Redação ANDA – Agência de Notícias de Direitos Animais
Um grupo de pesquisadores biomédicos das Universidades de Cornell, Stanford e Harvard têm repensado os testes em animais para novas drogas, já que muitos estudos falham com humanos, de acordo com uma nova pesquisa publicada na Nature America.
Foi revelado que os testes em animais para novas drogas não podem ser reproduzidos e imitados em humanos, disseram os cientistas.
“Talvez precisemos parar de pensar em animais como estes pequenos tubos de ensaio peludos que podem ser ou mesmo devem ser controlados. Talvez, em vez disso, devêssemos pensar neles como pacientes”, declarou Joseph Garner, cientista de comportamento do Centro Médico da Universidade de Stanford e principal autor da pesquisa.
Garner argumenta que há uma piora na taxa de êxito em procedimentos com humanos – atualmente um em cada nove fármacos será bem-sucedido com humanos. Isso combinado com uma explosão de interesse na reprodutibilidade, “levou à crescente suspeita de que a falha de tradução do trabalho animal para os resultados humanos pode refletir questões na investigação animal”.
Além de serem completamente antiéticos, as falhas dos testes em animais custam milhares de dólares às empresas farmacêuticas, segundo informado pelo portal RT.
A mudança de raciocínio das empresas tem ocorrido ao longo da última década, conforme a indústria farmacêutica percebe que cada droga que falha com humanos foi testada em animais. Isso levou as empresas farmacêuticas a repassar os custos para startups e laboratórios acadêmicos.
“Mesmo que esta abordagem não seja infalível, pois empresas farmacêuticas muitas vezes não podem replicar os resultados do trabalho publicado da academia”, argumenta Garner.
Quando os cientistas começaram a usar animais em pesquisas há mais de um século, o objetivo era estudá-los como animais, não como seres humanos.
“À medida que esse processo continuava, as pessoas deixavam de vê-los como animais especializados e começavam a vê-los cada vez mais como mamíferos prototípicos”, disse Todd Preuss, antropólogo do Centro Nacional de Pesquisa de Primatas Yerkes da Universidade Emory.
Isto ocorreu em parte devido a considerações financeiras, mas também por causa da crença de que qualquer doença poderia ser curada ao estudá-los. A suposição negligenciou o fato de que ratos e seres humanos têm se desenvolvido em seus próprios caminhos evolutivos por dezenas de milhões de anos, com características únicas, disse Preuss.
Uma equipe da Universidade John Hopkins anunciou em março que estava realizando pesquisas para determinar a utilidade de testes em cães, ratos e outros animais com o intuito de avaliar a toxicidade para os seres humanos, de acordo com o Baltimore Sun. A pesquisa poderia estimular o fim dos experimentos cruéis, que já está em andamento por razões éticas e práticas.
Um substituto promissor para testes em animais é o “tecido em um chip” de acordo com Kristie Sullivan do Comitê de Médicos para Medicina Responsável, um grupo que se opõe aos testes em animais.
“Estamos vendo cada vez mais pesquisadores tentando incorporar métodos com humanos na pesquisa, utilizando células humanas, células-tronco ou tecido em um chip. Quanto mais esses métodos forem usados, melhor para a saúde humana e para os animais”, destacou.
Reguladores da FDA e da Agência de Proteção Ambiental defendem que experimentos cruéis ainda são necessários.
Muitos pesquisadores esperam diminuir o número de fármacos que se mostram promissores em animais, mas não conseguem mostrar eficácia em humanos.
Uma promissora pesquisa de drogas para combater o Alzheimer falhou ao ser usada em humanos.
Mais de 767 mil animais foram torturados em pesquisas em 2015, de acordo com dados do Departamento de Agricultura dos EUA. O número incluiu cães, gatos, porquinhos da índia, hamsters, coelhos, primatas e alguns animais explorados em fazendas – mas não ratos, camundongos ou aves, que são os seres mais abusados nesses procedimentos.