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EXAUSTÃO

Fotografia de tigresa explorada para reprodução há mais de 20 anos vence prêmio internacional

Imagem vencedora expõe crueldade humana e integra série de registros fotográficos que denunciam o desrespeito e abuso de animais.

15 de maio de 2025
Júlia Zanluchi
3 min. de leitura
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Máquina de Reprodução (2023). Foto: Amy Jones

A foto impactante de uma tigresa idosa e extremamente magra, explorada por mais de 20 anos em uma fazenda de tigres no norte da Tailândia, venceu a categoria Humanity X Nature do Environmental Photography Award. Tirada pela premiada fotojornalista Amy Jones, a obra intitulada Máquina de Reprodução mostra Salamas com o rosto contraído, “repousando seu corpo frágil contra a parede de concreto de sua jaula”, descreve Jones.

Salamas foi separada da mãe ainda filhote, tendo seu direito à uma vida livre negado para ser usada na reprodução de filhotes destinados a “indústrias que vão do turismo de tigres ao tráfico de peles, dentes, ossos, garras e carne”, explica a fotógrafa.

A imagem foi feita durante seu resgate, realizado pela ONG Wildlife Friends Foundation Thailand (WFFT) em 2023. Na ocasião, ela não pode nem ser sedada como outros animais resgatados, devido ao risco de ela não acordar.

Os resgatistas passaram horas incentivando Salamas com comida, até que ela entrou na gaiola de transporte por conta própria.

Infelizmente, ela faleceu em setembro de 2024 no santuário da WFFT, pouco mais de 9 meses após seu resgate.

O concurso

Organizado pela Fondation Prince Albert II de Monaco, o concurso reconhece imagens que alertam para os impactos ambientais causados pelo homem.

A categoria Humanity X Nature destaca fotos que retratam a relação conflituosa entre humanos e natureza, incluindo “questões relacionadas às consequências das mudanças climáticas (secas, incêndios florestais, eventos extremos…) e à perda de biodiversidade (espécies ameaçadas, interações desastrosas entre humanos e animais)”, conforme explica o site do prêmio. Como vencedora, Jones recebeu uma bolsa de estudos de mil euros (cerca de 6.300 reais).

Finalistas da mesma categoria

Sem ar no poço (2020). Foto: Javier Aznar

Além da imagem vencedora, outras duas fotografias impactantes concorreram na mesma categoria. A primeira, intitulada “Sem ar no poço” (2020), foi capturada por Javier Aznar e mostra centenas de cascavéis amontoadas em um poço no Texas (EUA), onde são decapitadas e esfoladas durante a coleta de água doce.

O poço tem janelas para que os visitantes, a maioria crianças, possam ver as serpentes amontoadas.

Camuflado no Lixão (2023). Foto: Lakshitha Karunarathna

Já a segunda foto, “Camuflado no Lixão” (2023), de Lakshitha Karunarathna, mostra um elefante em meio a um mar de lixo no Sri Lanka, quase se confundindo com o plástico e os detritos ao seu redor. “A imagem é um testemunho sombrio dos graves problemas ambientais que o Sri Lanka enfrenta. Cada vez mais, os elefantes são atraídos para lixões abertos em busca de alimento, consumindo materiais perigosos que prejudicam sua saúde”, explicou o fotógrafo.

Esses lixões abertos atraem elefantes em busca de alimento, levando-os a ingerir materiais perigosos e agravando os conflitos entre humanos e animais devido à destruição de habitats e à má gestão de resíduos.

“Esses lixões, resultado de práticas de descarte de resíduos sem controle, não apenas colocam a vida selvagem em perigo, como também intensificam o conflito de longa data entre humanos e elefantes”, acrescentou Karunarathna. “Esta cena é um forte lembrete da necessidade urgente de soluções sustentáveis ​​para a gestão de resíduos e práticas favoráveis ​​à vida selvagem para proteger a biodiversidade do Sri Lanka e mitigar os riscos enfrentados por esses animais majestosos”.

Nota da Redação: a imagem vencedora do Environmental Photography Award não é apenas uma fotografia — é um retrato da crueldade humana. Salamas simboliza o sofrimento invisível de incontáveis animais reduzidos a objetos de lucro. Seu corpo esquelético e seu olhar resignado expõem a realidade perversa de uma indústria que transforma seres vivos em mercadorias descartáveis. Esse concurso é muito importante por dar voz a essas vítimas silenciosas, mostrando a urgência de combater o abuso e a exploração animal. Prêmios como este não apenas premiam a arte, mas também acendem a chama da mudança.

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