Pesquisadores levantam a possibilidade de que a ação humana, motivada pela busca por imagens raras, tenha levado ao desaparecimento de um animal tão incomum que parece saído de um cenário de ficção científica.
O caso envolve fotógrafos que teriam interferido diretamente no ambiente de uma espécie extremamente sensível, contribuindo para o seu possível desaparecimento definitivo na natureza.
Fotógrafos podem ter causado extinção de animal que parece de outro mundo
O animal em questão é conhecido popularmente como rã-galáxia, um pequeno anfíbio de aparência singular, com coloração escura pontilhada por marcas que lembram estrelas.
Seu nome científico é Melanobatrachus indicus, e ele ocupa uma posição única na árvore evolutiva, sendo o único representante de sua família.
Essa característica torna sua perda ainda mais grave do ponto de vista científico, já que não há espécies próximas que desempenhem o mesmo papel evolutivo.
A rã-galáxia vive exclusivamente em áreas muito restritas da floresta tropical dos Gates Ocidentais, no estado de Kerala, sul da Índia.
Ela depende de microambientes específicos, como troncos caídos em decomposição, onde a umidade, a temperatura e a proteção contra predadores permanecem estáveis. Qualquer alteração nesse equilíbrio pode ser suficiente para inviabilizar sua sobrevivência.
Fotógrafos podem ter causado extinção de animal
A suspeita de extinção local surgiu após pesquisadores deixarem de encontrar os indivíduos que haviam sido observados anteriormente na região.
Quando retornaram ao local, constataram que o tronco sob o qual as rãs viviam havia sido quebrado e deslocado, e a vegetação ao redor apresentava sinais claros de pisoteio.
A princípio, considerou-se a possibilidade de ataque de predadores, mas os danos observados indicavam uma intervenção mais intensa do que a causada por animais silvestres.
Relatos de moradores e rastreadores locais apontaram para a presença frequente de fotógrafos especializados em fauna rara.
Segundo essas informações, grupos teriam revirado troncos em busca da rã-galáxia e, ao encontrá-la, capturavam os indivíduos para reposicioná-los e fotografá-los de perto.
Em alguns casos, os animais teriam sido mantidos nas mãos por longos períodos, sem qualquer proteção.
Esse tipo de contato é particularmente perigoso para anfíbios, que respiram parcialmente pela pele e são extremamente vulneráveis a substâncias presentes na pele humana, como óleos e resíduos químicos.
Há relatos de que alguns exemplares morreram logo após esse manuseio. Desde então, buscas repetidas não localizaram novos indivíduos da espécie na área.
O caso reacende o debate sobre os limites entre a documentação da natureza e a interferência prejudicial, mostrando como até ações aparentemente inofensivas podem ter consequências irreversíveis para espécies raras e frágeis.
Fonte: Tribuna de Minas