EnglishEspañolPortuguês

ESPÉCIE AMEAÇADA

Furacões afetam drasticamente o habitat e a alimentação dos peixes-bois-marinhos

Além disso, é comum que indivíduos da espécie encalhem após esses eventos climáticos extremos

11 de outubro de 2024
Júlia Zanluchi
3 min. de leitura
A-
A+
Foto: James R.D. Scott/Getty Images

Biólogos que trabalham na proteção dos peixes-bois-marinhos estão preocupados com o impacto dos furacões Helene e Milton no futuro da espécie já ameaçada.

A bióloga que estuda peixes-boi, Tiare Fridrich, afirmou que os efeitos das mudanças climáticas estão se intensificando a cada ano, o que pode criar condições para mais tempestades na área de Crystal River, na Flórida (EUA).

Historicamente, os peixes-boi migravam para Crystal River nos meses mais frios, mas as mudanças climáticas se tornaram um dos principais fatores que dificultam a recuperação e sobrevivência desses animais.

Os peixes-boi são uma espécie ameaçada desde 2017, quando foram removidos da lista de espécies em perigo, de acordo com o U.S. Fish and Wildlife Service. No entanto, o aumento do número de eventos climáticos na área preocupa alguns cientistas quanto à recuperação da espécie.

De acordo com a bióloga, a vegetação na Kings Bay, as nascentes de Crystal River, foi significativamente impactada pelos últimos furacões. “Suspeito que veremos perdas”, comentou Fridrich, sobre os furacões Helene e Milton, ao WUTF.

Embora os peixes-boi nativos da Flórida tenham se adaptado a eventos climáticos extremos, Fridrich afirmou que os furacões podem fazer com que eles avancem muito para o interior, onde normalmente não iriam, ficando presos quando os níveis da água baixam. “Mesmo em áreas que são habitat típico dos peixes-boi… águas que recuam a níveis anormalmente baixos também podem deixá-los encalhados”, disse ela.

“Se você tem aumento das marés, aumento do nível do mar, maior número de tempestades, marés de tempestade causadas por furacões, elas empurram água salgada para as áreas de água doce”, disse Mike Walsh, professor clínico associado de saúde de animais aquáticos da Universidade da Flórida. “Isso afeta a fonte de alimento, e os animais não conseguem lidar com a falta de comida.”

Walsh afirmou que, embora tenha havido um aumento no número de peixes-boi em Crystal River, os furacões fazem com que a água salgada invada a vegetação de água doce. Essa água salgada pode empurrar a vegetação de água doce de volta para o Golfo do México, pois ela não consegue suportar a quantidade de sal presente ali.

Alguns anos atrás, uma empresa de restauração aquática replantou ervas marinhas na área de Crystal River, o que acabou ajudando a espécie, disse Walsh. No entanto, isso fez com que os peixes-boi mais jovens se acostumassem a ter a fonte de alimento por perto, e a maioria provavelmente não sabia que havia comida também no Golfo.

“Quando o último furacão empurrou água salgada para a área de Crystal River, não matou tudo. Mas enfraqueceu o suficiente para que houvesse menos comida disponível para o número crescente de peixes-boi”, disse Walsh.

Ele comentou que pode haver um atraso na rapidez com que a população de peixes-boi reage às atividades relacionadas às mudanças climáticas, como a necessidade de procurar alimento em outro lugar.

“As mudanças climáticas alteram as necessidades comportamentais deles e o que eles se adaptaram a fazer. E eles se adaptam a novas condições, o que torna mais difícil voltar ao normal quando algo ruim acontece”, afirmou.

    Você viu?

    Ir para o topo