Um vídeo que circula nas redes sociais de Botucatu (SP) mostrando um veículo do canil municipal com um funcionário aparentemente abandonando um cachorro em uma rua da cidade viralizou e provocou polêmica entre os moradores.
Nas imagens, o veículo do canil aparece parado em uma rua do bairro Jardim do Cedro com o funcionário soltando a cachorra no local. Segundo a protetora de animais acionada para resgatar a cachorra, o animal estava doente e com fome.
Já o Canil Municipal confirmou que o veículo é do órgão e que a cachorra foi solta após ser resgatada e tratada durante um mês, procedimento previsto em lei estadual.
A Prefeitura de Botucatu informou que “não concorda com o ocorrido e já abriu sindicância para apuração”. A nota diz ainda que nesta quarta-feira (20) haverá reunião com cuidadores de animais do município “para apresentar proposta de intervenção no Canil Municipal”.
Lei do cão comunitário
A supervisora veterinária do Canil Municipal, Sabrina Moreira Legatti, disse que a cachorra foi resgatada pelo órgão no último dia 11 de março e, desde então, passou por tratamento com antibióticos para a erliquiose (doença do carrapato).
Ainda segundo a supervisora, a cachorra, após recuperada, foi solta no local onde havia sido resgatada com base em lei estadual que recomenda a soltura de “animais comunitários” no seu local de origem, onde possui vínculos, mesmo que não tenha um dono definido.
Sabrina informou ainda que a cachorra foi vacinada e microchipada pelo Canil Municipal, que é administrado pela Organização Social de Saúde Pirangi.
De acordo com definição da lei nº 12.916/2008, o cão comunitário é “aquele que estabelece laços de dependência e manutenção com a comunidade em que vive, embora não tenha responsável único e definido”.
“Recebemos aqui no canil uma média de 70 cães por mês vítimas de abandono e, como não temos alojamento para todos eles, seguimos a recomendação do Centro de Controle de Zoonose [CCZ] de São Paulo baseada nessa lei de devolver o cão ao local de origem”, justificou Sabrina.
‘Estado precário’
Segundo Luciana Ferreira, voluntária da causa animal chamada para resgatar a cachorra, o animal precisou ser internado em uma clínica particular pois apresentava um quadro de fome e de dores.
“A gente sabe que eles [canil] fazem isso com base nessa lei, mas o que questionamos é que essa cachorra estava muito debilitada, anêmica e apática, e com muitas dores, e que nessas condições ela não deveria ser solta. A não ser que houvesse alguém que pudesse cuidar dela”, disse Luciana.
Na avaliação preliminar feita na clínica, foi constatada que a cachorra, de cerca de 7 anos, apresentava acúmulo de fezes e alterações nos rins, fígado e pâncreas. Exames de sangue ainda vão indicar a situação clínica do animal.
Segundo a voluntária, apenas depois de diagnosticada e tratada é que Brisa, nome provisório que a cachorra ganhou, terá seu destino definido.
Fonte: G1