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CRUELDADE

Funcionário de órgão responsável pela administração de terras federais agride cavalo selvagem que já estava colapsando 

ONG denuncia a agressão em meio a uma decisão judicial que permite que quase 5 mil cavalos selvagens sejam retirados de seu habitat para fins pecuaristas 

1 de setembro de 2024
Júlia Zanluchi
3 min. de leitura
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Foto: AP

Uma ONG está se manifestando após vídeos mostrarem um funcionário do Bureau of Land Management (BLM), órgão responsável pela administração das terras federais dos Estados Unidos, chutando um cavalo selvagem durante uma captura recente. As imagens feitas pela American Wild Horse Conservation (AWHC) mostram um contratado do BLM chutando repetidamente um cavalo colapsado.

Em 20 de julho, o Bureau of Land Management divulgou sua Avaliação Abrangente de Bem-Estar Animal da captura de cavalos selvagens e burros com helicóptero no Complexo Blue Wing. De acordo com a AWHC, a avaliação, conduzida pela equipe interna do Programa Abrangente de Bem-Estar Animal (CAWP) do Bureau of Land Management, ocorreu em 18 e 19 de julho de 2024, aproximadamente uma semana antes do incidente, por isso eles solicitaram que o BLM revisse e corrigisse sua avaliação.

Depois que o BLM foi informado sobre a agressão, a agência supostamente não alterou sua avaliação do CAWP nem enviou uma segunda equipe do CAWP para avaliar as condições em curso e as ações dos contratados. Apesar das violações documentadas ao bem-estar — incluindo um incidente em que um funcionário da CD Warner Livestock LLC, a empresa contratada para realizar a captura, foi visto chutando e socando brutalmente um cavalo selvagem colapsado — o BLM classificou a operação como “excelente”.

“É uma exibição flagrante de crueldade”, começa Amelia Perrin, gerente sênior de comunicações da AWHC. “E não só isso viola o Programa Abrangente de Bem-Estar Animal do Bureau of Land Management, mas é um ato criminoso.”

Perrin explica que as capturas acontecem em cantos remotos do oeste onde o público não pode ir. “A AWHC envia rotineiramente observadores humanitários para documentar essas capturas e trazer essas ações e transparência desses cantos escuros para o olho público”, pontuou Perrin.

Mesmo após as capturas, Perrin diz que os animais ainda enfrentam abusos graves. “Apenas o pensamento de serem arrancados da vida selvagem, arrancados de sua liberdade, arrancados de suas famílias, para ficar em cercados onde apenas alguns são adotados, mas a maioria vive atrás das grades”, explicou Perrin.

Em uma visita a uma das instalações de retenção do BLM, um observador humanitário da AWHC tirou uma foto de um potro morto sangrando pelo olho. “Esses tipos de incidentes não são isolados”, disse Perrin. “Eles são emblemáticos de um problema maior em todo o programa de cavalos e burros.”

Ela diz que a AWHC gostaria de ver uma maneira mais humana de controlar a população de cavalos selvagens. “Os cavalos selvagens podem ser manejados usando controle de fertilidade, e há uma vacina não hormonal que impede que eles fiquem prenhes”, afirmou Perrin.

Além disso, a ONG quer que o BLM assuma mais responsabilidade e explique por que outros 42 cavalos nessa captura acabaram mortos. A American Wild Horse Conservation também apresentou queixas ao Congresso e ao escritório do Inspetor Geral, ambos os quais se recusaram a investigar.

“O BLM reconheceu o erro do contratado, mas o realocou ao invés de aplicar consequências. Apenas realocá-lo é colocar um curativo em uma ferida aberta”, disse Perrin.

A agressão foi feita em meio a uma decisão judicial que permite que a BLM remova quase 5 mil cavalos selvagens da natureza e elimine 850 mil hectares de habitat desses animais na região de Wyoming. As terras serão utilizadas para fins pecuaristas.

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