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LITORAL DE SP

Fotógrafo paulistano registra imagem rara de cardume de arraias dançando com baleia-jubarte

18 de maio de 2024
6 min. de leitura
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Foto: Rafael Mesquita/Reprodução/Instagram

Um fotógrafo paulistano flagrou, com um drone, uma imagem linda e rara de um cardume enorme de arraias ticonhas nadando no mar de São Sebastião, no litoral Norte de São Paulo.

O registro foi feito na última quinta-feira (9) pelo fotógrafo Rafael Mesquita, que desde 2021 se dedica ao registro e preservação da vida marinha no litoral paulista no projeto “Megafauna Marinha Brasil”.

Mesquita contou que tentava localizar um grupo de baleias jubarte que passaram uma temporada no litoral paulista e uma delas tinha uma corda presa ao corpo. O objetivo era alertar as autoridades da localização, para que o animal pudesse receber ajuda.

“Nesse dia especificamente, saí porque tinham três baleias juvenis que estão na região aqui de São Sebastião desde o dia 1° de maio. Elas foram vistas todos os dias seguidamente, o que já é um evento bem raro por si só. Eu estava investigando o porquê delas estarem ficando nessa região. Quando achei uma baleia, subi o drone para dar uma olhada se era realmente aquela baleia que estava com a corda no corpo e não era, mas, assim que o drone subiu, vi o cardume de arraias ticonha. Achei aquilo maravilhoso, porque eu nunca tinha visto isso aqui na região”, contou.

Na imagem que viralizou nas redes sociais é possível ver que a baleia brinca com o cardume de arraias.

“Pra minha surpresa, essa baleia juvenil veio e entrou na imagem, passando pelo meio do cardume. Eu não esperava isso. Achei até que pudesse ser um barco, alguma coisa, porque começou a abrir. Ee você olhar na imagem, você vai ver que as arraias vão abrindo assim eu achei que fosse um barco porque até estragar a minha filmagem, mas pelo contrário, foi uma grande surpresa boa. É uma das imagens mais lindas que já registrei nesses anos”, afirmou mesquita.

3 mil arraias juntas

O biólogo André Casas, professor do Instituto Mar, da Universidade Federal de SP (Unifesp), em Santos, afirmou que o registro é extremamente raro, porque essa espécie de arraia está ameaçada de extinção no Brasil.

Casas calcula que ao menos 3 mil ticonhas estavam no cardume registrado em São Sebastião e chama a atenção para o ineditismo do registro.

“Nunca foi registrado um cardume com essa quantidade de animais aqui na nossa costa. Esse é um evento inédito. E essa questão é totalmente inusitada, por causa da interação das arraias desse cardume com essa baleia jubarte. Por isso esse registro é tão importante, inédito e pitoresco”, declarou.

O biólogo aponta que uma das hipóteses é que as arraias ticonhas esteja no litoral paulista para reprodução ou acasalamento.

“Aquela região do litoral paulista já é sabidamente um berçário para essas arraias. Elas, parem os filhotes aqui na nossa região. Nós temos ali um hot spot de diversidade para esses grandes animais, para essas que a gente costuma chamar de megafauna marinha, né? São animais grandes, são predadores de topo, são animais importantes pro ecossistema”, afirmou.

O professor da Unifesp defende que o governo paulista transforme essa região em santuário da vida marinha e aplique recursos para defender e preservar a área.

“É mandatório que essa região seja observada, que ela tenha algum estudo ou alguma política para preservar, para cuidar dessa região, para que esses animais possam desempenhar os seus papéis. Acho até que pode ser transformada num santuário, devido à grande quantidade de espécies diferentes registradas durante o ano”, declarou.

Flagrantes de encher os olhos

Só nessa temporada de abril e maio, Rafael Mesquita registrou várias baleias jubartes, orcas e até um raro tubarão baleia circulando pela região de Ilhabela.

“É um show da natureza que tira o nosso fôlego, alegra o nosso coração mas, sobretudo, preserva o nosso desejo de cada vez mais cuidar e preservar essas criaturas tão lindas”, disse Mesquita.

Sobre as três jubartes que passam uma temporada em São Sebastião nesse mês de maio, o biólogo da Unifesp afirma que provavelmente são baleias juvenis que não tem tanta massa corporação pra reter energia para a migração entre a Austrália e o arquipélago de Abrolhos, no Sul da Bahia, onde todos os anos a espécie aparece para se reproduzir.

“Por ser uma área rica em plantas e pequenos peixes, as jubartes mais jovens ficam uma temporada se alimentando, antes de seguirem caminho para a Bahia. Em vários lugares do mundo, turistas pagam uma fortuna para visitarem os santuários de baleias durante o período de reprodução. Em SP, a preservação podia atrair esse tipo de turista e financiar a segurança e preservação da área”, declarou André Casas.

Fonte: G1

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