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SINAL QUÍMICO

Formigas doentes emitem 'pedido de socorro e alerta' para proteger a colônia, revela estudo

Um odor específico alerta as operárias, que eliminam a ameaça antes que a infecção se espalhe

4 de dezembro de 2025
4 min. de leitura
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Foto: Christopher D. Pull / ISTA

Quando uma formiga ainda em desenvolvimento (pupa) é atingida por uma infecção sem chance de cura, ela libera um cheiro específico para alertar o restante da colônia. Esse sinal químico funciona como um pedido de socorro, e também como um aviso de perigo. A descoberta foi feita por pesquisadores do Instituto de Ciência e Tecnologia da Áustria (ISTA) e publicada na revista Nature Communications.

As formigas vivem em grupos altamente organizados, que funcionam quase como um único corpo. Cada indivíduo tem uma função, mas a sobrevivência depende do coletivo. Ao perceber o cheiro emitido pela pupa doente, as formigas operárias passam a agir imediatamente: abrem o casulo da pupa, fazem pequenos cortes e aplicam ácido fórmico, uma substância natural capaz de matar microrganismos.

Esse procedimento elimina o agente infeccioso, mas também acaba matando a pupa. Mesmo assim, segundo a pesquisadora Erika Dawson, primeira autora do estudo, essa “autossinalização” é uma estratégia de proteção da colônia. Ao alertar sobre a própria doença, a pupa ajuda a impedir que a infecção se espalhe e ameace todas as outras.

Os cientistas compararam esse comportamento ao que acontece no corpo humano, quando células doentes emitem sinais para que o sistema imunológico as destrua. No caso das formigas, o cheiro funciona como um marcador: “Esta aqui está infectada e precisa ser eliminada.”

O mais impressionante é a precisão desse sistema. As operárias conseguem identificar uma única pupa doente em meio a muitas saudáveis. Em testes, quando os pesquisadores transferiram o cheiro de uma pupa infectada para uma saudável, as formigas passaram a tratá-la como doente, prova de que o odor específico é o gatilho da reação.

Nem todas as pupas emitem esse alerta. As que se tornarão rainhas têm defesas imunológicas mais fortes e costumam conseguir combater a infecção sozinhas. Já as futuras operárias, mais vulneráveis, são as que “pedem ajuda” por meio do sinal químico. O estudo reforça como a cooperação extrema é essencial para a sobrevivência desses insetos. Para as formigas, preservar a colônia é mais importante do que a sobrevivência de um único indivíduo.

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