A foto de um morador em situação de rua que chorou após um cachorro ser morto a tiros por um policial militar no centro de Pirenópolis, no Entorno do Distrito Federal, causou comoção entre os moradores. Em nota, a Polícia Militar do Estado de Goiás (PM-GO), disse que o animal avançou de forma agressiva contra os agentes durante uma abordagem.
Em entrevista ao g1, uma moradora da cidade, que preferiu não se identificar, informou que o cão vivia nas ruas da região há anos e que era conhecido como Barão. “O cachorro que escolhe o tutor. Ele escolheu um morador de rua para estar junto, que era esse morador que estava lá dormindo quando os policiais chegaram”, relatou.
Os tiros foram disparados contra o cachorro durante a realização de uma feira, na Praça do Coreto. O organizador do evento, que também preferiu não se identificar, disse que o morador chorou ao se despedir do animal.
“O morador chorou, mas ele ficou assustado, com medo dos policiais. Ele só apareceu depois que o policial deu uma afastada”, contou.
Ao g1, o delegado Tibério Martins mentiu, dizendo que o cachorro era reativo. “Esse cachorro atacou várias pessoas na cidade. Ele ficava solto pela cidade. Ninguém queria esse desfecho, mas aparentemente o policial atirou para conter mais um ataque do animal. Estamos apurando detalhes”, detalhou.
Por outro lado, uma moradora o desmentiu, contando que conviveu com o cão por seis anos e que não tinha conhecimento das reações. Ela só soube dos relatos após a morte do cachorro e pontuou que Barão costumava acompanhar alguns moradores do local até a porta de casa.
“Ele era um cachorro amável, dócil. Não merecia isso que aconteceu com ele. Ele não era mau, de avançar nas pessoas. Latia quando se sentia ameaçado”, ressaltou.
O caso aconteceu no dia 20 de abril, a 350 metros da delegacia da cidade. Segundo a Polícia Militar, uma equipe foi acionada para averiguar uma ocorrência envolvendo um homem em situação de rua.
Revolta
Segundo a PM, um feirante foi levado até a delegacia após ter se revoltado com a situação. Ao g1, o delegado da cidade ressaltou que o homem esteve no local, mas foi liberado.
A enfermeira Inajara Alves, de 54 anos, disse que a área em que o cachorro foi morto é movimentada em fins de semana. “Ele era um cachorro da comunidade. O pessoal que faz a feira, que tem comércio ali na região, cuidava dele. […] Tanto que tinha muita gente na praça e ele não agrediu ninguém”, disse Inajara.
A enfermeira mencionou que o animal latia, mas que não era agressivo. Ela acredita que ele tentou proteger o morador de rua. “O cachorro fez um avanço normal, ele entende que aquele é o território dele. O que não justifica o policial fazer o que fez e matar o cachorro”, desabafou.
“Os polícias recuaram ao latido do cachorro o que estava a frente desferiu três tiros no cachorro e recuando de costas quando tropeçou no meio fio do centro da praça e caiu. Tudo isso perante várias pessoas que testemunharam de perto alguns a menos de 2 metros dos tiros”, relatou uma moradora, que não quis se identificar.
Fonte: G1