviando o fardo das pessoas com um imposto climático socialmente escalonado em vez de financiar comportamentos prejudiciais ao clima com mais subsídios de energia.”

Kaufer complementou que, com o ano de 2025 “já trazendo danos recordes de incêndio nos EUA, outros desastres causados pelo clima e a mais recente onda de lucros multibilionários para corporações de combustíveis fósseis”, os governos precisam controlar os gastos públicos e desviá-los urgentemente dos incentivos ao petróleo, gás e carvão para uma transição justa e sustentável.

Euronews procurou os países do G7 e só obteve resposta da Alemanha. Um porta-voz da nação europeia confirmou que o Governo Federal está comprometido em reduzir subsídios prejudiciais ao clima para atingir metas climáticas e liberar recursos financeiros para investimentos sustentáveis. Mecanismos foram identificados para isso, mas caberá ao vencedor da próxima eleição decidir como levar as coisas adiante.

Fonte: Um Só Planeta

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